Gabriella Bertoni - Especial para o Correio
postado em 22/07/2017 18:10
O horror vivido por uma família na madrugada deste sábado, no Itapoã, foi detalhado ao Correio nesta tarde pelo vigilante Erisvan Bezerra, 39 anos. Ele mora na casa ao lado onde o Maria Eduarda dos Santos, de apenas 1 ano e 6 meses, morreu carbonizado em um incêndio.
Segundo a testemunha, ele e o filho, de 16 anos, ouviram os pedidos de socorro de alguém que batia na porta da casa deles. O chamado era de outro adolescente, de 15 anos, irmão da vítima. Eram três, no total: um outro, de 8 anos, também conseguiu escapar com vida e correr pela rua, pedindo socorro.
Prontamente, pai e filho correram para ajudar as duas crianças, que estavam sozinhas em casa, com a irmã mais nova. Encheram baldes d;água e começaram a tentar apagar as chamas. Momentos depois, o Corpo de Bombeiros chegou ao local e dominou o fogo. Um dos militares disse a Erisvan que havia uma boneca queimada em cima da cama, mas o vigilante sabia que não era isso. ;Ele nos contou que, a princípio, pensou ser uma boneca. Mas no momento que ele me disse isso, eu sabia que era ela;, lembrou.
[SAIBAMAIS] A mãe das crianças, identificada nesta reportagem apenas pelas iniciais N.M.D.S., 41, havia saído de casa. Quando os bombeiros chegaram, questionaram o adolescente sobre o paradeiro da mãe e ele disse que havia saído com a filha que apenas os dois estavam no quarto, dormindo. O menor não sabia que a caçula da familia também havia sido deixada para trás e dormia no quarto ao lado.
Cerca de meia hora depois, a mãe das crianças chegou ao local e entrou em desespero quando viu as viaturas da Polícia Militar (PMDF) e do Corpo de Bombeiros (CBMDF).
A família mora em uma casa de fundo, simples. No local, é possível ver várias gambiarras no poste de energia elétrica. O caso está sendo investigado pela 6; Delegacia de Polícia (Paranoá). Segundo o delegado de plantão, Felipe Breunig, a princípio, ninguém sabia que a criança estava dentro de casa no momento do acidente. "Apenas a perícia poderá dizer o que causou o incêndio. O filho mais novo nos confirmou que a mãe havia saído havia pouco tempo. O que ouvimos dos vizinhos é que, apesar da condição de miséria que vivia a família, ela era muita apegada à filha", detalhou o investigador.
Erisvan relembra com carinho da bebê. ;Quando a mãe dela entrou em trabalho de parto, eu fui lá ajudar e a segurei na hora em que nasceu. Participei desse momento. E também estava lá quando ela se foi. Dói demais;, disse, emocionado.
A casa ficará interditada por 15 dias. A mãe só poderá ser indiciada, se for o caso, ao final da investigação. O prazo para o fim do inquérito é de 30 dias.