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Marido de sequestradora desabafa nas redes sociais

Adriano Borges, casado há dois anos com a acusada de sequestrar o recém-nascido no Hran, publicou mensagens em que relata estar abalado

Quatro dias após o sumiço de Jhony dos Santos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o marido da sequestradora, o motorista Adriano Borges, 30 anos, quebrou o silêncio. Ele publicou em uma rede social desabafos e pediu ajuda. Adriano reclamou das críticas e ataques que ele e a família têm sofrido desde a última quarta-feira, quando a Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS) identificou que a ex-estudante de enfermagem Gesianna de Oliveira Alencar, 25 anos, entrou na maternidade e levou o bebê.

Essa foi a primeira vez que ele comentou o assunto. Usou um tom de tristeza para sintetizar o momento que está vivendo. ;Deus me dê forças para superar tudo isso que está acontecendo;, escreveu. A mensagem recebeu o apoio de vários familiares e de amigos. Alguns pediram notícias dele. ;Críticas sempre surgem, mas quem te conhece sabe o que você está passando. Espero que você e sua família superem tudo;, respondeu uma prima.

Mais tarde, no começo da madrugada de ontem, ele tornou a desabafar sobre o sequestro. Queixou-se das agressões e da exposição que a família tem sofrido. O texto foi em tom mais incisivo. Reclamou ainda da falta de apoio. ;Criticar os outros pelos erros cometidos é bom. Agora quero ver você se colocar na pele da pessoa na hora do sofrimento;, escreveu. Adriano concluiu o texto usando expressões religiosas.;Deus é justo e sabe o que faz! Ele escreve certo por linhas tortas.;

Há dois dias, o Correio tenta entrevistar Adriano. Ontem, ele atendeu a reportagem, mas, abalado, preferiu não se manifestar. ;Não me leve a mal, mas não estou em condições de falar sobre o assunto agora. Talvez futuramente;, disse, ao encerrar a conversa.

Enganado

Gesianna, a sequestradora de Jhony, enganou, segundo o depoimento de familiares, o próprio marido. Eles se casaram há dois anos. Em novembro do ano passado, a moça postou, ao lado do companheiro, uma foto comemorando a falsa gravidez. ;Teremos nosso primeiro pimpolho para amar, educar e dar continuidade ao nosso amor;, escreveu, à época.

Adriano não suspeitou da mentira da companheira, segundo as investigações da Divisão de Repressão ao Sequestro. As supostas consultas de pré-natal eram marcadas em horários em que ele estava trabalhando, portanto, nunca conseguia acompanhá-la. Eles se casaram em 2015. Viviam em um apartamento no Guará, onde Gesianna foi presa com o recém-nascido no colo.

O diretor adjunto da Divisão de Repressão ao Sequestro, Paulo Renato Fayão, contou, em entrevista coletiva na última quarta-feira, que, quando Adriano queria passar a mão na barriga da esposa, ela sempre se esquivava da situação. Paulo disse ainda que o casal não tinha relações sexuais há seis meses.


Ajuda à família de Jhony

A família do bebê Jhony Júnior recebeu a visita da gerente do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que constatou a situação de extrema pobreza em que vivem, em um barraco na Estrutural. Os representantes do governo levaram uma cesta básica e se comprometeram a, na segunda-feira, solicitar os benefícios de vulnerabilidade e de natalidade, totalizando mais de R$ 600. O GDF garantiu ainda que a família será ;sistematicamente atendida;. O Correio Braziliense também está recebendo doações para ajudar a família de Jhony. Quem quiser ajudar, pode entregar os produtos, em horário comercial, até segunda-feira, na portaria do jornal (Setor de Indústrias Gráficas, Quadra 2, 340, Edifício Edilson Vilela).