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Não é por acaso que Nyedja Gennari, 40 anos, foi dominada pela paixão por contar histórias. Desde criança, ela era fascinada pelo mundo da imaginação. Formada em ciências da educação e especializada em literatura, a artista lecionou durante 23 anos no ensino fundamental. Mas, ao longo do tempo, percebeu que seu caminho era mesmo contar histórias. É dessa forma que ela hipnotiza crianças e adultos, oferecendo à plateia crônicas, mitos, contos, fábulas, lendas e narrativas do dia a dia.
Ainda como professora, Nyedja exercitava o hábito de contar história para os alunos. Percebendo os bons resultados na escola, decidiu se aventurar além da sala de aula. ;As histórias passaram a brotar tão naturalmente em mim que, hoje, sinto poder passar o dia todo contando textos diferentes;, comenta.
Foi nos anos 2000 que ela iniciou suas apresentações, em locais como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e shoppings do Distrito Federal. A experiência permitiu encontros inesquecíveis, como o com Lia, uma menina com síndrome de Down que redirecionou o trabalho de Nyedja. ;Ela começou a ir todos os sábados para ouvir as histórias. Nesse momento, comecei a me envolver. A mãe da Lia convidou outras crianças com deficiência para ir à apresentação. Daí, comecei a fazer histórias direcionadas para esse público;, conta.
Cada vez mais envolvida nesse universo, Nyedja concebeu a história O mundo de Samuel, inspirada em um aluno seu, diagnosticado com autismo. ;Descobri que menos era mais e comecei a ter recursos para esse tipo de público. Passei a mudava a voz e os sons para manter a atenção deles;, explica a contadora.
Dedicação
Além de criar as próprias histórias, a artista reconta e adaptada aos tempos atuais narrativas clássicas, apresentando-as com figurino e cenografia criados e confeccionados por ela especialmente para a ocasião. ;Misturo e invento personagens, mudo detalhes das antigas histórias que possam carregar preconceitos ou ideias que não precisam ser reproduzidas. É assim que componho as histórias com que trabalho no dia a dia; comenta.
Com um repertório extenso, Nyedja ainda invoca temas da atualidade, questões sociais e relações humanas. ;Cada vez que subo em um palco ou tenho a oportunidade de me apresentar para um grupo, sei que estou fazendo o papel de multiplicadora e que todos os que estão me vendo podem fazer o mesmo;, convida.
Uma grande alegria da artista é levar sua experiência para todos que se interessam.
Assim, já participou de eventos em países da América Latina, como Colômbia, Argentina, Costa Rica e Guatemala. ;Cada história pode levar inúmeros ensinamentos e emoções a cada pessoa, dependendo da forma como isso é explorado. Basta entender como manipular as palavras e as ideias;, conclui Nyedja.
Estagiária sob supervisão de Humberto Rezende.