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MPDFT promove audiência pública para debater a crise hídrica

O Ministério Público alertava sobre uma possível crise hídrica desde o começo dos anos 2000, segundo promotora. Rollemberg participou do evento e disse que governo pretende instalar hidrômetros em ocupações irregulares

Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 14/03/2017 11:56
Participaram do evento os presidentes da Câmara Legislativa, da Caesb e da Adasa
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) promove, nesta terça-feira (14/3), audiência pública para debater a crise hídrica no DF. A abertura da mesa teve a presença do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), e do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT). Durante todo o dia, especialistas, promotores de justiça e representantes de órgãos públicos, como o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), Maurício Luduvice, e o da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), Paulo Salles, responderão a perguntas do público.

Na abertura da mesa, a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente Marta Eliana de Oliveira evidenciou que o MPDFT faz recomendações para que o GDF tome providências sobre uma possível crise hídrica desde o começo dos anos 2000. "Essa situação não aconteceu de uma hora para outra. Assim como neste ano, fizemos recomendações sobre o racionamento de água, vínhamos fazendo anualmente, desde 2000, quando pesquisas já mostravam que o DF tinha a terceira pior média nacional de nível de água por habitante", relatou.
O cenário era de alerta, e todos palestrantes evidenciaram o quão grave está a situação hídrica da capital. O governador Rodrigo Rollemberg reforçou dados que mostram a crise e relatou que o problema vem sendo passado de governo a governo. "A crise hídrica vem gerando um custo político muito grande. Estamos há anos sofrendo com ocupação de solo irregular, mas, hoje, não cabe tentar buscar um culpado. Estamos todos no mesmo barco e, para navegar, precisamos de água", relata. Em 10 minutos de discurso, o governador ainda adiantou os próximos passos para conter a crise. "Estamos discutindo instalar redes de água e hidrômetros nas ocupações irregulares para, assim, termos controle sobre o gasto nas regiões", afirmou.

Participaram do evento os presidentes da Câmara Legislativa, da Caesb e da AdasaA presidente da Associação Descoberto Coberto, Rosany Jakubonski, concordou com a fala do governadore relatou os problemas gerados pela ocupação irregular em Brazlândia. "Em alguns fins de semana, a cidade parece um mercado, com diversas faixas vendendo lotes em locais irregulares a preço de banana. E isso, ainda tão próximo a APA (Área de Preservação Ambiental) do Descoberto, é bastante negativo para a situação da bacia", explica.
Rosany ainda alertou que os agricultores estão sendo os que mais sofrem com a crise. "Segundo nova resolução da Adasa, temos que cortar nossa captação de água pela metade. E isso pode trazer ainda mais problemas, causando uma crise de alimentos e social, pois a região de Brazlândia, por exemplo, tem grande parte da população trabalhando no ambiente rural", alerta.

Níveis críticos

Para ajudar a conter a crise hídrica, foi decretado cronograma de racionamento nos dois primeiros meses do ano. Tanto as regiões do DF abastecidas pelo reservatório do Descoberto quanto aquelas que recebem água da de Santa Maria estão ficando um dia por semana sem água. Especialistas alertam sobre a possibilidade de esse tempo dobrar. Na manhã desta terça-feira (14), o reservatório do Descoberto registrava 43,60%, enquanto o de Santa Maria marcava 47,56%.
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer

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