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PCDF ouve agentes de delegacia onde motorista da Caixa foi encontrado morto

Quatro agentes prestarão depoimento a Marcelo Zago, diretor da Divisão de Assuntos Internos da Corregedoria-Geral Polícia Civil. Além deles, outras duas testemunhas também serão ouvidas

Seis dias após a prisão e a morte do motorista terceirizado da Caixa Econômica Federal Luís Cláudio Rodrigues, 48 anos, encontrado sem vida dentro de uma cela na 13; DP (Sobradinho), quatro policiais civis prestam depoimento a Marcelo Zago, diretor da Divisão de Assuntos Internos da Corregedoria-Geral Polícia Civil nesta quinta-feira (20/7). Luís foi preso após colidir seu carro contra o veículo de um sargento da Polícia Militar, na sexta-feira (14/7). Ele havia ingerido bebida alcoólica. O laudo preliminar da PCDF indica que ele teria se enforcado, dentro da delegacia.
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O Correio abordou os agentes que prestarão depoimento, mas eles não quiseram dar declarações. Todos afirmaram que "foram orientados pela Polícia Civil a não conversarem com jornalistas". Os agentes aguardam do lado de fora da Divisão Especial de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Por volta das 16h, o sargento da Rotam Carlos Rodrigo Oliveira de Almeida, envolvido no acidente de trânsito com Luís, começou a ser ouvido por Zago. Ele também não deu declarações.

[SAIBAMAIS] O homem que levou o carro conduzido por Luís para a 13; Delegacia de Polícia (Sobradinho), no dia da colisão, também prestou esclarecimentos. Durante uma hora e meia ele contou aos investigadores o que viu naquele dia. Na saída, não deu detalhes do que contou. "Vi o momento do acidente, mas eu não conhecia o Luís Cláudio. Só tava passando na rua e a PM pediu para eu conduzir o veículo para a delegacia", resumiu. Ele pediu para não ter o nome divulgado.

Entenda o caso


Na última sexta-feira (14/7), Luís estava de folga e havia bebido em um bar a menos de 600m de casa. Perto da residência, colidiu o veículo no carro do sargento da Rotam, Carlos Rodrigo. Luís estava embriagado, como constatou o teste de bafômetro, e foi preso. Segundo a Polícia Civil, o teste acusou 1,35 miligrama por litro de ar expelido.

Moradores da rua onde houve o acidente contaram que Carlos Rodrigo agrediu Luís. Entretanto, a Polícia Militar nega. O Instituto de Medicina Legal (IML), em laudo preliminar, identificou uma única lesão no pescoço da vítima, o que teria causado a "asfixia secundária a enforcamento", mas, posteriormente, o diretor da Polícia Civil, Eric Seba, disse em entrevista ao Correio que pode, sim, haver outros ferimentos no corpo de Luís. A família divulgou fotos que revelam diversos machucados. Três peritos consultados pela reportagem concluíram que o cadáver apresenta sinais de agressão.

A Polícia Militar tem imagens de uma câmera de circuito interno de uma casa situada próximo ao local onde aconteceu o acidente de trânsito, que deu início à toda a trama. Nas imagens, é possível ver parte do desentendimento entre o motorista e o sargento. O vídeo de 2 minutos e 50 segundos mostra o momento em que Carlos retira Luís do veículo rispidamente e o empurra contra a calçada. A partir desse momento, não é possível saber o que houve. As imagens são descontinuadas e pouco nítidas.

As filmagens podem ajudar nas investigações da Corregedoria da Polícia Civil. O Ministério Público do DF e Territórios e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF acompanham o caso. Uma testemunha que estava na delegacia prestou depoimento sobre o caso ao Ministério Público , no início da tarde desta quinta-feira (20/7). O órgão não divulgou detalhes da acareação.