Cidades

Justiça nega liberdade a vaqueiro acusado de assassinar procuradores

A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira (11/4) pela 1ª turma do Tribunal do Mato Grosso. O relator foi o desembargador Paulo da Cunha. Por três votos a zero, José Bonfim Alves de Santana permanece preso

Isa Stacciarini
postado em 11/04/2017 15:52
Saint'Clair Martins Souto e o filho Saint'Clair Diniz Martins Souto foram assassinados
Assassino confesso de pai e filho, o vaqueiro que matou o procurador aposentado do Distrito Federal Saint;Clair Martins Souto, 78 anos, e o filho dele Saint;Clair Diniz Martins Souto, 38, procurador do Rio de Janeiro em Brasília, vai permanecer preso. A primeira turma do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) negou o pedido de liberdade provisória de José Bonfim Alves de Santana. Na cadeia desde setembro, ele havia solicitado habeas corpus, mas a liminar acabou negada. Na tarde desta terça-feira (11/4) a 2; Câmara Criminal do TJMT analisou o mérito e manteve a decisão por unanimidade: três votos a zero. O relator foi o desembargador Paulo da Cunha.
Mulher e mãe das vítimas, a advogada criminalista Elizabeth Diniz Martins Souto, 75 anos, atuou como assistente de acusação. Ela explicou que, entre os motivos da defesa para pedir a liberdade do réu, estavam a alegação que o homem não traria problemas para o bem-social caso fosse inserido novamente no meio social, nem fugiria da ação penal. ;Isso vai contra tudo o que aconteceu, já que os crimes foram cometidos com requintes de crueldade, torpeza e traição;, contestou.
[SAIBAMAIS]Outro ponto alegado pela defesa foi o excesso de prazo no processo. Os advogados do vaqueiro defenderam que o caso estava atrasado e já havia esgotado o prazo legal para terminar a instrução criminal. ;O juízo entendeu que o fundamento do excesso de prazo não é uma questão aritmética. Inclusive a instrução já terminou e os fundamentos arguidos por eles sobre a personalidade do réu não se encontraram presente nos autos, mesmo porque ele foi preso fugindo, já em outro estado, além de ocultar os corpos e outras crueldades praticadas;, esclareceu a viúva.
;Embora não justifique nem traga alegria, a sensação é de dever cumprido ao saber que, pelo menos, ele não vai fazer isso com mais ninguém. Não podíamos deixar impune alguém que fez tanto mal a uma família. Apesar de não trazê-los de volta, pelo menos temos o conforto de que ele não sairá tão cedo da prisão;, ressaltou Elizabeth.

Investigação e confissão

O crime ocorreu no município de Vila Rica, a aproximadamente 1,3 mil km de Cuiabá, na divisa com Pará e Tocantins, em uma região conhecida por problemas fundiários. A viagem de pai e filho começou em 7 de setembro. Eles tinham ido à Fazenda Santa Luzia, de propriedade da família, para conversar com José Bonfim Alves de Santana sobre abigeato ; roubo de gado. Resolvido o problema, a previsão era que pai e filho saíssem da região na noite de 11 de setembro, de carro. A chegada a Brasília estava programada para 12 de setembro, porém, eles não fizeram mais contato.
Familiares estranharam a total ausência de comunicação e procuraram a Polícia Civil do DF para registrar a queixa de desaparecimento. Horas depois, policiais encontraram a caminhonete modelo Hilux em que eles viajaram em uma estrada entre Tocantins e Pará sem sinais de arrombamento. Enquanto isso, José Bonfim viajou para Colinas do Tocantins, a 270 km de Palmas, e se hospedou em um hotel da cidade. O vaqueiro, até então foragido, foi preso pela polícia do estado no fim da tarde de 13 de setembro, com um revólver calibre 38, 36 munições e R$ 5 mil em dinheiro. Em depoimento à Polícia Civil de Tocantins, ele confirmou ter matado a dupla, com uma arma de fogo, na manhã de 9 de setembro.

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