Helena Mader
postado em 20/05/2017 08:00
A quebra do sigilo das delações da JBS evidenciou a magnitude da influência da empresa no cenário político brasileiro. O principal executivo do conglomerado, Joesley Batista, listou doações a 1.829 candidatos de 28 partidos durante a corrida eleitoral de 2014. Os, à época, concorrentes ao Palácio do Buriti estão entre os que contaram com as contribuições ; Agnelo Queiroz (PT), Jofran Frejat (PR) e Rodrigo Rollemberg (PSB) receberam, juntos, R$ 985.899.
Entre os candidatos ao Executivo local, Rollemberg é o que mais recebeu doações. O governador do DF obteve R$ 852.832 da JBS. A maior parte das transações passou, antes, pelas mãos da Direção Distrital do PSB. Apenas em uma oportunidade, dois dias antes de ser eleito, a doação ; de R$ 450 mil ; ocorreu de maneira direta, via transferência eletrônica. A JBS ainda destinou R$ 500 mil à campanha de Frejat, por meio de depósito em espécie, em 24 de outubro, dois dias antes do segundo turno das eleições. O montante tramitou, de maneira prévia, no Diretório Nacional do PR.
A Agnelo Queiroz, a JBS dividiu o repasse de R$ 83.067 em onze parcelas ; todas pagas quando o petista já havia deixado a corrida pelo Palácio do Buriti. Os subsídios foram destinados ao ex-governador pelo Comitê Financeiro Único do PT.
O deputado federal Ronaldo Fonseca (Pros-DF) também foi beneficiado pelas doações. O parlamentar recebeu, por meio da Direção Nacional do partido, R$ 75 mil ; divididos entre uma parcela de R$ 25 mil e noutra, de R$ 50 mil. Os distritais não ficaram para trás. Durante a corrida por um assento na Câmara Legislativa, Julio Cesar (PRB) recebeu R$ 9.545 e Rodrigo Delmasso (Podemos), R$ 34.695.
Há, ainda, nomes conhecidos pelo brasiliense que, apesar das doações, não conseguiram emplacar a candidatura. É o caso do Dr. Charles (PR). O ex-distrital recebeu R$ 100 mil durante a campanha eleitoral. Outros concorrentes do PRB também foram agraciados com os valores, como Valdeni Leite da Silva (R$ 10.445 mil) e Claudeci Xavier (R$ 2.450 mil).
Ao Correio, Paulo Fona, secretário de comunicação do governo socialista, informou que as doações são ;absolutamente legais;. ;Os valores recebidos foram declarados à Justiça Eleitoral e, posteriormente, aprovados;, acrescentou.
Jofran Frejat alegou que, por receber o valor via Diretório Nacional, não tem detalhes sobre a origem do dinheiro. ;Tive apenas um mês de campanha. Então, sequer chequei a parte financeira. A doação foi feita ao partido, que a direcionou a mim;, explicou.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Agnelo Queiroz. Ainda assim, o valor que consta na lista de Joesley, está discriminado na prestação de contas do petista à Justiça Eleitoral, assim como na dos demais mencionados na reportagem.