Cidades

Velório de Lucas Neres será realizado nesta terça-feira, em Planaltina

O corpo de Lucas Neres, que lutou a vida toda contra uma doença no pulmão, deixou Porto Alegre às 15h30 desta terça e deve chegar a Brasília às 21h. O traslado e as cerimônias fúnebres foram organizados pela filial brasiliense da torcida Mancha Verde, do Palmeiras

Fernando Jordão - Especial para o Correio
postado em 15/05/2017 15:53
Lucas Neres na escola
O velório do jovem Lucas Neres será realizado a partir das 9h desta terça-feira (16/5), no Templo Ecumênico do Cemitério de Planaltina. O sepultamento está marcado para as 17h, no mesmo local. Lucas, 20 anos, morreu na madrugada do último domingo, após passar toda a vida lutando contra uma bronquiolite obliterante, uma grave doença pulmonar.

[SAIBAMAIS]O garoto brasiliense morreu no Rio Grande do Sul, para onde se mudou no ano passado, na esperança de conseguir um transplante de pulmão. Ele estava internado na UTI do hospital Santa Clara, na Santa Casa de Misercórdia de Porto Alegre desde 3 de abril. O corpo deixou a capital gaúcha às 15h30 desta terça e deve chegar a Brasília às 21h, após fazer uma conexão no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A mãe de Lucas, Irani Neres, está no mesmo avião.
Lucas Neres com camisa da Mancha Verde
O traslado e as cerimônias fúnebres foram organizados pela filial brasiliense da torcida Mancha Verde, do Palmeiras, time pelo qual o rapaz era apaixonado. "O Lucas é nossa família. Ele faz parte da Mancha. Não é só um garoto que a gente ajudou anos atrás e acabou. Conhecemos a história dele por meio de uma reportagem do Correio e quando fomos encontrá-lo, sua alegria e seu esforço para viver nos cativaram. A dona Irani foi uma guerreira, e isso era o mínimo que a gente podia fazer para ajudá-la", afirma o integrante e ex-presidente da organizada Robson Damacena.

Outra integrante da Mancha que está ajudando a organizar a despedida de Lucas, Clécima Campos lembra que chegou a ficar tão próxima do garoto que ele a chamava de Mãe 3 (as outras duas eram a avó e Irani). Exatamente por essa relação de afeto, ela afirma não ter palavras para descrever a dor da perda. "É a perda de um filho. Um filho que não nasceu da minha barriga, mas um filho de coração, que eu abracei. O sofrimento é grande, mas como é a vontade de Deus que prevalece, a gente vai ser forte. Ele foi guerreiro e nós precisamos ser também", disse, emocionada.

A história de um guerreiro

Lucas nasceu no Hospital Regional de Planaltina. Logo no primeiro mês de vida, a doença já começou a manifestar os primeiros sintomas, dificultando a respiração do bebê. Ao longo da vida, o rapaz, que perdeu todo o pulmão esquerdo e tinha o funcionamento do direito bastante comprometido, foi submetido a diversos tratamentos que não apresentaram resultado. Em diversas reportagens, o Correio acompanhou a história do garoto e sua incansável luta pela vida.

A esperança de Lucas era receber o transplante de um novo órgão. Em busca disso, a família realizou uma campanha para conseguir o dinheiro para levá-lo ao Canadá, onde o procedimento poderia ser realizado. Infelizmente, a verba necessária não foi alcançada. No entanto, por obra do destino, o aparelho para a realização do transplante chegou a Porto Alegre no ano passado. Desde então, o rapaz e seus familiares se mudaram para a capital gaúcha.
Lucas Neres com a mãe, na casa em que eles viviam, em Planaltina

Enquanto aguardava a chegada de um novo pulmão, a situação de Lucas se agravou. Desde 3 de abril, ele estava internado na UTI do hospital Santa Clara, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. De acordo com a mãe, Irani Neres, uma equipe de 25 profissionais fazia de tudo para melhorar o quadro clínico, mas o garoto não reagia aos tratamentos. Mesmo assim, ele não perdia as esperanças. ;A última vez que ele falou foi em 5 de abril. Ele olhou para os médicos e disse: ;Eu sou o Lucas. Sou de Brasília. Espero um pulmão e vou receber. Deus está comigo;. Depois, ele cantou a música Já deu tudo certo, do Padre Marcelo Rossi;, relatou Irani.

Na última terça-feira, Lucas entrou em coma e só respirava com o auxílio de aparelhos. A mãe conta que seu pulmão estava endurecido e os médicos desconfiavam que ele havia desenvolvido uma doença autoimune ; por isso não respondia aos tratamentos. Enquanto esteve internado, o garoto também sofreu algumas paradas cardíacas. Por isso, os médicos realizaram um eletrocardiograma na sexta-feira e aguardavam o resultado do exame.

;Os médicos me disseram que, dependendo do que o exame mostrasse, seria preciso tomar uma decisão muito difícil. Eles não me disseram o que era, mas eu imaginava que era para desligar os aparelhos. Como eu sou muito devota de Nossa Senhora de Fátima e o Lucas também era, fui a uma missa no sábado [data em que foi comemorado o centenário de aparição da Santa] e pedi a ela que eu não tivesse que tomar essa decisão. Eu entreguei o Lucas nos braços dela;, contou a mãe.

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