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Clube de Astronomia promove evento para observação do céu na Esplanada

A 41ª edição do Astronomia na praça, evento aberto ao público e gratuito, reunirá estudiosos e amadores para observarem astros do céu de Brasília na Praça dos Três Poderes

Ana Carolina Alves*
postado em 01/07/2017 08:00
Alunos da UnB e alguns integrantes do Clube de Astronomia: a meta é participar do programa patrocinado pela Nasa
Que o céu de Brasília é indescritível, todos os brasilienses já sabem. O que muitos desconhecem é que não é só o crepuscular que chama atenção na capital. Fundado em 1986, para observar a passagem do cometa Halley, o Clube de Astronomia de Brasília (CAsB) se reúne frequentemente para estudar e apreciar a noite da cidade, e neste sábado (1;/7), das 18h às 22h, o clube fará a 41; edição do Astronomia na praça, um evento gratuito aberto ao público, em que os participantes poderão apreciar as estrelas, planetas e muito mais por meio de telescópios, na Praça dos Três Poderes.
Amante da astronomia desde os 11 anos, o estudante de engenharia de computação Mateus Cavalcanti, 23 anos, está confirmado no evento de hoje. Membro do CAsB desde 2006, o jovem se identifica como astrônomo amador, e se diz animado com o encontro. ;Os integrantes do clube vão levar telescópios, e explicaremos sobre astronomia aos participantes. Queremos conscientizá-los também sobre a poluição luminosa, pois muitas vezes não é possível observar alguns objetos celestes devido às luzes da cidade, a maior parte de iluminação pública;, explica.

Esse será o quarto encontro público do grupo este ano, que aproveita a seca da cidade para observar o céu com clareza, pois ele fica mais limpo. Os organizadores esperam cerca de 500 pessoas, já que as outras três edições deste ano foram um sucesso. Apesar de o encontro de hoje ser realizado no centro de Brasília, Mateus, que também é diretor administrativo do clube, conta que as luzes da cidade não interferirão na observação dos fenômenos celestes. Entretanto, ele explica que, quando os membros do clube se juntam para observar, fotografar e estudar o céu, é preciso se afastar de Brasília para analisar os objetos menos luminosos.

Astrônomos amadores

O presidente do CAsB, Augusto Ornellas, 37, conta que a maioria dos integrantes da CAsB não são profissionais, e sim astrônomos amadores. Apesar disso, muitos deles fazem estudos científicos sobre corpos celestes e contribuem para organizações nacionais e internacionais de astronomia. ;Essa é uma das poucas ciências em que amadores podem contribuir com profissionais. Basta ter entendimento, disposição e um telescópio em casa. Eu e outros membros do clube já ajudamos em alguns projetos, e, em um deles, acompanhamos algumas ocultações de estrelas por asteroides, o que acabou virando um artigo científico;, conta ele, orgulhoso.

O servidor público Marcelo Domingues, 46, também se considera um astrônomo amador. Além de fazer parte da CAsB, ele integra o Brazilian Meteor Observation Network, (Bramon), e, por meio desse outro grupo, ele e alguns companheiros conseguiram descobrir 25 chuvas de meteoros em só um estudo. ;Foi uma descoberta coletiva, que estava sendo feita desde 2014. Eu faço por prazer, astronomia é um hobby. Sempre que tenho tempo livre, eu observo e estudo o céu. Tenho até um observatório aqui em casa;, relata.


Missão Kuaray

Os participantes da CAsB não ficam restritos a Brasília, já tendo viajado para diversas cidades e países para observar fenômenos astronômicos. A próxima viagem será para Rexburg, nos Estados Unidos. O motivo? Um eclipse solar total. ;Esse fenômeno só poderá ser visto nos EUA, e estamos em um projeto com a Universidade de Brasília (UnB) para filmar em 360; o eclipse. Será uma oportunidade inesquecível para o clube e para os estudantes;, explica o presidente do CAsB, Augusto Ornellas.

O projeto LAICanSat, desenvolvido por alunos de engenharias da UnB, tem o intuito de desenvolver uma plataforma de exploração da estratosfera, visando contribuir com a modernização do agronegócio, inclusão digital de municípios e aquisição de imagens de sensoriamento remoto. Desde 2014, o projeto resultou em cinco artigos publicados em conferências, seis trabalhos de conclusão de curso e quatro projetos de iniciação científica.

