Cidades

PM tem vídeo que pode auxiliar investigação sobre morte de motorista

Câmera de circuito interno de segurança gravou parte do desentendimento entre Luís Cláudio Rodrigues e o sargento da Rotam Carlos Rodrigo Oliveira de Almeida

Carina Ávila - Especial para o Correio, Otávio Augusto
postado em 19/07/2017 06:00
Ana, sobrinha de Luís, reclama de descaso na delegacia onde tio morreu
Uma câmera de circuito interno de segurança gravou parte do desentendimento entre o motorista da Caixa Econômica Federal Luís Cláudio Rodrigues, 48 anos ; encontrado morto ao cometer um suposto suicídio na 13; DP (Sobradinho) ; e o sargento da Rotam Carlos Rodrigo Oliveira de Almeida. As imagens estão com a Polícia Militar. Apesar de o laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal (IML) apontar que o motorista se enforcou com a própria camisa, a família da vítima não acredita nessa versão.

O vídeo de 2 minutos e 50 segundos mostra o momento em que Carlos retira Luís do veículo rispidamente e o empurra na calçada. A partir desse momento, não é possível saber o que houve. As imagens também são descontinuadas e pouco nítidas. O Correio teve acesso à filmagem na noite de terça-feira, mas não o divulgou para preservar os moradores da casa onde a câmara está instalada.

Há outra versão da fita, segundo a PM, com melhor qualidade. As imagens podem ajudar nas investigações da Corregedoria da Polícia Civil. O Ministério Público do DF e Territórios e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF acompanham o caso. Ontem, o Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais (Sindiperícia) divulgou nota defendendo apuração séria e isenta. ;Os profissionais pautam suas atividades por protocolos científicos e valores éticos sólidos, de modo a estarem blindados de interferências internas e externas de qualquer natureza;, destaca.

O que se sabe até agora é que Luís estava de folga e bebeu em um bar a menos de 600m de casa, depois de levar o carro para consertar o vidro elétrico. Depois, bateu no carro do PM. Segundo a Polícia Civil, o teste de bafômetro acusou 1,35 miligrama por litro de ar expelido. Em 30 dias, o laudo da morte de Luís deve ser concluído. A Polícia Civil reforça que não houve agressões, apesar dos relatos de testemunhas de que ocorreu violência policial, e que a morte ocorreu em decorrência de ;asfixia secundária a enforcamento;.

A brigadista Ana Beatriz Rodrigues, 29 anos, sobrinha de Luís, foi a primeira a chegar à 13; DP. Lá, ela descobriu que o tio havia bebido e se envolvido numa colisão de trânsito. ;Cheguei por volta das 15h30. Todos estavam tranquilos, principalmente o sargento dono do carro no qual ele bateu. Os policiais falavam: ;Tá ouvindo esse ronco? Ele está tão bêbado que caiu no sono. É a cachaça;. E riram. Insisti para ver o meu tio. Os policiais me disseram que só com a presença de um advogado. Quando o advogado chegou à delegacia, disseram que só após o pagamento da fiança;, conta.

A família conseguiu o dinheiro ; R$ 1,2 mil ; para a soltura de Luís às 18h. ;Após o pagamento, o escrivão levou cerca de meia hora para liberar o papel. Só depois disseram que ele estava morto;, queixa-se Ana. A versão é defendida por Marcos Eustáquio, 48, cunhado de Luís. ;A janela da cela onde ele teria pendurado a blusa usada para se enforcar era alta e fica distante do banco. Impossível ele ter alcançado;, diz.

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