Cidades

Segunda vítima de atropelamento em São Sebastião é velada

Depois do velório, o corpo seguirá para o Rio de Janeiro, onde será sepultado. Vítima era natural de lá

Ketheryne Mariz/Diário de Pernambuco
postado em 01/05/2017 17:21
Depois do velório, o corpo seguirá para o Rio de Janeiro, onde será sepultado. Vítima era natural de lá
O corpo do estudante de direito Daniel Barreto Batista, 28 anos, é velado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, nesta segunda-feira (1;/5). De lá, seguirá para o Rio de Janeiro, lugar onde nasceu e será feito o sepultamento. Barreto morreu na madrugada do sábado (29/4), depois de ser atropelado junto com o estudante de enfermagem Douglas Araújo, 21 após uma discussão por causa do furto de um celular. Douglas foi enterrado no domingo (30/4), no município de Buritis (MG).
O companheiro da vítima, o auditor fiscal Adriano Andrade, 49, estava desde sábado tentando a liberação do corpo, que só foi liberado no início do dia. "Depois da autorização do juiz para sepultamento de Daniel, o corpo vai ser transladado, à noite, para o Rio de Janeiro", contou. Daniel era carioca e morava na capital há alguns anos, onde estudava direito, na Universidade Paulista (Unip).

Mesmo durante o velório, os amigos não conseguiram esquecer a decisão do delegado, que registrou o boletim de ocorrência como homicídio culposo (quando não há intenção de matar), eles pretendem acionar o Ministério Público para que o caso passe a ser julgado como homicídio doloso (quando há intenção).
Na manhã de domingo, um grupo de 15 amigos dos jovens compareceram à 6; Delegacia de Polícia (Paranoá), que investiga o caso, afim de protestar contra a forma como a ocorrência foi registrada. Segundo eles, o jeito como Fernando conduzia o veículo e partiu para cima deles com o carro, a intenção era, sem dúvida, matar Daniel e Douglas.

O crime

O acidente ocorreu por volta das 4h, na Avenida Principal do Jardins Mangueiral. O veículo, um Hyundai i30 preto (placa OVP-0482), pertencia a Daniel Barreto Batista, 28 anos. Barreto e o amigo Douglas Araujo Silva, 21 anos, estavam sentados em calçada quando um terceiro rapaz, identificado como Fernando Salvador Souza Rodrigues, de 18 anos, que digiria o carro de Daniel, avançou com o veículo sobre as vítimas, que morreram na hora.

Corpo de Daniel (E) será sepultado no Rio; Douglas foi enterrado em Buritis (MG)

Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o i30 teria sido roubado por Fernando momentos antes. Segundo Wellington Godoy, sargento da corporação, a tragédia aconteceu após Daniel e Douglas saírem de uma festa, que ocorria na Quadra 12 do conjunto habitacional, na companhia de um terceiro jovem.

"O Daniel percebeu que o telefone havia sumido, pegou o carro com amigos e foi procurar um grupo de jovens, que deixou o local mais cedo e poderia ter pego o aparelho", explica o sargento. Na sequência, o trio encontrou os suspeitos, desceu do carro, deixando o veículo ligado e aberto, e questionou o grupo sobre o telefone. Após o questionamento, o grupo, formado por cerca de dez pessoas, teria atacado os amigos. "Acreditamos que devido aos machucados da briga, eles sentaram no meio fio. Foi aí que o Fernando, pegou o veículo, deu ;cavalos de pau; na via e acelerou na direção de Douglas e Daniel", complementa. Neste momento a dupla teria sido atingida. O terceiro amigo que estava mais afastado, não foi atingido.

Depoimento

Em um depoimento emocionado, uma das testemunhas da tragédia, que estava na mesma festa que Daniel e Douglas, falou ao Correio sobre os momentos que antecederam a tragédia. Por medo de represálias, pediu para não ser identificado:

Depoimento

"O Daniel desceu do carro e começou a conversar com os meninos. No meio da conversa, o Douglas conseguiu identificar que o celular dele estava com um dos meninos e eles começarama ir embora. O Daniel, então, jogou o carro um pouquinho mais para frente e conseguiu conversar. Nesse momento, cerca de uns 10 meninos começaram a bater neles. Eu tirei os meninos de cima do Douglas e coloquei ele de lado. Depois vi que o Daniel também estava apanhando e tirei eles de cima do Daniel e coloquei ele sentado no meio fio, ali no centro do Jardins Mangueiral, naqueles bloquinhos. Na mesma hora, a gente tinha deixado a chave do carro na ignição. Quando o Fernando, o autor do crime, entrou no carro e começou a acelerar. Eu ainda falei ;Daniel, estão levando o seu carro; e ele falou para deixar levar. Quando a gente olhou para cima o carro estava vindo a toda velocidade para cima da gente. Eu consegui desviar e quando olhei, o corpo do Douglas já estava no chão; o do Daniel do outro lado do carro. Quando eu cheguei perto dos dois eu já sabia que eles estavam mortos. Não tinha mais o que fazer. Ainda gritei para chamarem a ambulândia, mas todo saíram correndo, não ficou ninguém. Enquanto a ambulância chegava eu fiquei lá. Quando a ambulância chegou o Daniel ainda tinha pulso. Eles tentaram reanimar eles, mas não conseguiram. Ele devia estar a 170km/h na hora que ele jogou o carro pra cima da gente. Nunca tínhamos visto esse menino. Ele nem estava na festa. Não sabíamos nem se ele que roubou o celular".

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