Mas agora o desafio da equipe é outro: participar do projeto Nasa Space Grant Eclipse Ballooning Project, que patrocinará o lançamento de 57 balões desenvolvidos por 60 escolas e universidades americanas. Esses balões realizarão a transmissão ao vivo do eclipse para milhões de pessoas. A equipe da UnB foi a única estrangeira convidada a participar desse evento.

Para isso, o CAsB, alunos e professores da UnB estão arrecadando fundos para conseguirem viajar aos EUA. Querem levar em torno de seis alunos para participarem do projeto da NASA. Eles denominaram a iniciativa como Missão Kuaray. O professor da UnB responsável pelo projeto LAICanSat, Renato Borges, 37 anos, conta que a oportunidade de ir ao país será uma motivação para os alunos.


Interação

;Será bom para eles perceberem que o que produzem aqui no Brasil está no mesmo nível do exterior. O que eles desenvolvem aqui é tão bom quanto o que se desenvolve lá, a capacidade é a mesma e essa interação possibilita essa confirmação;, explica ele. Se der certo, a missão Kuaray será o 5; lançamento da equipe da UnB.

Para a estudante de mestrado em sistemas mecatrônicos da UnB Lorena Tameirão, 27 anos, a oportunidade será uma experiência inédita. ;Poderemos aprimorar nossas atividades aprendendo com uma equipe referência. Se conseguirmos ir, pretendo retornar da missão com novos conhecimentos para aplicar no nosso projeto no Brasil;, relata. Para Lorena e os demais alunos envolvidos no projeto, não basta apenas um pedido a uma estrela cadente. Por isso, a equipe e a CAsB fizeram uma vaquinha on-line para arrecadar fundos para que a Missão Kuary seja possível. Além disso, o projeto segue em busca de patrocinadores para realizar esse sonho.

Sem poluição

Para poder observar os fenômenos celestes da melhor forma possível é preciso ir a um lugar afastado da poluição luminosa da área urbana. Por isso, a CasB sugere alguns lugares perto de Brasília, como Alto Paraíso (GO), Padre Bernardo (GO), a área rural de Luziânia (GO) e São Jorge (GO). Além de serem distantes dos grandes centros, essas cidades possuem hotéis fazendas com estrutura adequada para a observação do céu.

Como ajudar

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/laicansat-missao-kuaray-21-08-2017

Informações
Augusto Ornellas
99118-6866

Renato Borges
98262-0152


Para observar neste sábado à noite

Lua
É o único satélite natural da Terra e o quinto maior do Sistema Solar. A lua passa por quatro fases: nova, crescente, cheia e minguante. Nesta noite será possível observar a segunda fase do satélite.

Júpiter
Além de ser o maior planeta do Sistema Solar, ele é o quinto mais próximo do Sol. Diferentemente da Terra, Júpiter tem 67 satélites confirmados, sendo Io, Europa, Ganímedes e Calisto os mais conhecidos.

Saturno
Saturno é o sexto planeta a partir do Sol e o segundo maior do Sistema Solar atrás de Júpiter. Cada ano no planeta equivale a aproximadamente 30 anos aqui na Terra. Saturno apresenta um sistema de anéis compostos por bilhões de pedacinhos de rocha e gelo que os cientistas acreditam ser fragmentos de asteroides, cometas e luas. Além de Saturno, Urano, Júpiter e Netuno também possuem anéis.

Aglomerados Globulares
Também conhecido como Enxame Globular, é um grupo de estrelas ligadas gravitacionalmente entre si, com forma esférica, que orbita ao redor de uma galáxia. Os aglomerados globulares geralmente possuem algumas centenas de milhares de estrelas, podendo chegar a milhões. A nossa galáxia, a Via Láctea, tem mais de 150 aglomerados globulares.

Omega Centauri
O maior Enxame Globular da nossa galáxia tem cerca de 10 milhões de estrelas e um diâmetro de aproximadamente 150 anos-luz. Com idade estimada de cerca de 12 bilhões de anos, o Omega é também o Aglomerado Globular mais brilhante visto a partir da Terra.

Alfa Centauri
Também conhecida como Rigil Kentaurus, é a estrela mais próxima do Sistema Solar, a uma distância de 4,37 anos-luz do Sol. Ela é formada por um sistema triplo de estrelas: Alfa Centauri A, Alfa Centauri B e Alfa Centauri C, que são ligadas gravitacionalmente entre si.
* Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira

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