Carolina Gama - Especial para o Correio
postado em 22/04/2017 06:00
Com o intuito de amparar mulheres em situação de vulnerabilidade e inseri-las no mercado, o Governo do Distrito Federal, em parceria com o Senado Federal, assinou acordo inédito no país para destinar 2% das vagas de terceirizados da Casa a mulheres vítimas de violência, até 2022. Apenas em 2016, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP) contabilizou 19 feminicídios, além de 17 tentativas de assassinato contra pessoas do sexo feminino. No ano passado, foram 1.907 ocorrências relativas a lesão corporal dolosa fora do ambiente doméstico e outras 2.546 no ambiente doméstico.
O acordo de cooperação técnica foi assinado na última quinta-feira, com a presença da Diretora Geral da Casa, Ilana Trombka, e do secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Gutemberg Gomes. A deputada federal Érika Kokay (PT) e a deputada distrital Celina Leão (PPS) assinaram como testemunhas e se comprometeram a empenhar esforços para que a Câmara dos Deputados e a Câmara Legislativa sigam o exemplo do Senado.
Gutemberg Gomes acredita que o acordo contribui com a busca das mulheres pela superação da violência, por meio do emprego, da renda e da profissionalização. ;É uma iniciativa pioneira no país. Desde o fim do ano passado, decidimos internamente que precisávamos fazer tratativas com outros setores do governo para que conseguíssemos estabelecer uma cota para essas mulheres no mercado. Por mais que elas estejam sendo assistidas pelos nossos equipamentos, elas precisam ter um posto de trabalho. Isso não pode ser um entrave;, comenta.
A doutora em comunicação Tânia Montoro, fundadora do Núcleo da Mulher e da Violência da Universidade de Brasília (UnB), considera a ação positiva. ;Eu acho que toda forma de inclusão é importante, mas essa medida é compensatória. O que está sendo feito é compensar um dano que já está formado. Acredito que a forma mais eficiente seja prevenir o dano. Toda a literatura nos mostra que a prevenção é mais importante, pois a violência doméstica nunca vem sozinha. Além do dano físico, há também o emocional e o econômico;, observa.
Plataforma interativa
O Senado disponibiliza no portal oficial plataforma com uma série de programas que podem ajudar as mulheres em situação de vulnerabilidade. No Observatório da Mulher Contra a Violência, elas podem buscar todas as informações sobre onde buscar amparo. Uma delas é o Programa de Atenção à Violência (PAV), que trabalha na construção de uma rede de atendimento chamada Rede Esperança. O intuito é ajudar tanto a vítima quanto o autor de violência. São, ao todo, 14 programas direcionados a crianças, adolescentes, mulheres, homens e idosos em situação de violência, em todos os ciclos de vida, além de dois programas que atendem o adolescente autor de violência sexual em família e individualmente.