Jornal Correio Braziliense

Cidades

'Não foi um acidente, foi um crime', diz viúva de vítima de racha na L4 Sul

A polícia ainda investiga o suposto racha na L4 Sul que resultou na morte de duas pessoas. Um mês após o crime, ninguém foi indiciado

[SAIBAMAIS] Fabrícia, assim como toda a família de Ricardo e Cleusa, não aceitam a naturalidade com que o caso é encarado. "O que eu mais ouço é que não vai dar em nada", detalha a mulher de Cayres. Para ela, as pessoas encaram como normal o fato de alguém dirigir depois de beber, apostar corrida, e ainda acham que não precisam se responsabilizar pelos seus atos. "Uma coisa que eu insisto, é que isso foi um crime, não foi um acidente. Duas pessoas morreram", lembra ela, com pesar.

Fabrícia se diz cansada. Cansada de olhar os jornais todos os dias, e ver diversos casos semelhantes. Todos com resultados que não vão ao encontro da expectativa das famílias das vítimas: "O crime de trânsito virou um crime socialmente aceito".

Para ela, não importa se houve racha ou se os motoristas estavam bêbados. "Houve um crime", reafirma. "Um sargento do Corpo de Bombeiros, um advogado, pessoas esclarecidas, teoricamente amadurecidas, que sabem que tem que tomar responsabilidade das suas atitudes", diz ela, citando os motoristas dos outros veículos, que, segundo testemunhas, promoviam um racha no momento em que a tragédia aconteceu.

Relembre o caso

A colisão aconteceu em 30/4, próximo à Ponte das Garças, às margens do Lago Paranoá. Três veículos participavam de uma corrida ilegal, segundo relatam testemunhas, quando um deles atingiu a traseira do carro da família de Fabrícia.

Na colisão, Ricardo Clemente Cayres, então com 46 anos, e Cleusa Maria Cayres, 69, perderam suas vidas. Outros dois parentes, Osvaldo Clemente, de 72, e Elberton Silva, de 37, ficaram feridos, mas sobreviveram ao triste episódio. O carro ficou completamente destruído. Os outros motoristas envolvidos na batida admitiram que haviam ingerido bebida alcoólica antes de dirigir.

O advogado Eraldo José Cavalcante Pereira, 34 anos, e o sargento do Corpo de Bombeiros Noé Albuquerque Oliveira, 42, são suspeitos de envolvimento no pega. Também estaria envolvida na corrida Fabiana de Albuquerque Oliveira, 37, tenente do Exército. Ela foi a única que permaneceu no local do acidente. Todos foram ouvidos, prestaram depoimentos, mas ninguém responde pelos crime.