Cidades

Pais estão preocupados com ameaça de superbactéria em UTI neonatal do Hmib

O GDF confirma que dois recém-nascidos estão com o micro-organismo na pele

Luiz Calcagno
postado em 12/03/2017 08:53
Flávia Augusta esteve ontem no Hmib com filho de 9 meses:
A superbactéria Serratia, que matou pelo menos um bebê na UTI neonatal do Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib), ameaça o Distrito Federal. O perigo de novos surtos dependerá, principalmente, da atuação das equipes de prevenção e do isolamento dos bebês na unidade da Asa Sul. Ontem, a Secretaria de Saúde confirmou a colonização do micro-organismo resistente a antibióticos em outros dois recém-nascidos do local. Um deles foi transferido, pois tinha cirurgia marcada no Instituto de Cardiologia. O micróbio presente no corpo de quase todas as pessoas, mas se torna mais agressivo em recém-nascidos, principalmente os prematuros, que estão abaixo do peso.

No total, 32 crianças estão internadas e isoladas na UTI do Hmib. A expectativa é de que novos resultados de colonização de bactérias saiam até a próxima terça-feira. ;Esse tipo de evento surge sazonalmente. É inevitável. E a medida de contenção tem de ser radical. A meu ver, (os médicos) estão tomando a medida certa. A forma mais comum de transmissão ocorre quando equipes médicas se permutam nos cuidados dos bebês. Em casos assim, elas têm de ser isoladas também. Cada uma tem de cuidar de um recém-nascido;, alertou o professor de medicina e especialista em saúde pública Roberto Bittencourt.

[SAIBAMAIS]Os dois novos diagnósticos de colonização ocorreram na quinta e na sexta-feira. A subsecretária de Assistência Integral à Saúde, Martha Vieira, explica que todos os cuidados possíveis são tomados. Segundo ela, todos os bebês internados que estavam no Hmib, ;especialmente os que estavam mais próximos do que morreu com a infecção;, passam por exames. Com os resultados dos testes, profissionais dirão se eles apresentam colônias da Serratia na pele. ;A colonização não é o mesmo que infecção. Os bebês que estão colonizados não estão doentes por causa da bactéria. O risco é ela saltar de um para outro, até um recém-nascido que esteja em uma condição mais fragilizada e que pode desenvolver um quadro infeccioso. Por isso, estão isolados, e as equipes também;, revelou.

Como um dos pacientes foi transferido, Martha afirma que, hoje, há um bebê colonizado por bactéria na UTI do Hmib. ;Outros três morreram. O primeiro, não tivemos como determinar se estava relacionado com a superbactéria. O segundo, os exames deram positivo. E o terceiro, até agora não conseguimos comprovar. Por medida de segurança, temos de partir do pressuposto de que todos foram infectados.; O bebê colonizado está bem, mas isolado como os demais. ;Estamos alertas. Além disso, embora tenhamos crianças em estado grave, nenhuma piorou por causa da infecção;, concluiu a subsecretária.

O Correio esteve ontem na emergência pediátrica do Hmib. O clima é de preocupação. A moradora de Planaltina de Goiás Joelma Ramos Santos, 21, buscou a unidade por causa das tosses do filho, Hugo, 3. ;Ele está gripado. Senti que tinha de vir, mas vim com receio;, admitiu. Flávia Augusta, 25, saiu de Valparaíso com o filho, Arthur Matias, 9 meses. ;Ele tem uma ferida que não sara. Normalmente, em casos assim, a gente fica com medo de vir para o hospital. Não quero que ele pegue uma doença. Com essa bactéria, a preocupação é ainda maior;, reconhece.

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