Walder Galvão*
postado em 17/05/2017 06:00
No Distrito Federal, relatos sobre roubos de animais se tornam frequentes. Cachorros de raça estão na mira dos bandidos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF), de janeiro a março deste ano, foram registradas 100 ocorrências de desaparecimento ou furtos de animais. Um choque para a vida de pessoas e famílias que têm uma relação afetiva com os pets.
O levantamento realizado pela SSP-DF mostra que o número de furtos de animais cresceu nos dois últimos anos. Em 2015, foram registrados 350, já em 2016, 401 casos foram registrados. Entretanto, entre janeiro e março do ano passado, aconteceram 105 casos, cinco a menos do que o mesmo período de 2016. Mesmo com a baixa nos dados apresentados, a queixa entre os donos de pet é crescente.
De acordo com a diretora-geral da Associação Protetora dos Animais (Proanima-DF), Valeria Sokal, desde 2014, esse tipo de crime ganhou força. ;Há poucos anos não existia essa situação. Agora, são mais frequentes os casos que chegam aos nossos e-mails. Recebemos muitos pedidos de ajuda para divulgar fotos de animais;, destaca.
Valéria atua na instituição como voluntária há 11 anos. Nos últimos sete meses, começou a desempenhar a função de diretora. Ela afirma que existe uma série de medidas que os donos podem seguir para evitar que um pet, principalmente os cachorros, sejam roubados. ;Os donos precisam passear com o cão sempre na guia. Isso evita que o animal fique solto e alguém mal intencionado passe e leve o bicho. Além disso, é recomendável colocar plaquetas de identificação e o número de telefone na coleira. Aqueles que podem gastar com localizadores no animal, devem realizar o investimento;, orienta. Valéria também ressalta que os animais de raça são o alvo dos bandidos por apresentarem um valor elevado.
Drama
A pequena casa de madeira vazia, os brinquedos espalhados, os diversos vestidos em miniatura e a tigela sem ração denunciavam o sumiço da shih tzu Princesa na residência de Bárbara Priscila Oliveira Cunha, 28 anos. A cadela de 2 anos desapareceu no dia 22 do mês passado, em Samambaia Sul, e só foi encontrada depois de mais de 20 dias.
Na época, a família se uniu para encontrá-la. ;No momento em que abrimos o portão pra receber uma visita, ela e nossa outra cachorra, a Belinha, saíram pra rua e não percebemos. Pouco tempo depois, notamos a ausência delas e fomos atrás. Só encontramos uma das cadelas, a Princesa havia sumido;, lamenta Bárbara. Até mesmo os vizinhos se uniram na procura. Em seguida, a dona da cadela foi até a delegacia da região registrar ocorrência.
Panfletos de procura-se, campanha em redes sociais e até mesmo oferta de recompensa foram as maneiras que a família usou para tentar encontrar a cachorra. Bárbara mora com o marido Tiago Alves Santiago, 29 anos, e os filhos, Davi, 3, e Melyssa, 9. Todos se empenharam na busca. ;Espalhamos cartazes com fotos dela pela rua. A polícia também disse que investigaria o caso. Nossos vizinhos se mobilizaram;.
Na última sexta-feira, a cunhada dela encontrou Princesa na casa de uma pessoa que mora a uma quadra de distância da família. ;Assim que soubemos, fomos até o lugar e conseguimos pegar a Princesa de volta. Um homem tinha encontrado ela na rua e, simplesmente, a levou para criar. Ele disse que viria até nossa casa para conversar sobre a situação, mas ,até agora, nada;, conta.
* Estagiário sob supervisão de José Carlos Vieira
Dicas de cuidados com o seu animal
; Sempre andar com o animal preso à coleira. Isso evita que ele fique solto e uma pessoa o pegue na rua
; Colocar a identificação e um número para contato na parte de dentro da coleira do bicho. Assim, quem o achar poderá devolvê-lo com facilidade
; Cuidado com as recompensas. Esse incentivo pode levar pessoas a roubarem outra vez animais, justamente pelo prêmio oferecido
; Sempre registre boletim de ocorrência. A polícia pode auxiliar na investigação de um animal desaparecido
; Em caso de roubo ou desaparecimento do pet, procure a delegacia mais próxima e registre ocorrência
Trauma familiar
A quebra do vínculo com um animal doméstico é sentida de várias formas pelas pessoas. De acordo com o psicólogo Alexandre Cavalcante Galvão perder um bicho de estimação de forma abrupta pode ser mais doloroso quando acontece de forma natural, como morte por envelhecimento. ;Apesar de ser duro, os donos dos pet já sabem a expectativa de vida deles. Isso já forma uma preparação para quando o animal partir. Porém, se o bichinho sofre acidente, ou é roubado, o sentimento é outro. As pessoas ainda esperavam viver muito tempo com o animal;, explica.
O psicólogo também ressalta que, dentro de uma família, a quebra desse vínculo é encarada de diferentes formas. ;Todos que têm uma vinculação com o animal sofrem. Mas, para uma criança, pode ser mais difícil lidar com esse tipo de situação. Porém, isso os incentiva a lidar com a vida. Eles começam a pensar na existência como finita e gera um aprendizado importante;, pondera.
Detetive de animais
Com o aumento de ocorrências de desaparecimento de animais, seja por furto ou roubo, o Distrito Federal tem detetives especializados em elucidar esse tipo de caso. Edilmar Lima é um desses profissionais, ele trabalha com investigações há mais de 20 anos, no entanto, desde 2013, começou a focar em desaparecimento de bichos. ;Comecei investigando o desaparecimento de um pet de uma ex-namorada, e ela sugeriu que eu incorporasse esse seguimento ao meu trabalho, acatei a sugestão e não parei mais;, lembra. Para o profissional, os métodos são semelhantes ao de procurar uma pessoa que sumiu.
Em quatro anos, o investigador relata que já resolveu mais de 200 casos de animais desaparecidos. Edilmar explica que um caso pode levar de 15 a 90 dias para ser solucionado, porém, já houve situações em que um animal foi encontrado quase um ano depois de ter sumido. ;Quem encontra um pet e se nega a devolver ao proprietário legítimo pode responder por crime;, alerta.