Paula Pires - Especial para o Correio
postado em 07/03/2017 12:21
Muitas críticas e algumas propostas foram feitas na audiência pública promovida pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Público do Distrito Federal (Adasa) nesta terça-feira (7/3). O objetivo da reunião foi colher contribuições para a resolução que definirá o uso dos recursos arrecadados com a tarifa de contingência que vem sendo cobrada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) devido à crise hídrica.
Mais de 80 pessoas participaram da reunião promovida pela agência. Entre os presentes estavam estudantes e professores do ensino médio da rede pública do Distrito Federal, representantes da sociedade civil, assessores parlamentares e o corpo de técnicos e diretores do órgão.
Uma das propostas lançadas pelo assessor parlamentar do gabinete do deputado Joe Valle (PDT), Diogo da Matta Garcia, é a garantia de que 10% do total de recursos arrecadados serão destinados à educação ambiental. "Também consideramos primordial a implantação de estruturas de sinalização e interpretação ambiental em áreas protegidas, unidades de conservação, nascentes, matas ciliares e demais áreas necessárias à preservação de recursos hídricos", acrescentou.
A professora de língua portuguesa Mayssara Reany de Jesus propôs que parte da verba da tarifa de contingência seja destinada ao consumo consciente de água para o setor de agronegócio, como também que sejam feitos investimentos para a preservação de nascentes. "Há mais de 15 anos, brota água de uma nascente em frente ao CEF 01, em Brazlândia. A Adasa, o Ibram e a Caesb nunca tomaram providência alguma e a população faz uso dela para a lavagem de carros", advertiu.
A vice-presidente da Associação de Profissionais de Engenharia Ambiental do Distrito Federal, Bruna Sousa, interrompeu a reunião e bradou. "É a terceira vez que a Adasa faz uma audiência pública e não temos o retorno imediato da agência", protestou.
Segundo o superintendente de Estudos Econômicos e Fiscalização Financeira da Adasa, Cássio Cossenzo, todas as contribuições serão levadas em consideração. Cossenzo disse que até 25 de março a agência dará uma definição sobre a destinação da verba da tarifa de contingência. "Uma equipe técnica e a direção do colegiado se reunirão para bater o martelo. Entre as propostas já analisadas, estão: campanha de conscientização para o uso d;água, investimentos e custos em novos projetos e para a redução de perdas."
Entretanto, ele também considerou que "a própria concessionária tem o conhecimento técnico melhor sobre o que deve ser aplicado".
[SAIBAMAIS]Para o representante do Fórum Permanente em Defesa do Parque Ezequias Heringer, José Gurgel, o povo continua pagando pela falta de planejamento do governo. "Em dois anos e meio, a Caesb não fez sequer um projeto para evitar a falta de água. Caminhão pipa? Vamos voltar à idade da pedra?", questionou.
No meio do seu discurso, ele ironizou a atuação conjunta da Adasa e da Caesb. "Com este dinheiro da tarifa de contingência, daria para comprar água mineral para toda a população do Distrito Federal", ironizou. Gurgel não considera que essa audiência pública vá resolver de maneira transparente como gastar o dinheiro da tarifa de contingência. "Isso não adianta nada. Teria de ser realizada uma audiência deliberativa", comentou.
Para o professor aposentado Klecius Oliveira, o governo quer que o consumidor pague, mas não leve a água. "A população está sendo duplamente punida: tanto pela falta d;água como pelo pagamento da taxa", analisou. Klecius questionou a ingerência do governo sobre a questão da crise hídrica. "Ou é incompetência ou é má fé. A população uma hora vai se revoltar com tudo isso", afirmou.
Até as 17h de 13 de março de 2017, os cidadãos poderão enviar contribuições para a redação da resolução. Isso pode ser feito pelo endereço eletrônico AP_002_2017@adasa.df.gov.br ou ser remetido por correspondência endereçada ao Protocolo Geral da Adasa. Mais informações estão disponíveis no site da Adasa.