Cidades

Acusado de estupro é solto após jovem admitir que mentiu sobre o crime

Alan Wenceslau foi preso na tarde de 29 de maio acusado de estuprar uma menina de 14 anos na saída de uma escola de Planaltina

Adriana Bernardes
postado em 03/06/2017 10:34
Um auxiliar de serviços gerais de Planaltina viveu a pior semana de toda a sua vida. Na tarde de 29 de maio, Alan Wenceslau, 27, foi preso por policiais militares quando chegava em casa, no Jardim Roriz. A acusação? O estupro de uma adolescente de 14 anos."Eu fiquei desesperado. Não sabia o que estava acontecendo. Eles disseram que eu era procurado por estupro", conta.
Alan Wenceslau foi preso na tarde de 29 de maio acusado de estuprar uma menina de 14 anos na saída de uma escola de Planaltina
Alan foi levado para a 31; Delegacia de Polícia (Planaltina) e interrogado. Disse ter contado aos policiais que trabalhou a manhã toda e que estava na companhia de pessoas que poderiam confirmar a sua história. Acabou sendo transferido para carceragem e, depois, para o Complexo Penitenciário da Papuda, de onde saiu na manhã deste sábado (3/6). "Não quiseram me ouvir. Queriam que eu confessasse isso, mas eu não fiz."

[SAIBAMAIS]Funcionário de uma escola pública na cidade, Alan iniciou o expediente às 6h. De acordo com o advogado dele, Rodrigo da Cruz Santos, apesar de não ter assinado a folha de ponto, colegas de trabalho confirmaram que ele estava no colégio. Por volta das 8h, a pedido do chefe, Alan ajudou a descarregar um caminhão em outra instituição de ensino da cidade. "Fui à delegacia falar com o delegado sobre essas testemunhas, mas não fui ouvido. O Alan disse que na escola tinha câmera de segurança e que todos saberiam onde ele estava. Ainda assim, não fomos escutados", reclama Rodrigo.

"Não sinto nada "

Alan é solteiro e mora com os pais, um funcionário público e uma dona de casa. Quando conversou com a reportagem por telefone, estava a caminho de casa, na companhia do advogado. Ele disse que não conhece a jovem que o acusou de estupro e que não tem raiva dela pelo que fez. "Não sinto nada. Não sei quem é a menina. Nunca (a) vi. Pra mim não faz diferença. Acho que é uma pessoa ruim fazer isso com a outra. Nem me conhece e faz uma coisa dessas", lamentou.

Perguntado como será a vida de agora em diante, ele responde que não sabe. "Espero que todos os jornais e TVs contem a minha história para que as pessoas vejam que sou inocente. Quero meu emprego e viver minha vida. Não fiz nada e não devo nada para ninguém", afirma.
Por e-mail, a Divisão de Comunicação da Polícia Civil informou que, durante a investigação, várias testemunhas foram ouvidas. Ficou demonstrado que não ocorreu o crime de estupro comunicado pela suposta vítima. Ao ser confrontada com as novas provas, em seu terceiro depoimento, ela se retratou de suas versões anteriores, contando que toda a acusação feita era mentirosa e sequer tinha havido o crime de estupro. Diante disso, foi feito o pedido de revogação da prisão do acusado.
De acordo com o Sindicato dos Policiais Civil do DF (Sinpol), os investigadores desconfiaram da versão da adolescente e realizaram várias diligências, oitivas de testemunhas, checagem de câmeras de segurança, percurso da vítima e do acusado e tempo de deslocamento. Com isso, os investigadores descobriram a farsa. A adolescente responderá por ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa. Se nada fosse feito Alan poderia responder injustamente por estupro de vulnerável. A pena é de 8 a 15 anos de reclusão.

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