Cidades

Protesto reúne mais de 3 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios

Para acessar a Praça dos Três Poderes, manifestantes precisaram passar por revista

postado em 28/04/2017 12:20

Desde à 0h, o Eixo Monumenal teve o acesso bloqueado pelas forças de segurança

Convocada para protestar contra as reformas trabalhista e da previdência, a greve geral chegou a reunir de 3 mil manifestantes em frente ao Congresso Nacional, nesta sexta-feira (28/4). Eles começaram a se organizar no início da manhã, na Esplanada do Ministérios. Desde 0h, o Eixo Monumenal teve o acesso bloqueado pelas forças de segurança nos dois sentidos, na altura do Complexo Cultural da República até o Congresso Nacional.

A expectativa da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social era que a manifestação reunisse cerca de 10 mil pessoas, mas o número não teria passado de 3 mil. Por volta de 14h20, o secretário Oton Pereira Neves, do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF (Sindsep-DF), pediu aos manifestantes que fossem para casa. "O propósito da CUT é a greve. Se investir em passeata, não pára nenhum setor. Agora é o momento de voltar para casa com segurança. Não vamos provocar a polícia. Nosso objetivo foi alcançado", disse Neves, que pediu aos manifestantes que poupassem as energias para o dia 1; de maio, Dia do Trabalhador.

Por volta de 13h, houve um início de tensão entre manifestante mascarados e a polícia, mas logo o grupo foi disspado. Os mascarados carregavam bandeira vermelha e preta. A manifestação começou oficialmente às 13h36 com a execução do Hino Nacional em um carro de som postado nas imediações da Catedral.

Até 13h40, apenas uma lesão corporal leve foi registrada, por volta de 9h30. A vítima relatou que manifestantes teriam bloqueado a entrada do Ministério da Saúde, impedindo sua entrada. O Sindicato dos empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde em Brasília (Sindsaúde ; DF) informou 100% de apoio à greve. Marli Rodrigues, presidente do Sindsaúde, afirma que o sindicato fez chamamento para o protesto, mesmo com a ameaça de corte de ponto. ;Mantivemos 70% dos serviços emergenciais para a população e 30% de atendimentos clínicos e em ambulatórios. Os atendimentos não realizados foram pelos problemas de sempre: por falta de insumos e medicamentos;, afirma.

A participação do Sindsaúde na greve começou no início da manhã. ALém das pautas nacionais contra a terceirização, reforma da previdência e trabalhista, os trabalhadores da saúde reivindicam a suspensão da terceirização do Hospital de Base. ;A criação do Instituto Hospital de Base é algo inaceitável para todos os servidores da saúde. Nós entramos nessa luta pela porta da frente, o sindicato da saúde não vai permitir que o governo Rollemberg continue sucateando e ameaçando todos os direitos conquistados por essa categoria tão essencial para a população;, afirma a servidora.

Integrantes do CFEMEA nos protestos

O Fórum de Mulheres do DF e Entorno, que congrega 30 entidades, participou da manifestação para protestar contras as reformas da previdência e trabalhista. ;Na verdade, viemos aqui para denunciar o golpe e as reformas, que vão causar um impacto muito grande na vida das mulheres;, explicou Joluzia Batista, do Centro Feminista de Estudos e Assistência (CFEMEA).

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) ficou reunida entre o ministério do Planejamento e o da Agricultura. No início da tarde, por volta de 14h, o público estava disperso e o clima era de tranquilidade. Sentada no gramado da Esplanada, a assistente social Eugênia Cristina Santana, 40 anos, era o retrato da falta de esperança. "Me sinto órfã e desrespeitada por esse Congresso, Não temos mais voz", desabafou.
Casada com um professor da Secretaria de Educação do DF e com um filho de quatro anos, Eugênia saiu cedo de Samambaia, onde reside, para participar do protesto. Mesmo assim, não acredita em mudanças no país a curto prazo.e não acha que haverá melhoria na situação. "Sinceramente, não tenho expectativas de que as coisas vão melhorar tão cedo. No Congresso, tem uma meia dúzia de deputados trabalhando pelo povo. O resto trabalha para banqueiros e empresas, mas não pensa no povo", disse.

A diretora do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINFAP) e servidora pública Guiomar Rodrigues de Carvalho estava desde o início do ato segurando cartazes contra a Reforma da Previdência e o Governo Federal.

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Para ela, o projeto de lei que muda CLT pode acabar com os direitos trabalhistas e que, neste momento, o mais importante é acompanhar como está sendo a votação dos deputados para saber a quem prestar apoio nas próximas eleições. "Quem manda é o povo. Eles são eleitos por meio do nosso voto. É o povo quem manda. Se o cidadão estiver consciente, eles jamais ganharão (as eleições)", disse.


O engenheiro Marcus Gomes chegou na esplanada às 14h. Ele veio com mais duas amigas. "Vim protestar contra essas medidas que o governo e o congresso querem implantar", disse.

O engenheiro Marcus Gomes foi protestar contra as reformas trabalhistas

Marcos é pai de uma menina de 4 anos e, segundo ele, é por ela que foi ao protesto. "Eu quero um país melhor para minha filha e para todos os brasileiros. Não penso necessariamente em dinheiro ou até no meu próprio salário. Mas penso na aposentadoria minha, que vai ajudá-la. E penso no futuro dela também. Quero um país mais justo e com qualidade de vida melhor".

O servidor público e engenheiro Diego ceballos, 38, foi à Esplanada contra as reformas do governo Temer, contra a retirada dos direitos do trabalhador e contra a terceirização.

Ele aderiu à greve geral e não foi trabalhar. "Vão cortar meu ponto, mas tudo bem, vale a pena. Alguns colegas não vieram pela pressão, mas Todos deveriam estar aqui. É pelo coletivo, pelo país".

A professora Mary Land Brito e a índia Ana participaram dos protestos

"A minha manifestação é favor do Brasil". Com essa declaração a professora de cinema Mary Land Brito, do Instituto Federal de Educação, resumiu o seu entusiasmo em participar da mobilização na Esplanada dos Ministérios. "Claro que vai ter manifestação no final da tarde. Muita gente ainda está trabalhando e só vai poder participar quando sair do serviço", argumentou. Enquanto se concentrava para a manifestação, Mary Land aproveitou para fazer uma pintura indígena no braço. A índia Ana, da etnia dos Guajajara, localizada em Imperatriz, no Maranhão, utilizou genipapo e urucum para fazer uma pintura, que significava proteção.

Para acessar a Praça dos Três Poderes, manifestantes precisaram passar por revista
Um esquema de segurança formado por cordão de policiais militares foi organizado na entrada da Esplanada. Os PMs revistaram bolsas e sacolas dos manifestantes que seguiam rumo ao Congresso. A SSP informou que a medida tem o intuito de evitar a presença de objetos cortantes/perfurantes que possam oferecer riscos à integridade física dos manifestantes, do patrimônio público e de particulares. A Rodoviária do Plano Piloto também teve segurança reforçada.

Durante o início da manhã desta sexta-feira (28/4), diversas rodovias da cidade foram bloqueadas por manifestantes.

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