Cidades

Testemunha detalha o atropelamento que deixou dois mortos em São Sebastião

Douglas Araújo, 21 anos, foi enterrado na manhã deste domingo. O corpo de Daniel Barreto, 28, aguarda liberação no IML

Ketheryne Mariz/Diário de Pernambuco
postado em 30/04/2017 16:53
O corpo do estudante de enfermagem Douglas Araujo Santos, 21 anos, morto na madrugada do último sábado em um grave atropelamento no Jardins Mangueiral foi enterrado, neste domingo (30/4), em Buritis (MG), cidade do rapaz. A família e os amigos da vítima participaram do velório e do enterro dele durante a manhã. Já a situação de Daniel Barreto, 28, outra vítima da tragédia que chocou Brasília neste fim de semana, continua no Instituto de Medicina Legal (IML) de Brasília, aguardando a liberação para ser transferido para o Rio de Janeiro, onde será sepultado. Daniel era carioca e morava em Brasília há poucos anos. Uma testemunha conversou com o Correio e detalhou como o crime aconteceu (leia abaixo).
O suspeito de cometer o crime, Fernando Salvador Souza Rodrigues, 18, detido poucas horas depois de cometer o crime, segue na prisão. Os investigadores da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá) registraram o crime como homicídio culposo (quando não há intenção de matar), o que revoltou amigos e familiares das vítimas, que fizeram um protesto na unidade policiais nesta manhã. Fernando aguardará a decisão de um juiz para saber se vai manter a prisão ou se ele terá liberdade provisória.
Douglas Araújo, 21 anos, foi enterrado na manhã deste domingo. O corpo de Daniel Barreto, 28, aguarda liberação no IML
Até o final desta tarde, o corpo de Daniel Barreto seguia no IML por falta da documentação necessária para a liberação. Amigos do rapaz, porém, encontraram o passaporte da vítima e aguardam a liberação. Daniel deve ser velado em Brasília, mas o enterro, de fato, acontecerá no Rio, sua cidade de origem.

Quem está cuidando da parte burocrática, do velório e sepultamento de Daniel, é o auditor fiscal Adriano Andrade, 45, que se identifica como companheiro da vítima. "Eu estava em uma boate, em São Paulo, quando decidi, às 4h19, mandar uma mensagem para ele perguntando se ele estava bem. Não tive resposta. Depois, um amigo em comum entrou em contato comigo dizendo que ele tinha sofrido um acidente e estava em estado grave, mas naquela hora, ele já havia morrido", detalha.

Protesto

Na manhã deste domingo, um grupo de 15 amigos dos jovens compareceram à 6; DP afim de protestar contra a forma como o boletim de ocorrência foi registrado. Segundo eles, o jeito como Fernando conduzia o veículo e partiu para cima deles com o carro, a intenção era, sem dúvida, matar Daniel e Douglas. Porém, a Polícia Civil do DF investiga o caso como homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Em um depoimento emocionado, uma das testemunhas da tragédia, que estava na mesma festa que Daniel e Douglas, falou ao Correio sobre os momentos que antecederam a tragédia. Por medo de represálias, pediu para não ser identificado:

Depoimento

"O Daniel desceu do carro e começou a conversar com os meninos. No meio da conversa, o Douglas conseguiu identificar que o celular dele estava com um dos meninos e eles começarama ir embora. O Daniel, então, jogou o carro um pouquinho mais para frente e conseguiu conversar. Nesse momento, cerca de uns 10 meninos começaram a bater neles. Eu tirei os meninos de cima do Douglas e coloquei ele de lado. Depois vi que o Daniel também estava apanhando e tirei eles de cima do Daniel e coloquei ele sentado no meio fio, ali no centro do Jardins Mangueiral, naqueles bloquinhos. Na mesma hora, a gente tinha deixado a chave do carro na ignição. Quando o Fernando, o autor do crime, entrou no carro e começou a acelerar. Eu ainda falei ;Daniel, estão levando o seu carro; e ele falou para deixar levar. Quando a gente olhou para cima o carro estava vindo a toda velocidade para cima da gente. Eu consegui desviar e quando olhei, o corpo do Douglas já estava no chão; o do Daniel do outro lado do carro. Quando eu cheguei perto dos dois eu já sabia que eles estavam mortos. Não tinha mais o que fazer. Ainda gritei para chamarem a ambulândia, mas todo saíram correndo, não ficou ninguém. Enquanto a ambulância chegava eu fiquei lá. Quando a ambulância chegou o Daniel ainda tinha pulso. Eles tentaram reanimar eles, mas não conseguiram. Ele devia estar a 170km/h na hora que ele jogou o carro pra cima da gente. Nunca tínhamos visto esse menino. Ele nem estava na festa. Não sabíamos nem se ele que roubou o celular".

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