Cidades

Adeus a Wanessa, moça que fez o bem além da vida, lota o Campo da Esperança

Jovem que morreu na última quarta-feira fez com que a fila de doadores do Hemocentro triplicasse, ajudando a salvar muitas vidas

Fernando Jordão - Especial para o Correio
postado em 09/06/2017 19:28
Sepultamento de Wanessa Cristine Leite Alencar
A capela 1 do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, ficou abarrotada na tarde desta sexta-feira (9/6). Lotada de gente e de sentimenetos, como não poderia deixar de ser. Apesar da tristeza, houve espaço (e muito) para sentimentos positivos: amor, solidariedade, gratidão... Doce e amável eram os adjetivos mais utilizados por amigos e familiares de Wanessa Cristine Leite Alencar para definir a jovem em sua cerimônia para de despedida. A jovem, que morreu na última quarta-feira, aos 28 anos, foi vítima de uma púrpura trombocitopênica trombótica, uma doença rara, que atinge de 1 a 3 pessoas a cada 1 milhão de indivíduos e que faz com que o sangue coagule mais facilmente.
Nos últimos dias, o Distrito Federal conheceu a história dessa mulher, que foi esposa e sempre será a mãe de quatro filhos. Foi exatamente poucos dias depois do nascimento do quarto da prole, Diogo, que ela foi diagnosticada com a doença que lhe tirou a vida. No sábado, quando recebeu a notícia de que a mulher precisaria receber uma enorme quantidade de sangue por dia (equivalente ao que 13 doadores são capazes de fornecer), o marido de Wanessa, Brunno Eduardo, iniciou uma campanha nas redes sociais pedindo doações.

[SAIBAMAIS] O resultado foi imediato e prova o quanto Wanessa era querida por todos aqueles que conviviam com ela. A média de pessoas interessadas em doar sangue na Fundação Hemocentro de Brasília mais do que triplicou, saltando dos habituais 280 diários para 900. Depois da morte da jovem, a própria entidade publicou uma nota oficial em sua conta no Facebook para agradecer a mobilização solidária.
Infelizmente, a morte ; traiçoeira como é ; foi mais rápida do que a boa ação de amigos e desconhecidos. A jovem morreu na noite da última quarta-feira. Porém, como um legado póstumo, o sangue que foi doado em seu favor fez com que os estoques do Hemocentro aumentassem substancialmente, e servirá para ajudar a salvar a vida de outras pessoas. Mais uma prova da doçura de Wanessa que, mesmo depois de partir desta vida, continua fazendo o bem ao próximo.
"Eu não imaginava [que a campanha ganharia essa proporção]. Agradeço a todos e espero que essa mobilização continue. Não salvou a minha esposa, mas pode salvar outra pessoa. Peço que continuem doando, não por ela, mas por outras pessoas que precisam;, disse Brunno, durante o sepultamento.
Wanessa e o marido, Brunno Eduardo

História

Wanessa nasceu na cidade de Itapetim, no sertão de Pernambuco, mas veio para Brasília ainda criança. Criada pela mãe e pela avó, começou a namorar Brunno, que é seu primo de terceiro grau, aos 14 anos. Desde então, nutria o desejo de constituir uma família. Inclusive, a quarta gestação era um motivo de alegria imensurável para o casal. ;Ela sempre quis ser mãe. Sempre foi uma mãe atenciosa, dedicada e coruja, como eu sou. Graças a Deus a gente teve uma educação baseada no catolicismo e pôde caminhar junto com os nossos filhos, baseados na Igreja Católica. Todos os nossos filhos foram planejados e era nossa intenção ter o quarto filho mesmo. Era o sonho dela e o meu;, conta Brunno.
Isabella, 8 anos, Maria Alice, 5, Murilo, 2, e Diogo, que completou oito dias, são a herança que Wanessa deixa a Brunno. Uma família. Antes deles, havia ainda um outro filho, que seria o primogênito do casal. No entanto, Eduardo Henrique faleceu logo cedo. Nesta sexta-feira, tristemente, a mãe foi enterrada ao seu lado. A morte de Wanessa, aliás, foi marcada por uma série de infelizes coincidências. Ela fechou os olhos pela última vez no dia do aniversário de Murilo. E foi sepultada na data em que o marido completava 33 anos de idade.
Ainda assustado com a velocidade com que a doença de nome difícil vitimou sua esposa, Brunno busca na fé a força para seguir em frente. ;Vou precisar ter muita força, mas sei que foi feita a vontade de Deus;, finaliza.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação