Cidades

Funcionárias da TM Medical são ouvidas no processo da Máfia das Próteses

Na audiência de instrução do processo da Operação Mister Hyde, Rosângela Silva de Sousa disse que lacres de materiais eram trocados pelo de produtos de qualidade superior para aumentar o faturamento da empresa

Adriana Bernardes
postado em 15/03/2017 11:09
Esquema criminoso foi desmontado por operação da Polícia Civil e do MPDFT
A vendedora Rosângela Silva de Sousa está sendo ouvida desde o início da manhã desta quarta-feira (15/3), em audiência de instrução do processo da Operação Mister Hyder, que investigou a chamada máfia das próteses no Distrito Federal. No depoimento dado ao juiz da 2; Vara Criminal de Brasília, Paulo Marques da Silva, do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), a então instrumentadora cirúrgica da TM Medical detalhou que, em algumas ocasiões, foi orientada a trocar os lacres de alguns produtos cirúrgicos, como brocas e parafusos, para garantir maior faturamento à empresa.
A TM Medical é a principal empresa envolvida no esquema criminoso desmontado pela ação da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) em setembro do ano passado. O procedimento de troca de lacres era feito em boa parte das cirurgias, segundo o depoimento de Rosângela. Era usado um lacre falso confeccionado em gráficas para garantir o repasse do dinheiro por parte do plano de saúde. Ainda de acordo com a instrumentista, além desse procedimento, os médicos tinham o costume de informar às operadoras de saúde que fariam um determinado procedimento apenas para onerar ainda mais o plano de saúde.
A instrumentista foi uma das três investigadas que tiveram a delação premiada homologada. Na ocasião, ela detalhou que os médicos que participavam do esquema recebiam propina que varia de 15% a 30% sobre o valor dos produtos vendidos. Em depoimento ao TJDFT hoje, ela detalhou que participou de diversos procedimentos em que foram feitas as trocas de produtos. "Falava-se que usaria tal broca para o plano de saúde, mas, na verdade, se usava outra. Creio eu, para faturar mais", disse.
[SAIBAMAIS]Também será ouvida hoje Naura Rejane Pinheiro da Silva, que chegou a ser mantida presa preventivamente por manter diálogos com funcionários da empresa. Ela foi a única entre as funcionárias que não aceitou o acordo de delação.

Mister Hyde

A Operação Mister Hyder desmontou uma organização criminosa que, segundo a denúncia do MPDFT, contava com o apoio de sete médicos. A suspeita é de que os profissionais de sáude envolvidos identificavam pacientes cujos históricos viabilizavam a sugestão de cirurgias com órteses e próteses. Também são acusados de usar material de baixa qualidade nos procedimentos e cobrar o valor de produtos superiores.


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