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'É um desafio fazer segurança pública viária no país', diz diretor da PRF

Renato Dias participa do fórum que avalia um ano da obrigatoriedade do exame toxicológico para motoristas profissionais

Resultados do primeiro ano do exame toxicológico para motoristas profissionais, discutidos no Fórum desta quinta-feira, no auditório do Correio Braziliense, apresentou os temas o combate às drogas nas estradas, a relação entre a fadiga dos motoristas profissionais e o uso de drogas e o problema do uso de drogas pelos motoristas profissionais nos postos de combustível.

O Diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Renato Dias, explicou que, apesar do acidente rodoviário ser o princípio e o fundamento da Polícia Rodoviária Federal, a instituição passa dificuldades para continuar a fiscalização nas estradas, devido ao contigenciamento do orçamento.;É um enorme desafio fazer segurança pública no país e ter a segurança como prioridade. E se falamos de segurança pública, falamos também da viária;, disse.

Dias argumentou que a PRF tem um efetivo de 10.056 policiais, responsáveis para a cobertura de 71 mil quilômetros de rodovias, em 2.019 municípios do Brasil. E que todos os dias são feitas apreensões de drogas nas rodovias brasileiras. ;A PRF é a polícia que mais apreende drogas no país. Entre 2005 e 2016, apreendemos 911 toneladas de maconha e, de 2010 a 2016, 47 toneladas de cocaína;, informou.

A PRF já desenvolve o programa Comandos da Saúde, com uma série de exames para os motoristas profissionais. Dados de 2016 indicam que, de 9.598 motoristas atendidos pelo programa, 94,4% se envolveram em qualquer tipo de acidente, quase 35% fizeram uso de medicamentos impróprios e 38% apresentaram sonolência diurna. ;É muito arriscado trafegar pelas rodovias brasileiras. Não basta somente aplicar a lei. É necessário construir a estrutura física para que os caminhoneiros possam ter o descanso obrigatório;, explicou.

Fadiga

Marco Túlio de Mello, diretor do Centro Multidisciplinar de Sonolência e Acidentes (CEMSA), falou sobre a relação entre a fadiga dos motoristas profissionais e o uso de drogas. Segundo Mello, após a implantação da obrigatoriedade do exame toxicológico, houve uma queda na renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) entre motoristas com CNH C e D. ;Tivemos uma fuga de quase 600 mil motoristas que optaram por não renovar sua CNH, o que demonstra a fiscalização efetiva e o uso de entorpecentes durante as horas de trabalho;, explicou.

O diretor explicou que a fadiga é um dos grandes problemas dos motoristas profissionais, nas estrada, e que ela se manifesta, geralmente, logo após o almoço e na madrugada. ;A fadiga acarreta o sono, cansaço e morte. Nove horas sem dormir acarreta risco de acidentes, 12 horas, o risco é duplo e mais de 14 horas sem dormir, o risco de acidentes é triplo. Com mais de 15 horas acordado, o motorista fica sonolento e age como se estivesse bêbado;, argumentou.

;Nosso maior problema é o número de mortes que temos nas estradas. O que nos deixa muito preocupados, porque começamos a banalizar a morte no trânsito. Isso vai dar a sensação que as coisas acontecem e não fazemos nada;, afirmou.

Narcotráfico

Giancarlo Pasa, diretor da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), explicou que, antigamente, o problema do uso de drogas pelos motoristas profissionais, nos postos de gasolina, se limitava ao uso de arrebite, uma substância do grupo das anfetaminas, que diminui o sono e aumenta a concentração. Ao usar a substância, motoristas conseguiriam dirigir, sem parar, por mais de 24 horas. ;Isso foi em 1970. Agora o narcotráfico já está entranhado na vida desses profissionais e no roubo de cargas. Já tivemos casos de caminhoneiro que foi pagar a gasolina no posto, teve um ataque cardíaco e depois descobrimos cocaína no caminhão dele;, disse.

O diretor da Fecombustíveis disse também que é preciso proporcionar mais segurança para os caminhoneiros e que sejam realizadas políticas de incentivos para que os postos e as paradas, nas estradas, tenham lugares de descanso para esses profissionais. ;O posto é a segunda casa do caminhoneiro, pois é lá que ele come, toma banho e se alimenta. Mas, nem sempre conseguimos dar o nivel de segurança que eles precisam;, explicou.