Cidades

Prisões temporárias de Arruda e Agnelo podem se tornar preventivas

Segundo disse o procurador da República Francisco Guilherme Bastos à radio CBN, os detidos na operação que apura fraudes no Mané Garrincha foram presos temporariamente, mas há possibilidade de a detenção se tornar preventiva

Gabriela Vinhal
postado em 23/05/2017 11:55
Segundo disse o procurador da República Francisco Guilherme Bastos à radio CBN, os detidos na operação que apura fraudes no Mané Garrincha foram presos temporariamente, mas há possibilidade de a detenção se tornar preventiva
O procurador da República Francisco Guilherme Bastos, um dos responsáveis pela Operação Panatenaico, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para apurar irregularidades na construção do Estádio Mané Garrincha, afirmou, nesta terça-feira (23/5), em entrevista à radio CBN, que a prisão temporária das pessoas detidas ; entre elas os ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda ; pode se tornar preventiva.

A investigação analisará os elementos coletados para aprofundar o processo e ter "robustez" na ação penal que será, segundo o procurador, "proximamente ajuizada". "Temos provas testemunhais e documentais, foi uma história bem montada. A prisão ainda não é preventiva, é temporária. Assim, permite que as investigações sejam ainda mais aprofundadas. Mais para frente, podemos tornar essa prisão temporária em preventiva", explicou.

De acordo com Bastos, a investigação do MPF começou a partir de um encaminhamento da documentação inicial para abrir um inquérito na PF. Foram, então, realizadas perícias preliminares. Foram levantados elementos e provas na ocorrência desses crimes como sobrepreço, cartel e pagamento de propinas para agentes políticos e públicos. "Eles se beneficiaram com os desvios desta obra e receberam pagamentos indevidos para liberar este projeto. Infelizmente, isso tem se repetido pelo Brasil", lamentou.

Inicialmente, Bastos conta que a propina foi estabelecida a um preço fixo. Definida ainda no governo Arruda, a porcentagem era de 1% do valor do Mané Garrincha. O esquema foi seguido pelos próximos gestores, e houve pequenas variações. Com as dificuldades no decorrer da construção, alguns agentes públicos "se aproveitavam" desses entraves para pedir mais dinheiro.

Financiamento de campanha eleitoral


"A propina era paga através de financiamento de campanha eleitoral, dinheiro e em contratos simulados. Sempre que havia dificuldade para o pagamento de alguma fatura, ou algum serviço prestado, o valor variava".

O procurador informou que o MPF quer a devolução desses valores. "Solicitamos o bloqueio de bens, tanto da Via Engenharia quanto dos outros envolvidos. Inicialmente, houve um pedido do MPF que houvesse o bloqueio de R$ 450 milhões da construtora, que seria metado do valor do sobrepreço inicial, fixado em R$ 900 mi. Contudo, foi estabelecido o valor a R$ 100 milhões. Em relação a Andrade Gutierrez, ela devolverá R$ 1 bilhão de reais", finalizou.

Operação Panatenaico

Além da prisão dos ex-governadores José Roberto Arruda, Agnelo Queiroz e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli, foram expedidos mandados de prisão contra os ex-presidentes da Novacap Maruska Lima e Nilson Martorelli, o ex-secretário Extraordinário da Copa do Mundo Cláudio Monteiro, os empresários Jorge Luiz Salomão e Sérgio Lúcio Silva Andrade, e o dono da construtora Via Engenharia, Fernando Márcio Queiroz.

A Polícia Federal também cumpriu mandados de busca e apreensão nos escritórios de advocacia de Wellington Medeiros e de Luís Carlos Alcoforado, além de apreender documentos nas residências de todos os investigados com mandados de prisão. Os dois advogados foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimentos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação