Cidades

Morre, aos 22 anos, jovem que lutava contra a leucemia

Natália Freire passou por tratamentos durante mais de um ano e chegou a se casar no hospital. Para o marido dela, a jovem deixou um legado importante para o incentivo a doação de medula óssea

Paulo Gonçalves*
postado em 11/05/2017 21:50
Natália com o marido, Júnior, durante tratamento no hospital
Após um ano e dois meses lutando contra a leucemia, Natália Freire Vieira de Oliveira, 22 anos, não resistiu. Natália se casou quando já estava internada e a família chegou a promover campanha de doação de medula óssea. Ela morreu na última terça-feira (9/5), às 16h30. O velório e o enterro ocorreram na Bahia.


O marido dela, Júnior de Oliveira, 28 anos, contou que, nessa época, a leucemia tinha acabado de voltar. ;Veio mais forte e se infiltrou no sistema nervoso. Curava a medula e o sistema nervoso era afetado;, recorda. ;Mas ela não se entregou em nenhum momento: ela conseguiu vencer. Surgiram dois doadores de medula. A chance de encontrar um doador é de uma em um milhão - ela encontrou três -, mas não teve oportunidade de transplante;, emociona-se.

[SAIBAMAIS]O rapaz, emocionado, descreveu como foram os últimos momentos. ;A gente se despediu, passamos o fim de semana todo juntos, com a mãe dela, felizes;, lembra. ;Na segunda-feira, trocamos palavras de amor. Na terça, entrei para dizer ;eu te amo; e ela já estava muito debilitada;, acrescenta.

A jovem, como lembrou Júnior, fez de tempos intempestivos uma ocasião para motivar as pessoas, enaltecendo a importância da doação de medula óssea e dando lições diárias de resiliência. ;A Natália é incrível. O legado que ela deixa é impressionante. Eu sou um cara realizado por ter tido uma pessoa como ela ao meu lado. O que ela nos deixa é mais importante do que qualquer tristeza;, afirma.

Tratamento

Natália descobriu a doença em fevereiro de 2016. Passsou por sessões de quimioterapia até junho, quando os médicos, depois de uma bateria de exames, constataram que a irmã mais velha tinha 100% de compatibilidade, o que possibilitou o transplante de medula óssea. Em julho daquele ano, o procedimento foi realizado. Após 44 dias internada no hospital, ela voltou para casa.

Em uma consulta de rotina em janeiro deste ano, no entanto, os médicos constataram que a doença havia voltado. Foi submetida, portanto, a um novo ciclo de quimioterapia e necessitou, mais uma vez, de um transplante de medula óssea. ;Eu ainda me questionei se queria passar por tudo isso novamente. É tão difícil. A mente da gente pode até aguentar, mas o corpo, às vezes, não suporta. Aí, depois, eu parei para pensar: pela minha família, por Deus, eu vou lutar, eu vou tentar;, disse Natália, em entrevista ao Correio em janeiro deste ano.
A jovem lutou por mais de um ano contra a leucemia mieloide aguda M4. ;Venceu a leucemia e voltou pros braços de Jesus. Ela é a mulher maravilha, ela é a maior guerreira de todas! ;, publicou a página O diário de Bia - Vencendo a Leucemia, no Facebook. A postagem, em três horas, teve mais de 1,6 mil reações e mais de 100 comentários de força e de apoio à família.
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer

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