Cidades

Moradores de São Sebastião criam grupo que faz aniversários solidários

Ideia do grupo é fazer um dia especial a crianças que não têm condições de receber uma comemoração de aniversário

Fernando Jordão - Especial para o Correio
postado em 17/02/2017 20:01
Ideia do grupo é fazer um dia especial a crianças que não têm condições de receber uma comemoração de aniversário
Se até para adultos o aniversário é uma data oportuna para juntar os amigos e celebrar, para uma criança, uma festa nesse dia tem valor inestimável. Mas e para aquelas cujos pais não têm condições de bancar uma grande comemoração? Foi pensando nelas que 12 moradores de São Sebastião ; que, até então, não se conheciam ; se juntaram e criaram o grupo Aniversário Solidário.

"Uma confeiteira aqui da cidade, chamada Juliana Ferreira, postou em um grupo no Facebook que, em virtude de ter obtido muito sucesso com as vendas, ela iria presentear uma criança que nunca havia tido uma festa com um bolo. A Juliana postou para procurar uma criança e acabou que todos nós abraçamos a causa", lembra Patrícia Nunes, uma das integrantes do Aniversário Solidário. "Cada um doou uma coisa e a gente conseguiu organizar uma festa. Como vimos que a primeira foi boa, criamos um grupo no Whatsapp e pensamos: ;por que não continuar fazendo;"?, completa.

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O primeiro aniversário foi realizado em março de 2016. Desde então, o grupo já organizou outras oito festas. Além de Patrícia, que é empresária, também compõe o Aniversário Solidário a auxiliar administrativa Dayara Silva, a nutricionista Ocirene Moraes, a confeiteira Adriana Ferreira, o empresário Jonathan Pereira e o supervisor de atendimento Alexander Galeno.

Além de recursos do próprio bolso, os organizadores também contam com o apoio de outras pessoas para viabilizar as celebrações. Para atrair doadores, o grupo criou uma página no Facebook que já conta com quase mil seguidores. "A gente já tem alguns doadores fixos. Tem uma, por exemplo, que sai de Sobradinho para vir aqui deixar salgados. Mas a gente não fica cobrando desses que se fidelizaram, porque não queremos que a pessoa tenha a obrigação", explica Dayara.

É também por meio do Facebook que eles selecionam as crianças que receberão as festas. "A gente vai em busca de histórias. É mais pelo histórico de vida do que pela condição social [das crianças]", afirma Jonathan. "Não é porque a vida dela está difícil hoje que ela não pode ter um momento de alegria. O objetivo do projeto é não deixar que as pessoas que não têm muito o que ganhar percam a esperança", acrescenta Ocirene.

Uma das histórias de vida escolhidas pelo grupo foi a da jovem Letícia Karoline da Silva, de 5 anos. Aos 2, ela foi diagnosticada com uma miocardiopatia dilatada grave e precisou fazer um transplante de coração. Coincidentemente, a notícia de que o os médicos encontraram um órgão compatível chegou quatro dias após seu aniversário. À época, quando a garota ainda estava internada, a equipe do Hospital de Base também providenciou uma festa para celebrar a data.

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Passados três anos, com a menina já completamente curada, a mãe de Letícia, Neide Oliveira, viu o Aniversário Solidário bater a sua porta. "Como ainda estava longe da data do aniversário dela [que é em dezembro], eles ficaram de voltar", diz. E voltaram. Voltaram e fizeram uma festa temática, inspirada no filme Frozen, da Disney, com direito até a uma Elsa de carne e osso.
"Foi uma maravilha. Eles fizeram uma festa muito bonita. Se dependesse de mim, não teria como fazer uma assim. A Letícia já até falou que no ano que vem vai querer de novo. É um sentimento muito bom sentir que existem pessoas que ajudam quem precisa. Só Deus para pagar o que eles fizeram pela minha filha e fazem por outras crianças", diz, emocionada, a mãe.

Essa gratidão ; dos familiares e dos aniversariantes ; é o único pagamento que o Aniversário Solidário recebe por seu trabalho. Para eles, no entanto, a recompensa é mais do que satisfatória. ;A gente não tem nenhum pagamento financeiro. É por amor. Às vezes, entre uma festa e outra, bate um cansaço, vamos enfraquecendo, mas quando vemos que deu tudo certo, a gente se motiva mais;, opina Dayara. ;Nosso pagamento é o sorriso e a felicidade da criança;, acrescenta Ocirene. ;A gente percebe que impacta de alguma forma na vida das pessoas. E não é uma coisa que vai ser só naquele momento. Vai ficar para sempre e isso é muito gratificante;, finaliza Alexander.

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