Cidades

"Nunca vou me esquecer", diz homem que encontrou corpo de jovem degolada

Assustado, o morador da região ligou para a polícia e acompanhou todo o trabalho da perícia

Isa Stacciarini
postado em 03/03/2017 06:00
Assustado, o morador da região ligou para a polícia e acompanhou todo o trabalho da perícia
O corpo da técnica de enfermagem Talita Moreira Souza, 18 anos, morta no último domingo (26/2), estava com um saco preto na cabeça quando foi encontrado em Samambaia, por um homem que passava pelo local. A vítima foi degolada e estava sem documentos de identificação. A jovem só foi reconhecida por familiares no Instituto de Medicina Legal (IML) no dia seguinte.
O homem que localizou o corpo pediu para não ser identificado com medo de represálias. Ele contou ao Correio que passava pelo local no domingo à tarde, de carro, com a mulher, para pegar lenha. Quando parou o veículo, ele atravessou para o lado oposto da estrada e encontrou rastros no chão. ;Quando me aproximei, deparei-me com o corpo jogado no capim. Levei um susto, porque foi uma coisa horrível;, contou. Talita vestia casaco rosa, camiseta branca e tênis preto. Em seu bolso, uma nota de R$ 10.

[SAIBAMAIS] Assustado, o morador da região ligou para a polícia e acompanhou todo o trabalho da perícia. Ele ressaltou que tinha rastros de chinelo no chão, o que poderia ajudar nas investigações, mas a chuva que caiu no domingo à tarde havia apagado as marcas. "Passo todo dia por ali no fim da tarde porque moro no acampamento próximo. Nunca mais vou me esquecer do que vi", lamentou.
O delegado-chefe da 32; Delegacia de Polícia (Samambaia), Júlio César de Oliveira Silva, explicou que policiais conduziram o ex-namorado da vítima, o principal suspeito de ter cometido o crime, para prestar depoimento ainda no domingo. Segundo o investigador, ele negou qualquer envolvimento na tragédia. "Estamos na fase de colher elementos para poder fundamentar os trabalhos. Em razão das ameaças que ele fazia à vítima, há indícios de que ele possa ter participação, mas dificilmente uma pessoa participou desse ato sozinha;, ressaltou. ;Provavelmente, ela foi morta em um local e abandonada às margens da BR-060. Para fazer isso, possivelmente um carro foi utilizado;, avaliou Júlio César, que comanda as investigações.

Entenda o caso

Talita saiu de casa por volta das 6h de domingo. Ela atuava como profissional de saúde em um hospital particular no fim da Asa Norte. Preocupada porque a filha não voltou para casa após o plantão, das 7h às 19h, a mãe registrou ocorrência do desaparecimento à noite ; nesse momento, o corpo de Talita havia sido localizado, mas estava sem documentos. Segundo a Polícia Civil, a chefe de Talita contou à mãe que a jovem nem sequer chegou à unidade de saúde. Angustiada, ela procurou a 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas).
À polícia, a mulher contou que o namoro da filha terminou havia poucos meses. Segundo ela, a jovem relatava que o ex era "muito ciumento, tendo, inclusive, já declarado que, se Talita não fosse dele, ela não seria de mais ninguém". Na ocorrência, consta, ainda, que a mãe chegou a ouvir uma conversa no celular da filha, na qual o ex-namorado ofendia a jovem. "Ressalta, por fim, que, para ver cessada a perseguição, Talita mudou várias vezes o número de seu telefone, mas sem sucesso", conclui o registro.

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