Thiago Soares
postado em 05/07/2017 06:30
Longa espera, filas e ônibus lotados. A situação de quem depende do transporte público no Distrito Federal deve perdurar até, pelo menos, sexta-feira, quando rodoviários e empresas vão se reunir em uma nova audiência na Justiça Trabalhista. Nessa terça-feira (4/7), não foi fechado acordo. Com isso, motoristas e cobradores continuam com o movimento de redução de frota de 30% nos horários considerados de picos. Se as negociações não avançarem, o cenário pode piorar. A categoria ameaça greve a partir da próxima segunda-feira.
[SAIBAMAIS] Desde a última segunda-feira, motoristas e cobradores decidiram deixar nas garagens das empresas, os ônibus que fazem reforço no horários de pico , das 4h às 7h e das 16h às 19h. Tudo isso veio após a inconsistência na negociação salarial. A categoria pede reajuste de 10% nos salários, 20% no vale-alimentação e passe livre no uso do metrô. Os patrões oferecem reajuste de 3,9% nos salários e demais benefícios ; com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Moradora da Estrutural, Celene Silva Soares, 55 anos, notou desde segunda-feira uma maior espera pelo ônibus. Diariamente, ela pega o coletivo na porta de casa, por volta das 5h50. Ontem, ela esperou ao menos 30 minutos pela linha 312 que faz o trajeto até a Rodoviária do Plano Piloto. "O ônibus já veio cheio e o percurso foi ainda mais cansativo", relatou a empregada doméstica. E esse não foi o único veículo lotado que ela pegou. Para seguir até a W3 Norte, em um segundo coletivo, ela também notou uma maior quantidade de passageiros. "Estava todo mundo reclamando".
A doméstica Maria do Rosário Coutinho, 54, também percebeu uma maior tempo de espera para pegar os coletivos. Um detalhe é que no P Sul, onde mora, a linha 333.9 que faz o trajeto até a L2 Norte, acabou suspensa temporariamente pelo Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) em virtude das férias escolares. Quem o pegava, passou a andar nas demais linhas, que estão sendo afetadas pelo movimento dos rodoviários. ;A população fica prejudicada, mas é um direito dos rodoviários protestar por melhorias salariais. Na minha opinião, as empresas deveriam ao menos abrir espaço para negociação;, opina.
Negociações
Empresários e sindicalistas do setor se reuniram nessa terça em uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 10; Região (TRT-10). A pauta do encontro era a discussão de cortes na folha de ponto referente a adesão de motoristas e cobradores a Greve Geral da última sexta-feira, mas a negociação salarial também acabou alvo de discussões. Sobre o primeiro assunto, foi acertado que, os trabalhadores vão pagar o dia parado com horas extras, com direito a receber o adicional de 50% sobre essas horas ; os rodoviários receberão o valor referente ao adicional, mas não às horas laboradas para compensar a paralisação. Pelo acordo, quem já possui banco de horas extras, terá as horas descontadas sobre o mesmo.
Com relação às negociações salariais não houve acordo entre rodoviários e patrões. Uma nova audiência ficou marcada para a próxima sexta-feira, mas mesmo assim, a categoria segue com greve marcada para a segunda-feira. ;Estamos esperando uma nova proposta. A nossa intenção não é parar o serviço, mas sim entrar em um acordo;, destacou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Jorge Farias. Por meio da assessoria de imprensa, a Associação das Empresas de Transporte Coletivo, apenas reforçou que está aberta para negociações. Os rodoviários fazem uma nova assembleia às 9h de domingo no estacionamento do Conic.