Cidades

Brasiliense que está na mostra The Art of The Brick fala ao Correio

Taissa Zveiter, que atua em curta incluído na exposição de Legos, conta um pouco da boa experiência artística que vive nos EUA e da relação com a capital federal

Leonardo Meireles
postado em 03/05/2017 06:00

Taissa vem a Brasília todos os anos para visitar a família e os amigos: fã do açaí à beira do lago


Em uma cafeteria na pequena e ensolarada Lawndale, no condado de Los Angeles (EUA), Taissa Zveiter, 27 anos, lembra com um sorriso da infância e da adolescência em Brasília e das férias que passa todos os anos na cidade. A ex-estudante de nutrição adora a batalha diária como atriz nas terras ianques, mas não deixa que os laços com a capital federal sejam cortados. Até de forma não intencional. Há sete anos, ela foi para os Estados Unidos a fim de perseguir o sonho na dramaturgia. Um de seus trabalhos, o curta-metragem Daddy warblocks, é destaque na exposição The Art of The Brick, do artista Nathan Sawaya, em Brasília. No filme, ela faz uma das personagens principais: uma boneca de Lego que se torna real.


Taissa não tinha a mínima ideia de que aquele curta havia chegado a Brasília. Uma tia viu, reconheceu a sobrinha e mandou um WhatsApp para confirmar a informação. Era ela mesma. A avó cuidou de distribuir a notícia para a família inteira, amigos, vizinhos e qualquer um que perguntasse como estava aquela neta que tentava a vida nos Estados Unidos como atriz.

;Eu nem acreditei porque não sabia que o Nathan Sawaya usava o filme na exposição;, conta Taissa, conversando com a reportagem via vídeo e bebericando um café gelado tamanho grande. Para ela, ter feito parte de Daddy warblocks tinha sido uma experiência suficiente intrinsecamente. ;O curta foi a colaboração de muita gente apaixonada pela história criada pelo diretor Chris Nash;, lembra.

Nash encontrou com o próprio escultor Natha Sawaya, que também adorou o projeto e resolveu ajudar. Tanto melhor para que amigos e familiares de Brasília soubessem que o sonho de Taissa estivesse se tornando realidade.

A atriz nasceu nos EUA, porque os pais, Paula e Oscar, trabalhavam lá, mas veio para a capital federal ainda com 2 anos de idade. A menina, louca pela área artística desde muito nova, aprendeu aqui o balé ; que praticou por mais de 11 anos ; e fez as primeiras aulas de teatro, canto coral e circo, sempre sob os olhares atentos dos pais. ;Eles sempre me deram muita força, sempre foram muito abertos sobre minha vontade de seguir por esse caminho;, diz Taissa, assídua frequentadora do Parque da Cidade, do Pier 21, do açaí da Mormai e de todos os shoppings de Brasília. ;Todo ano, nas férias, eu vou para Brasília. Aí, sempre quero conhecer o que há de novo por aí, os lugares bons de comer e tal;, afirma.

Atrás do sonho

Sim, apaixonada por Brasília, mas com a certeza de que a vida dela estava nos palcos. Por isso, resolveu deixar a faculdade de nutrição para tentar a vida como atriz. ;Nós nos conhecemos quando entramos na faculdade e logo nos tornamos amigas. Eu a admiro muito pela coragem de correr atrás dos sonhos dela, pela forma como busca ser excelente em tudo o que faz;, elogia a amiga Jamila Vital, companheira de saídas quando Taissa vem a Brasília para visitar o pai e o resto da família ; a mãe, atualmente, mora e trabalha em Orlando. Aliás, Paula, a mãe, fã incondicional da filha, diz que a relação de Taissa com os parentes é tão forte que todos os dias, antes de dormir, as duas precisam se falar, contar como foi o dia e desejar boa noite uma para a outra.

Há sete anos, Taissa seguiu para estudar no Arizona. Lá, fez um curso técnico de dois anos, participou de musicais, peças, fez curso para aprender o que rola nos bastidores e até produção. ;Depois, preferi ir para a Califórnia porque era mais quente;, sorri, explicando a preferência do destino que escolheu há quatro anos. Desde então, está na correria. ;A coisa mais difícil é porque você tem que estar sempre atrás do próximo trabalho, não dá para desistir. Tem que ter a cabeça fria e ser otimista. Só assim se consegue crescer na profissão;, ensina a jovem.

Experiências positivas

A brasiliense afirma que teve mais experiências positivas que negativas. ;Um dia, por exemplo, fui com a cara, a coragem e meu currículo para uma empresa grande, muito grande. Fui muito bem recebida e já fiz um teste;, conta Taissa. A tal empresa é a Netflix e a produção é uma série chamada Atypical, ainda sem data para estrear.

Outra experiência positiva: certa vez, fez um comercial e ficou esperando o pagamento. Quando o cheque chegou pelos correios, era o triplo do que ela esperava receber. ;Pensei na hora: ;Já dá para pagar o aluguel do mês. E é isso: a pressão é constante porque você tem que pagar contas todos os meses;, argumenta.
No início deste ano, mais uma surpresa: foi chamada para participar de uma propaganda do Google Maps, que rodou o mundo inteiro. ;Eu fiquei sabendo do teste na escola onde faço algumas aulas de teatro e resolvi arriscar. O teste aconteceu no domingo e, na terça-feira, eu sabia que estava contratada;, diz a ;sortuda;. ;O meu pensamento é que tudo o que você faz ajuda muito na carreira, ajuda a criar uma credibilidade;, termina a fã das atrizes Rachel McAdams e Rose Byrne.

A atriz ao lado da boneca construída com peças de Lego para o filme Daddy Warblocks

Os tijolos criam vida


A história de Daddy Warlocks é sobre um artista que perdeu a família e nunca mais saiu de casa. Tudo o que faz é dentro da própria residência. Um dia, recebe um pacote com o que seriam peças de Lego mágicas. Ele decide construir uma filha para ele com os pequenos tijolos. A boneca, Penny ; personagem de Taissa Zveiter ;, cria vida e interage com o artista. A partir daí, ele decide reconstruir a família e tem uma lição sobre passado, presente e futuro.


The art of the brick


Exposição de esculturas feitas com Lego por Nathan Sawaya. Visitação até 21 de maio,
de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingos e feriados, das 11h às 23h.
Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia), no subsolo do Shopping Iguatemi.

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