Paula Pires - Especial para o Correio
postado em 11/03/2017 08:00
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A cerveja artesanal caiu nas graças e no gosto do consumidor. Aberto a experimentar novos sabores, o brasileiro começa a mudar de hábito. Cansado das marcas massificadas, ele migra para o mundo das produções manufaturadas. Com isso, a ;loira gelada;, preferência nacional nos bares, tem perdido a majestade. O estilo pilsen, que reinou absoluto durante muito tempo, perde cada vez mais espaço diante das novidades artesanais, que apresentam milhares de rótulos com inéditas receitas e novos aromas.
Não é por acaso que os negócios das microcervejarias, em especial no DF, estão em desenvolvimento. O mercado passou a ser levado tão a sério que concursos premiam as melhores. É o que ocorrerá, hoje, no X Bier Hub Festival. O evento, que será realizado no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, apresentará ao público cinco cervejas feitas por mestres-cervejeiros caseiros do Distrito Federal.
O Correio é parceiro do festival e estará no evento distribuindo brindes para o público. Promotoras do jornal circularão pela festa e quem curtir as nossas redes sociais na frente de uma delas ganha, na hora, um exclusivo copo personalizado.
Ao lado de um júri especializado, o público ajudará a escolher o que se faz de melhor por aqui. O vencedor produzirá a receita em larga escala, que será distribuída em todo o Brasil em junho. Dois concorrentes da disputa revelaram ao Correio detalhes das suas cervejas. Amigos desde os tempos de Universidade de Brasília (UnB), o professor de física Gabriel Magno, 30 anos, o tradutor Pedro Borges, 31, e o professor de história João Leonel, 30, buscam novos caminhos profissionais. Por isso, criaram o rótulo Veredas no fim de 2014. A produção é feita na casa de Gabriel, no Jardins Mangueiral. ;A ideia inicial surgiu quando fazíamos um churrasco;, contou Pedro.
O grupo elaborou cinco estilos ; kolch, stout, IPA, red ale e dubbel, que variam entre 4,5% e 7,5% de teor alcoólico. As receitas ficam escritas em um quadro-negro, próximo às panelas usadas para a produção. O trio acompanha cada etapa do processo. ;Além de dar muito trabalho, não podemos errar em nenhum momento, porque um mínimo de desacerto pode prejudicar uma produção inteira;, ressaltou João.
O químico industrial Eduardo Neves, 35, criou a Embuarama na casa onde mora, no Grande Colorado. Ele conta com a ajuda de Nilton Takahashi. ;Aprendi o ofício de cervejeiro quando trabalhei na Ambev entre 2009 e 2014. Passei a produzir em uma panela em 2012. A primeira não ficou boa. A segunda começou a melhorar. Foram muitas tentativas e erros até eu acertar em cheio;, comentou. Eduardo faz mestrado em química na UnB. ;A pesquisa, com previsão de ser concluída no fim deste ano, matura uma cerveja estilo lager em cinco tipos de madeira: carvalho, cedrinho, jequitibá, amburana e bálsamo;, disse.
Oportunidade
Na competição de hoje, concorrem cinco marcas: a Embuarama apresenta uma IPA com graduação alcoólica de 6,7%; a Veredas revela uma red ale (5,4% de álcool); a Brew Toad submete ao júri uma stout, com 5,65% de álcool; a Uma Beer Rock, uma IPA (7,5%); e a Valkyrja, uma witbier (5%).
O evento também contará com a venda de cervejas artesanais das seguintes cervejarias: Ópera, Urbana, Tarantino, Criolina, Micro X, Avós e Dádiva. E revelará novidades como a SunBrew (Brasília), a Mindu Bier (Salvador) e a El Roboto Bier (SP), cervejarias aceleradas pelo Bier Hub.
Programe-se
X Bier Hub Festival
Local: Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
Quando: hoje
Horário: das 13h às 19h
Ingresso: R$ 20
Sites para compra: www.bierhub.co/degustacao e xbierhubfestival.eventbrite.com
Entrada: 18 anos
Site: www.umabeer.com
Facebook: umabeer.artesanal
Instagram: @uma.beer
Curiosidades
A cerveja foi trazida para o Brasil com a família real portuguesa em 1808.
A Cervejaria Canoinhense é considerada a mais antiga do Brasil. Foi fundada em 1908, em Santa Catarina, e funciona até hoje.
O início da cervejaria artesanal aconteceu na década de 1990. Em 1993, foram abertas a Dado Bier, em Porto Alegre; o Fritz, em Sumaré; e a Cervejaria Colorado, em Ribeirão Preto. Em 1995, a Krug Bier foi inaugurada em Belo Horizonte. Em 1997, foi lançada a Cevada Pura, de Piracicaba, seguida pela Baden Baden, de Campos do Jordão (1998), pela W;ls, de Belo Horizonte (1999) e a Amazon Beer, de Belém (2000).
Terceiro maior mercado consumidor de cerveja do mundo, o Brasil tem 519 cervejarias registradas, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Estima-se que existam mais de 200 microcervejarias no país.
O presidente da Associação dos Cervejeiros Artesanais do Distrito Federal (Acerva Candanga), Flávio Barboza, afirma que Brasília conta com duas microcervejarias registradas: a JinBeer, localizada em Vicente Pires, e a Máfia Beer, em São Sebastião. ;Além delas, há mais nove produtores que trabalham no formato de sistema de produção cigana. Para baratear custos e viabilizar a produção, esses cervejeiros se associaram a fábricas para fazer a própria bebida, utilizando estruturas de outras empresas com unidades de produção próprias consolidadas;, explicou.