Jornal Correio Braziliense

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Autor de 'Babydoll de nylon', Robertinho de Recife tocará em bloco do DF

O músico pernambucano vai se apresentar na tarde de sábado (25), na Praça do Cruzeiro, a convite da agremiação que o homenageia

"Babydoll de nylon, combina com você. Babydoll de nylon, combina com você." Quem aprecia o carnaval de Brasília sabe onde e quando toca essa música. Ela é o grande hit do bloco Babydoll de Nylon, um dos que mais atrai foliões na capital do país e que sempre se apresenta na Praça do Cruzeiro. Mas, este ano, promete fazer história com um convidado especial. No sábado (25/2), quem tocará a música que dá nome ao grupo carnavalesco é um dos compositores da canção. Os organizadores confirmaram a presença do músico Robertinho de Recife, que fez grande sucesso nos anos 1970 e 1980.
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A música-tema do bloco é uma composição do pernambucano Robertinho de Recife com o baiano Caetano Veloso. A música de versos simples foi criada de maneira despretensiosa, enquanto os dois músicos estavam em uma festa. ;Disse a ele (Caetano): tenho um solo que eu acho meio indígena, meio baiano. Mostrei e, de repente, ele começou a cantar ;babydoll de nylon combina com você;. Perguntei: ;você está tirando sarro da minha cara?; Ele garantiu que não. Disse que babydoll era uma coisa bacana. Aí ela se tornou uma música com essa melodia muito alegre;, contou Robertinho, em entrevista ao Correio no ano passado.
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Como nos anos anteriores, de hora em hora, o bloco dará uma volta pelo balão da Praça do Cruzeiro. Mas, neste ano, o hit que embala o desfile será cantado e tocado por Robertinho (antes, ele saía das caixas de som, por meio de mídia digital de um DJ). "A expectativa é de fazer um carnaval maravilhoso. Com a presença do Robertinho, a galera ficará ainda mais animada", ressalta David Murad, um dos organizadores do bloco.

A expectativa é receber mais de 65 mil pessoas na Praça do Cruzeiro, onde uma estrutura está sendo montada, com tendas e banheiros químicos. Além de Robertinho do Recife, o folião terá como som muitas marchinhas, hits da tropicália e da antiga axé-musica. "Enfim, é um bloco de nostagia", comenta David.

Pop, blues e até metal

A veia eclética de Robertinho de Recife se transformou em uma marca: os bailes dos anos 1960, marcados pela variedade de ritmos, fizeram com que o pernambucano se transformasse um artista de múltiplas referências ; de Led Zeppelin a Caetano Veloso ; artista responsável por criar em parceria com o pernambucano a música Babydoll de Nylon, hit praticamente imortalizado pelo bloco de carnaval homônimo que levou 70 mil brasilienses às ruas em 2016.

A variedade de ritmos que já passaram pela guitarra de Robertinho de Recife, como jazz, blues, country e MPB vem de sua formação musical desde os 11 anos. ;Minha mãe era cantora e comecei a acompanhá-la pela noite. Ela cantava boleros, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves e muitos outros artistas. Era uma pessoa muito versátil;, destaca Robertinho, que na adolescência, ao lado de uma banda que tocava em bailes passou a ter contato com ritmos de diversos países como França, Itália, Espanha e Argentina.

[SAIBAMAIS];Era uma coisa rica. Aliado a isso tudo tínhamos o forró, o frevo, o maracatu e o baião. Isso tudo entra num liquidificador grande e dá essa mistura maravilhosa;, afirma o artista que já integrou bandas de Alceu Valença e Geraldo Azevedo e já gravou com Fagner e Agnaldo Timóteo.

A escolha pela guitarra chegou cedo: os dedos pequenos de Robertinho o desafiavam a tocar instrumentos como sanfona e piano. Depois de ser atropelado aos 11 anos, ele ficou por seis meses na cama e um ano sem poder andar. Nesse período, assistir a tevê era sua salvação. ;Quando vi os Beatles tocarem pela primeira vez me apaixonei mais pelo som da guitarra do que por eles;, relembra o pernambucano em tom bem-humorado que afirma que o instrumento tem o poder de o fazer ;voar e entrar em estado Alfa;.

Dentro do universo da composição, Robertinho de Recife estuda e cria arranjos musicais. Para o artista, o conhecimento plural de ritmos o ajuda a identificar o que diferencia e o que une um estilo ao outro, a exemplo do ;encontro; da música indiana com a nordestina. ;Esse conhecimento me ajuda muito na hora em que estou compondo. Já me acusaram de não ter um estilo. Eu não tenho apenas um estilo, eu tenho todos;, comenta o artista, que se apresenta no festival de heavy metal Metal Pesado Brasileiro.