Otávio Augusto
postado em 09/06/2017 16:00
Um dia após a volta para casa de Jhony dos Santos Júnior, raptado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o marido da sequestradora da criança, o motorista Adriano Borges, 30 anos, publicou um desabafo numa rede social. Hoje, o bebê completou 15 dias de vida.
Essa é a primeira vez que ele comenta o assunto. Por volta das 22h desta quinta-feira (9/6), Adriano pediu ajuda. ;Deus me dê forças para superar tudo isso que está acontecendo;, escreveu. A mensagem recebeu o apoio de vários familiares e de amigos.
Depois, por volta das 2h da madrugada desta sexta-feira (9/6), ele, mais uma vez, falou sobre o sequestro. Se queixou das críticas que a família tem recebido. O texto foi em tom mais incisivo. ;Criticar os outros pelos erros cometidos é bom. Agora quero ver você se colocar na pele da pessoa na hora do sofrimento;, escreveu.
Adriano concluiu: ;Deus é justo e sabe o que faz! Ele escreve certo por linhas tortas;. A publicação recebeu mensagens de apoio e alguns amigos pediram notícias do rapaz.
O Correio tentou entrevistar Adriano. Ele chegou a atender a reportagem, mas, abalado, acabou se calando. ;Não estou em condições de falar sobre o assunto. Talvez futuramente;, disse, ao encerrar a conversa.
Casamento de dois anos
A ex-estudante de enfermagem Gesianna de Oliveira Alencar, 25 anos, sequestradora de Jhony, enganou, segundo o depoimento de familiares, o próprio marido. Eles se casaram há dois anos. Em novembro do ano passado, a moça postou, ao lado companheiro, uma foto comemorando a falsa gravidez. ;Teremos nosso primeiro pimpolho para amar, educar e da continuidade ao nosso amor;, escreveu, à época.
[SAIBAMAIS]Adriano não suspeitou da mentira da companheira, segundo as investigações da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS). As supostas consultas de pré-natal eram marcadas em horários em que ele estava trabalhando, portanto, nunca conseguia acompanhá-la. Eles se casaram em 2015. Viviam em um apartamento no Guará, onde Gesianna foi presa com o recém-nascido no colo.
O diretor adjunto da Divisão de Repressão ao Sequestro, Paulo Renato Fayão, contou, em entrevista coletiva na última quarta-feira (7/6), que, quando Adriano queria passar a mão na barriga da esposa, ela sempre se esquivava da situação. Paulo disse ainda que o casal não tinha relações sexuais há 6 meses.
Entenda o caso
Jhony foi sequestrado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), na terça-feira, um dia antes de ter alta. Sara Maria da Silva, 19 anos, havia dado à luz em um posto de saúde na Estrutural, em 25 de maio, e depois levada, com o filho, para o Hran.
As primeiras informações sobre o rapto surgiram na hora do almoço, quando a equipe de enfermagem percebeu que a criança não estava mais lá. Sara saiu do quarto onde estava internada com o filho para participar de uma ação social no hospital.
As buscas começaram com vigilantes e policiais militares. Todos que entravam ou saíam da unidade passavam por revista. A suspeita logo recaiu sobre uma mulher loira, vista carregando duas bolsas, uma azul e uma cinza, que acabou presa na última quarta-feira.