Jornal Correio Braziliense

Cidades

Projetos sociais da Ceilândia recebem alunos de fora para atuar na região

O Vem Pra Cei mapeou mais de 40 locais de cultura, gastronomia, esporte e lazer dentro da Ceilândia



Um dos organizadores do projeto é Sérgio de Castro, 38 anos, que desde os 18 anos trabalha junto ao grupo Atitude para incentivar a valorização da Ceilândia. Hoje, no cargo de diretor executivo, conta que trazer gente de fora para apreciar a região cria um sentimento de pertencimento à população da Ceilândia. ;Os moradores daqui costumam ir ao Pistão Sul ou ao Plano Piloto para se divertir, e, ao ver que pessoas de outras regiões do quadrado e de outros estados estão vindo para cá, conhecer a cidade, faz com que eles valorizem a sua localidade e tenham orgulho de viver na Cei;, destaca.

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A ideia do projeto veio de fora, tendo como exemplo rotas turísticas em regiões paulistas, como Capão Redondo e Paraisópolis, e cariocas, como Santa Marta, Vidigal e Rocinha. As primeiras visitas ocorreram em julho do ano passado. De lá para cá, 400 alunos ;estrangeiros; conheceram a cidade. Os grupos são formados, principalmente, por jovens de escolas particulares de São Paulo e do Rio de Janeiro, que vêm conhecer os pontos turísticos da capital, e, por indicação de uma agência de turismo parceira, são convidados a visitar também a Ceilândia.

Xô, preconceito

Uma das visitas realizadas nos últimos meses veio do centro de São Paulo. A Chapel School, escola americana no Brasil, levou 45 alunos para conhecer a Ceilândia. A diferente realidade da vida dos alunos e da população virou tema de documentário feito pelos estudantes, que só levaram para casa lembranças boas e surpreendentes. Composta principalmente por filhos de embaixadores e empresários de multinacionais, a mensalidade da escola custa em média R$ 8 mil, quase três vezes a renda domiciliar real da Ceilândia, mensurada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) em R$ 3.076, na última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios.

;Os alunos passaram três dias no DF. Em relatos na sala de aula, afirmam que a melhor parte da visita foi ir à Ceilândia. Lá, eles puderam conhecer a história dos moradores e ver como é possível a realização de projetos que promovam mudanças de vida por meio de questões culturais;, conta Lilian Campos, coordenadora do currículo norte-americano da Chapel School. A professora ainda relatou a segurança que sentiu na comunidade. ;O brasileiro tem um costume de pensar que por alguém carecer de algo, vai querer roubar a nossa bolsa ou o que estamos levando. Mas não é assim. Voltamos para casa sem enfrentar nenhum problema, ao contrário, só temos boas recordações. O brasiliense é muito sortudo por ter uma Ceilândia por perto para levar seus alunos;, garante.

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Coordenador do Movimento Underground de Brasília, Lucas Pinheiro, de 25 anos, conta que os moradores do DF têm mais resistência em conhecer a Ceilândia, do que os que vêm de fora. ;Recebemos visitas de famílias com renda mensal de quase R$ 100 mil. Quando eles são de outros estados, não costumam ter um conhecimento prévio sobre a cidade, e saem daqui superfelizes com a visita, perguntando até como fazem para ajudar os projetos. Já os de Brasília, muitas vezes chegam receosos, devido a tudo que ouvem falar da Ceilândia em noticiários, mas ao fim da visita, saem com outra visão;, afirma.

O Vem Pra Cei acaba de lançar um site e começa a dar os primeiros passos em direção a um novo objetivo: a criação de um mapa interativo com os pontos turísticos da região. ;No site, além de contar a história da nossa cidade, mostraremos por geolocalização pontos de interesses para quem quiser conhecer a Ceilândia;, explica Sérgio. O mapa conta com pontos como o Rancho do Palhoça, a Praça da Bíblia, Museu da Memória Viva, Túnel do Tempo e o Restaurante Sabor dos Sertões.

Casa Cultural 7 da Norte


Fundado há seis meses, é um dos novos pontos culturais incluídos na rota. Durante as visitas dos grupos de escola, são ministradas aulas de grafite, DJ e dança.
O espaço conta com um estúdio comunitário, utilizado por artistas da comunidade que buscam fazer gravações musicais profissionais por um preço menor do que o encontrado
no mercado.

Restaurante Sabor dos Sertões


O ponto de turismo gastronômico do Vem Pra Cei tem nove anos de existência e se firmou como um dos principais points da cidade. Entre os principais pratos do restaurante estão a rabada, sarapatel, cupim assado no forno e a picanha. Os pratos são servidos com arroz, farofa, feijão carioca, salada e macarrão. Preço médio: R$ 20


#VemPraCei


Organização: Grupo Atitude e Movimento Underground de Brasília ; http://vempracei.com.br/
Para agendar visitas a Ceilândia e ajudar o projeto, entre em contato com a direção do Grupo Atitude pelo (61) 98450-7925