Cidades

Bombeiros seguem buscas por mãe de bebê encontrado morto no Lago Paranoá

A criança de 5 meses desapareceu dois dias antes de ser encontrada morta no Lago Paranoá. A mãe, identificada ontem como Elisângela dos Santos Carvalho, continua sumida. Ela saiu de casa, em Santa Maria, na sexta-feira com dois dos três filhos

Gabriella Bertoni - Especial para o Correio, Adriana Bernardes
postado em 12/04/2017 08:38
Duas mulheres e um homem prestaram depoimento ontem na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). Uma delas usou uma sombrinha para se esconder
Elisângela Cruz dos Santos Carvalho, 36 anos, andava infeliz. Chegou a enviar mensagem a parentes dizendo que estava ;partindo para uma viagem sem volta;, pedindo perdão a todos. Por volta do meio-dia da última sexta-feira, a mulher saiu de casa, em Santa Maria, com dois dos três filhos: o bebê Miguel, 5 meses, e Pedro (nome fictício), 4 anos.

[SAIBAMAIS]A noite caiu, e Elisângela não retornou para casa nem fez contato. Na tarde de sábado, preocupados com o sumiço, familiares pediram socorro à 33; Delegacia de Polícia (Santa Maria), onde registraram o desaparecimento dela e das crianças. O desespero dos parentes só aumentava.
Vinte e cinco horas depois da última vez em que Elisângela foi vista, Pedro apareceu nas proximidades de casa, sozinho. O mistério crescia. O menino não soube dizer o que aconteceu nem onde esteve. Contou apenas que a mãe o havia deixado lá. O paradeiro de Elisângela e de Miguel, porém, continuava desconhecido.

No fim da tarde de domingo, o caso se transformou numa tragédia que comoveu Brasília. Miguel, ainda com a chupeta presa à roupa por uma fita azul, vestindo uma calça de moletom amarela e uma regata com desenho de barcos, foi encontrado morto, boiando no Lago Paranoá, numa das regiões mais nobres de Brasília: a Península dos Ministros, à altura da QL 12 do Lago Sul.

O corpo foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML) pelo Corpo de Bombeiros. O laudo sobre a causa da morte só deve ficar pronto em 30 dias. Mas a polícia adiantou que não havia sinais de ferimentos no corpo nem fratura nos ossos do bebê. Na segunda-feira, três dias após o desaparecimento de Elisângela e no dia seguinte à repercussão do caso, a família procurou o IML e reconheceu a criança. A tristeza pela morte de Miguel se somou à apreensão sobre onde estaria Elisângela. As investigações são feitas com sigilo pela 10; Delegacia de Polícia (Lago Sul).

Pessoas próximas de Elisângela, entre elas duas mulheres e pelo menos um homem, foram ouvidos ontem. Elas deixaram a unidade policial sem dar entrevista nem quiseram ser identificadas. Uma delas chegou a cobrir o rosto com uma sombrinha. O homem também saiu em silêncio. O delegado-chefe da 10; DP, Plácido Rocha Sobrinho, e o adjunto, Gustavo Faria, informaram, por meio da Divisão de Comunicação, que só falarão sobre a ocorrência quando houver um desfecho para o caso.

O sumiço de Elisângela ainda é uma incógnita. As possibilidades são muitas, e a hipótese de suicídio não está descartada. Equipes do Corpo de Bombeiros monitoram o Lago Paranoá desde segunda-feira, das 6h às 0h. Nesta quarta-feira (12/4), as buscas ocorrem desde a Ponte Honestino Guimarães até a altura da Ermida Dom Bosco.

Silêncio

O Correio esteve ontem pela manhã na casa da família, em Santa Maria, onde Elisângela morava com os filhos e os ex-sogros, segundo informações da polícia. Eles vivem em uma sobreloja modesta, localizada em cima de um comércio. Um homem atendeu à reportagem no local, mas não quis comentar o caso. Assim como ele, uma mulher que estava na casa se recusou a dizer qualquer coisa. Disse que falaria ;no momento oportuno; e que a família estava se ;sentindo sufocada;.

Em baixo do imóvel, há uma papelaria e uma loja de conveniência. Apesar do drama do bebê encontrado morto no Lago Paranoá, funcionários do local e clientes disseram que não conheciam a família e não sabiam nada sobre o episódio. Elisângela é mãe de três filhos e estava separada do marido. A polícia não informou detalhes sobre o terceiro filho dela nem sobre o pai das crianças.
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Linha do tempo

7 de abril, às 12h
Elisângela Cruz dos Santos sai de casa, em Santa Maria, com dois dos três filhos: Miguel, 5 meses, e Pedro (nome fictício), 4 anos


8 de abril, às 14h
A família registra ocorrência sobre o desaparecimento de Elisângela


8 de abril
Pedro aparece na porta de casa, sozinho e diz que a mãe o deixou lá


Entre 7 e 9 de abril
Elisângela manda uma mensagem por WhatsApp para o grupo de família dizendo que fará ;uma viagem sem volta; e pede perdão


9 de abril, às 17h30
Um homem que pilotava um jet ski vê o corpo de um bebê boiando no Lago Paranoá e avisa ao Corpo de Bombeiros. Uma equipe resgata o corpo de Miguel da água e encaminha para o Instituto de Medicina Legal (IML)


10 de abril
Com a repercussão do caso, a família procura a Polícia Civil e reconhece o corpo de Miguel


11 de abril
Familiares prestam depoimento na 10; DP do Lago Sul. Elisângela continua desaparecida

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