Cidades

Após ser sequestrado, o bebê Jhony Júnior tem seu primeiro dia em casa

Campanha do Correio arrecada fraldas, roupas e alimentos para a família de Jhony. O bebê passou a primeira noite em casa, na Estrutural, após ser raptado do hospital na terça-feira

Otávio Augusto
postado em 08/06/2017 12:40

A família vive no Setor de Chácaras Santa Luzia, na Estrutural, e precisa de ajuda para completar o enxoval do bebê

A quinta-feira (8/6) teve um sabor especial para Sara Maria e Johny dos Santos. Depois de passar pelo drama de ter o filho recém-nascido, Johny Júnior, sequestrado do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o casal pôde, enfim, passar seu primeiro dia em casa com a criança.

Os sorrisos deixam clara a felicidade da família. "A melhor coisa é ter meu filho e minha esposa em casa. Passei dois dias de muita revolta, mas isso está sendo recompensado", comemora o pai, 20 anos, recebendo amigos e familiares com grande alegria na casa de madeirite de cerca de 40 metros quadrados, na Cidade Estrutural.

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"Ele não é lindo?", pergunta Sara, 19 anos, enquanto amamenta o bebê. Depois, conta que ainda se recupera do susto: "Aos poucos, estou mais tranquila. Isso não quer dizer que eu não tenha raiva do que fizeram".


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A vida da família não é fácil, porém. A casa é muito quente, e as frestas nas paredes de madeira indicam que Júnior não tem toda a segurança a que uma criança tem direito. A poeira entra facilmente, e, na cozinha improvisada, mais sinais da escassez: um fogão, duas panelas e pouquíssimos mantimentos.

[SAIBAMAIS]Como muitas famílias do Setor de Chácaras Santa Luzia, área carente da Estrutural, a renda vem do lixão. A soma do que se ganha o mês inteiro é menos que um salário mínimo. "Não vou dizer que é fácil, mas vamos fazer o possível para ele ter um vida boa", ressalta o pai.


Sara veio do Piauí há cerca de um ano para trabalhar como babá na casa de uma tia. Não deu certo. Estudou até a 4; série do ensino fundamental. Jhony permaneceu mais tempo na escola, concluiu o primeiro ano ensino médio. Nascido e criado no lixão, ele conta do drama diário. ;As coisas faltam, a gente tem pouca estrutura, e o preconceito é grande. Só por morar aqui, as pessoas já julgam que somos de índole ruim;, lamenta.

;Quero justiça;

Esta é a primeira vez que Jhony fala sobre o assunto. Pede para ver as reportagens que foram publicadas nos últimos dois dias. Desde que a criança foi sequestrada pela ex-estudante de enfermagem Gesianna de Oliveira de Alencar, 25 anos, o jovem ficou mergulhado em sua própria revolta.

"Uma pessoa dessas não merece perdão. Ela tentou construir a facilidade dela destruindo uma família. Não se pode acreditar que ela tenha coração. Ninguém sabe como meu filho ficou, a fome que passou", diz, emocionado.

Sara comenta pouco o assunto. Ainda é uma ferida aberta. Desviou das perguntas sobre a sequestradora, mas foi enfática. "Tenho raiva, muita raiva. Quero justiça", resume.

;Uma vida mais digna;

Apesar das dificuldades, os pais desejam para o bebê um futuro completamente diferente do que vivem. "Ele vai estudar, vai crescer na vida e ter orgulho da família", sonha Jhony. A mãe completa: "Ele tem que ser muito feliz". O casal brinca sobre qual será a profissão de Júnior. Simultaneamente, chegam a uma conclusão: jogador de futebol. "Ele vai ser bom de bola." Eles riem enquanto acariciam Jhony Júnior.

A avó paterna acompanha tudo de perto. Em vários momentos, Dalvina Maria dos Santos, 40 anos, se emociona. ;Aqui pode ser pobre, um lugar feio; e a família, muito humilde. Mas tem amor. É isso que nos sustenta e nos mantém juntos. Esse menino (aponta para Jhony Júnior) vai crescer, saber do que aconteceu, mas vai se lembrar também do amor que sempre recebeu. O amor vai nos levar em frente;, afirma.

Ajude o Jhony

Desde a noite de quarta-feira (8/6), pessoas procuraram o Correio demonstrando interesse em fazer doações para a família. Até a tarde desta quinta-feira, (8/6), o casal já tinha ganhado fraldas e roupinhas, mas ainda precisam de ajuda com enxoval, mais fraldas, roupinhas de bebê e roupas também para os pais, que estão desempregados, além de utensílios para a casa.

As doações de roupa, leite, fraldas e outros itens de necessidade infantil para Jhony podem ser entregues na sede do jornal. Confira o endereço abaixo.

SIG Quadra 2, Número 340

Sede do Correio Braziliense

Edifício Edilson Varela

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