Cidades

Moradores do Lago Sul sofrem com rompimento de canos em pleno racionamento

Um dos morador teve de fazer três reclamações à Caesb para que o vazamento fosse interrompido

postado em 15/03/2017 15:38
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Em tempos de racionamento, um morador do Lago Sul se deparou com água jorrando do hidrômetro da casa onde mora, na QL 22, na tarde de terça-feira (14/3). O aposentado Rui Borges Ramos, 72 anos, diz que a tubulação passou quase 10 horas desperdiçando água tratada, antes que a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) providenciasse os reparos para conter o vazamento. Borges precisou fazer três reclamações na ouvidoria da companhia para que o desperdício fosse cessado.

Na terceira ligação, gravada pelo aposentado, a atendente da empresa diz que colocaria o conserto na tubulação nas demandas urgentes. Somente no outro dia, às 6h30, percebeu que o cano rompido havia sido consertado. Como o estrago ocorreu antes da passagem da água pelo hidrômetro, o aposentado acredita que não virá cobrança nenhuma extra na conta do próximo mês.

"Eles (o governo) ficam fazendo campanha na TV, que tem de economizar água, mas deixam um negócio desses acontecer, em pleno racionamento. E não foi pouca água que vazou, foi muita mesmo. Eles disseram que iriam consertar com urgência, mas que urgência é essa que deixa desperdiçar tanta água assim numa época de racionamento?", questiona.

A Caesb informou que um pedido de conserto de vazamento no cavalete foi formalizado na terça-feira (14/3), às 13h18, e que a equipe só compareceu ao endereço por volta das 22h25.

Conta mais cara

Um dos morador teve de fazer três reclamações à Caesb para que o vazamento fosse interrompido

O jornalista e também morador do Lago Sul William França viu a conta de água saltar de R$ 300 para mais de R$ 5 mil. Um cano da tubulação que fica embaixo de uma das palmeiras plantadas no lote se rompeu. "Eu não tinha percebido, só vi quando a área havia virado um charco", conta França.

Ele atribui o rompimento à pressão provocada pela volta da água, após o rodízio. "Os canos são feitos para ficarem sempre cheios de água. Quando há desabastecimento eles se enchem de ar. Quando a água retorna, ela empurra esse ar e vem ;rasgando a tubulação;. Os canos não expandem e são feitos de um material não muito resistente, que é o PVC. Isso não aconteceu apenas comigo. Hoje de manhã, outra casa estourou o hidrômetro. Na QI 26, um cano estourou e ficou três dias vazando água", afirma.

Dois artigos científicos, um da Universidade Federal do Ceará (UFC), assinado pelo professor de engenharia Raimundo Nonato Costa, e outro publicado no 5; Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, corroboram a tese de William França. Os estudos sugerem que, quando há desabastecimento, os canos, que ficam constantemente preenchidos com água, se enchem de ar. Esses "bolsões" de ar não têm por onde sair quando o fornecimento é restabelecido o que acaba aumentando a pressão interna nos canos. Este aumento pode provocar rompimentos, principalmente nas conexões entre tubos.

Procurada pelo Correio, a assessoria de imprensa da Caesb informou que descarta que a pressão nos canos tenha sido a causa dos rompimentos e que comenta apenas casos pontuais, para que possa ser feira a avaliação do dano e, assim, apontar uma possível causa. A empresa também salientou que a pressão da água foi reduzida antes mesmo do início do racionamento e que tem feito o restabelecimento de forma gradativa, com vistas a evitar danos.

França diz que já recorreu do valor de R$ 5 mil, medidos pela Caesb, mas que ainda não obteve resposta a respeito de uma possível redução na cobrança.

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