Thiago Soares, Jéssica Eufrásio*, Júlia Campos - Especial para o Correio
postado em 29/06/2017 21:05
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A mulher que sequestrou uma criança de três meses em uma clínica no Conic, região central de Brasília, disse que, momentos depois de pegar o bebê, pensou em devolvê-lo para a mãe, mas que não fez isso em razão de um surto temporário. Presa sete horas após o rapto da menina, Cevilha Moreira, 44 anos,está em Planaltina de Goiás (GO), cidade a 60 km do Plano Piloto. Com a sequestradora, os policiais militares também encontraram uma certidão de nascimento, em que ela registrou a garota como filha. O documento, segundo a polícia, reforça a premeditação do crime.
Na certidão emitida no cartório do Gama, Cevilha registrou a menina com o nome de Isabela dos Santos Silva. No documento, é informado que a bebê teria nascido às 13h da última quarta-feira (28/6), no Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Valentina - nome verdadeiro da criança-, porém, nasceu em 26 de março. "Eu errei, foi um momento de fraqueza. Eu estou doente, com depressão. Perdi meu bebê há cinco meses e meu marido disse que, se eu não tivesse um filho, ia me largar", justificou Cevilha.
A mulher foi localizada com a criança por policiais militares de Goiás em Planaltina de Goiás. Segundo os PMs que atenderam a ocorrência, a sequestradora, ao entrar em um táxi na cidade goiana, ameaçou matar a bebê caso o motorista parasse o veículo.
Logo depois de encontrada, a menina foi levada para o Hospital Municipal Materno-Infantil Santa Rita de Cassia, para receber cuidados médicos. O bebê passa bem, segundo funcionários da unidade de saúde. A mãe da criança, Arlete Bastos da Silva, foi levada ao local por uma equipe da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Já a sequestradora está no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) da cidade goiana, onde permanece presa.
O sequestro
Cevilha raptou a criança por volta das 10h30, em uma clínica de exames admissionais no Edifício Boulevard, no Conic. Arlete deixou a filha aos cuidados dela enquanto era atendida. A mãe contou à polícia que, quando voltou para buscar a menina, não viu mais a mulher nem a criança.
A cunhada de Arlete, Madalena dos Santos, 31, conta que a família mora em uma casa na Vila Rabelo, em Sobradinho. Segundo ela, a mulher se apresentou a Arlete há alguns dias, em um posto de saúde. Na ocasião, prometeu emprego à mãe e, por conta disso, as duas teriam ido à clínica. "Ela disse que ia pagar um salário de R$ 1 mil, mais o tíquete-refeição. Então elas combinaram de a Arlete vir fazer o exame", relata.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que Arlete e a suposta sequestradora chegaram ao prédio da agência. Minutos depois, ela aparece no vídeo enquanto saía com a criança no colo. A proprietária da clínica, Ana Maria Esteves, conta que proibir a entrada dos filhos das pacientes não faz parte da política da empresa e que, portanto, essa ordem não teria partido dos funcionários.
"As mães são sempre autorizadas a entrar com crianças, até porque, muitas vezes, elas retornam à clínica após darem à luz. Elas podem entrar, inclusive, com crianças maiores. O que parece que aconteceu é que a mulher pediu para ficar com a menina. A gente recebe, em média, 200 pessoas por dia. Não conseguimos observar quem estava com a bebê no colo no momento em que elas entraram", afirma Ana Maria.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer