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Em estoque, mais de 14 mil doses da vacina contra HPV vencem em setembro

Autoridades sanitárias esperam que a ampliação da faixa etária que tem direito à imunização gratuita aumente a busca pela proteção

Otávio Augusto
postado em 27/06/2017 06:00
As doses, oferecidas pela rede pública, protegem contra cânceres como o do colo de útero e de garganta
A baixa procura pela vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) pode gerar um desperdício do insumo na capital federal. Há no estoque, segundo a Secretaria de Saúde, 14,7 mil doses com vencimento em setembro. A média atual de procura é de 3 mil pessoas por mês. Na semana passada, o Ministério da Saúde ampliou o público-alvo. As autoridades sanitárias esperam que a medida aumente a busca pela imunização.

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Agora, meninos entre 11 e 14 anos e meninas de 9 a 15 anos passam a receber a vacina contra o HPV. Antes, a restrição era até os 13 anos para ambos os sexos. Essa é a segunda vez que o Ministério da Saúde ampliou a faixa etária da população que pode ser imunizada. Em janeiro, em uma decisão inédita, o governo incluiu adolescentes do sexo masculino no grupo.

No início do ano, com a inclusão dos meninos no grupo-alvo para vacinação, o consumo chegou a mais de 8 mil doses por mês no DF em janeiro e fevereiro. Agora, seis meses depois da primeira dose, espera-se que os meninos retornem aos postos de saúde para receber o reforço da vacina. De 2013 a 2016, 155 mil meninas de 9 a 14 anos foram vacinadas contra o HPV. Em 2017, até abril, 8.465 meninos receberam a 1; dose da proteção.

Desde janeiro, a Gerente de Vigilância Epidemiológica e Imunização, Olga Maíra Machado Rodrigues, monitora a possibilidade de a conta entre estoque e consumo não fechar. Para evitar perdas, a Secretaria de Saúde parou de solicitar doses ao governo federal ainda no início do ano. ;Hoje, acredito que a procura deva aumentar e que não haverá desperdício;, diz. ;Estamos aguardando os meninos que tomaram a primeira dose retornar aos postos de saúde;, explica.

Procura
Onze das 31 regiões administrativas concentram a maior procura pela vacina: Asa Sul, Guará, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo 1 e 2, Lago Sul, Estrutural, Park Way, Candangolândia, Ceilândia e Brazlândia. A estimativa do Ministério da Saúde é que, no Brasil, menos da metade do público-alvo feminino vá aderir à campanha. Cerca 45% das meninas receberam doses desde 2014. Quando analisada a situação dos meninos, a adesão é ainda menor. Apenas 16,5% procuram os postos de saúde desde quando foram incluídos no processo.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, diz que uma perda de até 5% de vacinas é considerada aceitável, mas o ideal é que não haja desperdício. ;Queremos que as doses atuais nos estoques sejam utilizadas no mais curto espaço de tempo possível, não apenas para que não se percam, mas, principalmente, para que os jovens abaixo de 15 anos se imunizem contra o HPV;, explica.

O HPV leva a vários tipos de cânceres, sendo o principal o do colo do útero e do ânus ; o segundo mais comum em mulheres na capital federal. Por ano, são 300 novos casos e uma média de 90 mortes, segundo estatísticas da Secretaria de Saúde. Uma das medidas de combate é a vacinação. Imunizar os meninos ; os grandes transmissores da infecção ; é uma saída para o controle da doença. ;Quando ocorre a vacinação, evitamos uma série de complicações;, destaca Carla.

Monica Levi, presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), acredita que a desinformação ainda atrapalhe a campanha.;Parece que estamos falando de algo novo, e não é. Tem que investir em uma campanha educativa para a população entender a importância da imunização;, pondera. Ela destaca que não há razões para ter medo da proteção. ;Cientificamente, a vacina é segura e não há razões para dúvidas sobre a eficácia.;

O vírus
Atualmente, existem mais de 200 tipos de HPV, sendo 150 cientificamente identificados e sequenciados geneticamente. Entre esses tipos, 14 podem causar lesões precursoras de câncer, como o de colo do útero, garganta ou ânus. Os sintomas normalmente se manifestam após dois a oito meses da infecção. Ele pode ficar incubado, ou seja, presente no organismo, mas sem se manifestar, por até 20 anos. O principal sintoma do HPV é o surgimento de verrugas ou lesões na pele, normalmente uma mancha branca ou acastanhada que coça. Muitas vezes, no entanto, a lesão pode não ser visível a olho nu, aparecendo em exames.

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