Cidades

Policiais civis vão às urnas para escolher a presidência do sindicato

Cerca de 6,5 mil sindicalistas vão participar, amanhã, das eleições para a presidência do sindicato que representa a categoria, o Sinpol-DF. Seis chapas estão inscritas para concorrer ao comando da entidade

Isa Stacciarini
postado em 06/03/2017 06:00
A corporação tem grande força política, com representantes na Câmara Legislativa e no Congresso Nacional. A negociação salarial com o governo é o principal tema da campanha
Em meio à queda de braço entre policiais civis e a base governista por causa das negociações salariais que pouco avançaram, agentes da corporação se preparam para ir às urnas amanhã. Eles vão escolher os novos representantes da categoria pelos próximos três anos. Seis chapas concorrem à presidência do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), uma das entidades com mais força política no Distrito Federal. Com representantes na Câmara Legislativa, no Congresso Nacional, aliados no Executivo local e apoio de ex-parlamentares, o grupo do atual presidente, Rodrigo Franco, o Gaúcho, enfrenta o risco de perder o poder.

Insatisfeitos com a articulação da gestão atual, policiais estão divididos sobre quem vai representar a entidade sindical no triênio 2017/2020. Uma coisa, no entanto, é certa: a classe está insatisfeita com a postura de radicalização, com greve e paralisações. Entre as chapas, estão aquelas ligadas ao deputado distrital Wellington Luiz (PMDB), que é ex-agente e já presidiu a entidade, as que são governistas e as alinhadas com delegados e ex-parlamentares, como o caso do ex-distrital Alírio Neto (PTB). Cerca de 6,5 mil policiais estão aptos a votar.


Wellington Luiz garante que não vai se envolver diretamente com a disputa, mas a Chapa 40, encabeçada por Antônio Marcos Cosmo, é uma das que têm o apoio do distrital. Uma semana antes da composição dos grupos, Cosme estava junto de Jefferson Furtado, candidato à presidência pela Chapa 10. Mas houve uma cisão. Nos bastidores, circula a informação de que um não aceitou ser vice do outro.

Jefferson explicou que o rompimento com Cosme aconteceu apenas por divergência de ideologias. Ele alegou, ainda, que a dupla chegou a fazer algumas reuniões, mas ainda não estava definido quem seria a cabeça da chapa. ;Não temos nenhuma ligação com parlamentar, confederação, federação, nem escritórios advocatícios. Somos 18 policiais civis que se reuniram para apresentar uma proposta e brigar pela paridade com o reajuste da Polícia Federal. Consideramos isso inegociável;, defendeu. ;Vamos brigar pelo respeito aos aposentados e pela devida lotação dos agentes de custódia na Polícia Civil, porque eles foram abandonados na Subsecretaria do Sistema Penitenciário;, acrescentou.

Já Cosmo, o mais novo na carreira de policial civil entre todos os concorrentes, defende a busca do diálogo com grupos políticos. A Nova Central Sindical tem apoiado, indiretamente, a Chapa 40, com distribuição de material de campanha. Ele propõe a recomposição da articulação política do sindicato e a reestruturação com a base parlamentar para reconquistar a paridade com a PF. ;Na contramão disso, a atual gestão fechou os canais de negociação e dificultou o diálogo com nossos interlocutores;, avaliou. Sobre ter apoio do deputado Wellington Luiz, Cosmo alegou não ter inimigos políticos. ;Temos que procurar o diálogo com todos aqueles que puderem ajudar.;

A disputa deste ano também ficou marcada pela ruptura entre Gaúcho e o vice, Renato Rincon. Com a quebra da união, Rincon deixou, inclusive, de ter direito ao abono classista previsto pela lei trabalhista. A atual gestão concorre à reeleição na Chapa 30 e Rincon, na 60. Na visão do atual presidente, o discurso de falta de articulação política é falso.

Na avaliação dele, o Sinpol-DF é a única entidade representativa de classe que tem negociado com o governo, com a participação de deputados. ;Hoje temos um sindicato pluripartidário. Vamos dar continuidade a uma luta pela valorização da categoria. A nossa principal bandeira, neste momento, é a manutenção da paridade com a Polícia Federal e a valorização profissional por meio do reconhecimento de nossas atribuições em nível superior;, ressaltou. Ele alegou, ainda, que não houve rivalidade com o vice. ;Ele resolveu desenvolver um projeto pessoal;, acrescentou.

Rincon diz que pretende romper o ;isolamento político;. Por isso, nos bastidores, circulam rumores de que a Chapa 60 é mais governista. Ele nega e diz defender a manutenção da independência do sindicato. A composição tem entre os apoiadores o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Ibaneis Rocha. Para Rincon, a atual gestão isolou-se politicamente. ;Tínhamos o mais forte sindicato do país. Concordamos com a independência, mas ela não pode ser confundida com isolamento. Por isso, defendemos uma forte interlocução política em todas as esferas de poder;, ressaltou.

Alinhamento

A Chapa 20, encabeçada pelo agente aposentado Alceu Prestes de Mattos, vem do grupo conhecido como Churrascanas. Um dos coordenadores de campanha é o delegado Geraldo Nugoli. A chapa é alinhada com o ex-deputado e policial Alírio Neto, que chegou a emplacar Alceu como diretor do Instituto de Identificação da Polícia Civil. Ele nega o apoio do ex-distrital na campanha. ;Queremos resgatar a dignidade do policial civil que passa por dificuldade, principalmente em relação às outras categorias que já tiveram seus problemas resolvidos. A Constituição Federal estabelece que a Polícia Civil é da União, mas sempre estamos com problema por falta de uma Lei Complementar;, destacou.

Na Chapa 50, o candidato à presidência é Francisco Pereira de Sousa, o De Sousa, atual presidente da Associação-Geral dos Policiais Civis (Agepol). Nas últimas três eleições do Sinpol, ele ficou em segundo lugar. ;Vemos que o sindicato perdeu o lema da nossa chapa, que é agregação, articulação e avanço. Os cargos que compõem a Polícia Civil estão desagregados em razão da política instituída pela atual gestão do sindicato.;

Servidores e sindicalizados
A categoria possui 4.760 policiais na ativa e 3.534 aposentados. Do total, 6,5 mil são sindicalizados, entre funcionários ainda em serviço e os inativos. A entidade representativa de classe cobra R$ 91 de mensalidade dos sindicalizados.

Serviço
As eleições ocorrem nesta terça-feira, das 9h às 18h, nos prédios do sindicato na Asa Norte e em Taguatinga e, também, no Departamento de Polícia Especializada (DPE) e nas unidades que funcionam como Centrais de Flagrante: 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), 5; DP (Setor Central), 6; DP (Paranoá), 13; DP (Sobradinho), 20; DP (Gama), 21; DP (Taguatinga Sul), 23; DP (Ceilândia ; P Sul), 29; DP (Riacho Fundo) e a Delegacia da Criança e do Adolescente na Asa Norte (DCA I). A apuração dos votos será na Associação-Geral dos Policiais Civis (Agepol) e o resultado sai no mesmo dia. Se houver segundo turno, a votação já está marcada para 21 de março.

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