Cidades

Quadrilha usa nome e registro da OAB de advogados do DF para aplicar golpes

Uma das vítimas chegou a depositar quase 24 mil reais na conta da quadrilha antes de descobrir que se tratava de uma fraude

postado em 25/02/2017 17:00
Uma das vítimas chegou a depositar quase 24 mil reais na conta da quadrilha antes de descobrir que se tratava de uma fraude
Uma quadrilha tem tentado arrancar dinheiro enviando cartas para vítimas de todo o Brasil, informando sobre o direito a uma suposta indenização. O golpe é antigo: os criminosos informam que, para sacar a quantia, a pessoa deve pagar pelos custos do processo e pedem um adiantamento. Na teoria, a vítima paga e os golpistas, que estão atuando em todo o país com nomes de advogados de Brasília, somem com o valor depositado e partem em busca de novos pagantes para sustentar o esquema.
Andrea Paes Leme é uma das advogadas que teve o nome e o registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) usados pela quadrilha para roubar. Segundo ela, familiares de pessoas enganadas pelos criminosos entraram em contato por meio de uma rede social para perguntar sobre a indenização. "Em dezembro, eu estava em casa e uma pessoa me mandou uma mensagem pelo Facebook, perguntando se eu era advogada. Eu fiquei meio cabreira, porque eu não sabia quem era, mas fiquei dando corda e fui percebendo que a pessoa estava me procurando porque a mãe dela havia sido vítima de um golpe. No final das contas, ela se convenceu de que eu era tão vítima quanto a mãe dela e me mandou toda a documentação, a carta e o envelope. A mãe dela depositou quase 24 mil reais para a quadrilha, então eu queria saber se eles tinham aberto conta em meu nome", relatou Andrea.
Uma das vítimas chegou a depositar quase 24 mil reais na conta da quadrilha antes de descobrir que se tratava de uma fraudeAtualmente, Andrea trabalha no serviço público federal e não advoga mais. Ela registrou o caso na 5; Delegacia de Polícia, na área central de Brasília e precisou voltar para atualizar a ocorrência. "O primeiro contato era de uma senhora de Curitiba. Depois, eu recebi uma ligação de uma pessoa do Rio de Janeiro falando que a sogra havia recebido uma correspondência de uma associação e que estava meu nome lá, dizendo que eu sou a gerente jurídica dessa associação e que essa pessoa teria um dinheiro para receber, mas teria que pagar 8 mil reais. Eu informei que era uma fraude e pedi para me mandar as cópias do que a sogra dele havia recebido", conta.

A funcionária pública diz que notificou o ocorrido ao Conselho Federal da OAB e, segundo ela, foi informada de que a única medida que poderiam tomar era comunicar às seccionais da Ordem. "Qual a efetividade disso? Nenhuma", questiona.

O Conselho Federal da OAB informou que a competência para cuidar do caso é da respectiva seccional onde Andrea está registrada.
A Plícia Civil informou que a ocorrência envolvendo a advogada trata-se de crime de estelionato e foi registrada em dezembro de 2016 e editada no último dia 23, devido a fatos novos. A ocorrência foi encaminhada à Seção de Investigação, porém, durante o carnaval, as delegacias estão trabalhando em regime de plantão e somente após o término do recesso a polícia conseguirá avançar nas investigações.

Outra vítima

Uma das vítimas chegou a depositar quase 24 mil reais na conta da quadrilha antes de descobrir que se tratava de uma fraude
Guilherme da Hora Pereira, advogado especializado em atender sindicatos, é outra vítima da quadrilha. No caso de Pereira, o contato é mais fácil, pois ele ainda advoga e tem um site e um escritório de advocacia em Brasília. Pereira recebeu ao menos cem ligações de pessoas que haviam recebido correspondências sobre um suposto direito a uma indenização. Ele alertou a todos que o procuraram de que a carta era uma tentativa fraudulenta que a quadrilha arquitetou para ganhar dinheiro.

"Uma pessoa veio de São Paulo para Brasília para tentar sacar o dinheiro, conseguiu entrar em contato e eu a alertei. Ela já estava no aeroporto de Brasília quando eu disse que se tratava de um golpe", diz o advogado.

Uma das vítimas chegou a depositar quase 24 mil reais na conta da quadrilha antes de descobrir que se tratava de uma fraudePereira afirma que ver seu nome sendo utilizado por uma organização criminosa traz prejuízos a sua imagem. "Se isso repercute de alguma forma, mancha a minha imagem. Isso pode prejudicar também o meu escritório", finaliza. O advogado também registrou o caso na 5; DP.

Segundo Guilherme Pereira, o perfil das vítimas é de pessoas aposentadas ou filhos de aposentados. Para ele, os alvos podem ser escolhidos com base em vazamentos de dados de algum órgão público ou associações às quais essas vítimas já estiveram ligadas.
Uma das vítimas chegou a depositar quase 24 mil reais na conta da quadrilha antes de descobrir que se tratava de uma fraude

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