Cidades

Habeas corpus de vaqueiro que matou procuradores é julgado hoje

José Bonfim Alves de Santana é acusado de assassinar o procurador aposentado do Distrito Federal Saint'Clair Martins Souto, 78 anos, e o filho dele Saint'Clair Diniz Martins Souto, 38, procurador do estado do Rio de Janeiro em Brasília

Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 11/04/2017 07:34
Pai e filho foram brutalmente assassinados na fazenda da família, em Mato Grosso
A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) decide hoje se coloca em liberdade, o vaqueiro José Bonfim Alves de Santana, acusado de assassinar o procurador aposentado do Distrito Federal Saint;Clair Martins Souto, 78 anos, e o filho dele Saint;Clair Diniz Martins Souto, 38, procurador do estado do Rio de Janeiro em Brasília. O crime ocorreu em 9 de setembro de 2016, quando as duas vítimas foram à fazenda da família, em Vila Rica, no Mato Grosso. Na época, eles desconfiavam do sumiço de gado da propriedade e suspeitavam que José Bonfim, funcionário da fazenda havia oito anos, pudesse ter ligação com o caso.

[SAIBAMAIS]Viúva de Saint;Clair Martins e mãe Saint;Clair Diniz, Elizabeth Diniz Martins Souto, 75, que é advogada,viajou para Cuiabá, onde atuará como assistente de acusação junto ao Ministério Público Estadual (MPE). ;Eu acredito na Justiça e, se ela existe, é impossível que Bonfim seja solto. Ele cometeu um crime muito grave, com requintes de crueldade;, afirma. Em depoimento à Polícia Civil de Mato Grosso, o vaqueiro confirmou ter matado os dois. Primeiro, disparou no idoso, enquanto ele andava a cavalo. Depois, chamou o filho, alegando que o pai havia caído e não conseguia montar no cavalo, e o assassinou.

Após o crime, o vaqueiro deu um churrasco para amigos na fazenda de Saint;Clair Martins. No dia seguinte, ao receber ligações dos familiares da vítima questionando o paradeiro dos advogados, fugiu para Tocantins, onde acabou preso por porte ilegal de arma, um revólver calibre 38, usado no crime. ;A defesa argumenta que ele é um homem bom, sem passagens pela polícia e de bom convívio, mas isso não se encaixa, levando em conta que ele foi preso fugindo e a frieza que demonstrou ao cometer o crime e confessá-lo.;

O suspeito teve a prisão temporária convertida em preventiva e está sendo indiciado por duplo homicídio com três qualificadoras cada ; motivo torpe, ocultação da prática de outros crimes e impossibilidade de defesa das vítimas. A liminar em habeas corpus foi indeferida e, agora, a Justiça vai analisar o mérito. O vaqueiro está preso desde setembro.

A Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do DF (Anape) declarou descontentamento com a possibilidade de Bonfim ser liberado. ;Ele já tentou fugir e manipular provas. Está mais do que comprovado que não pode responder em liberdade;, afirma o presidente da Anape, Marcello Terto e Silva. Saint;Clair Diniz foi vice-presidente para a Região Sudeste da Anape. ;Profissional competente, Saint;Clair teve a vida ceifada junto com a do pai de forma cruel e covarde, por um cidadão que o tempo todo tentou encobrir o crime, sumir com as provas. Não acreditamos que o tribunal mato-grossense devolverá esse réu confesso à sociedade.;

* Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte

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