Cidades

Bandidos cada vez mais ousados deixam lojistas da 305 Norte reféns do medo

De janeiro a abril, houve 1.199 roubos a pedestres no Plano Piloto; no mesmo período do ano passado, foram 1.099

Deborah Fortuna
postado em 26/07/2017 06:00
Dono de uma loja de instrumentos musicais, Emerson Moreira foi furtado dentro do estabelecimento
Os frequentes assaltos têm assustado os comerciantes da 305 Norte. Tudo e todos se tornaram alvo na quadra: veículos, pedestres e lojistas. Os bandidos se aproveitam da distração das pessoas e da falta de policiamento. A Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF) não tem número específico do endereço. Mas estatísticas mostram que, de janeiro a abril, houve 1.199 roubos a pedestres no Plano Piloto. No mesmo período do ano passado, foram 1.099. Ou seja, 100 casos a menos.
Mesmo tomando cuidados, o comerciante Emerson Moreira, 30 anos, foi uma das vítimas na 305 Norte. Ele montou uma loja de conserto de instrumentos musicais há um ano no subsolo de um prédio da quadra. Para evitar a ação de bandidos, a porta do lugar fica trancada durante o dia, e os fiéis clientes marcam horário de atendimento pelo telefone. Mas, em fevereiro, Emerson deixou o celular em cima do balcão e entrou no estoque. Quando voltou, o aparelho não estava mais lá. ;Poucos dias depois, roubaram a sorveteria (em cima). Perguntaram até se eu tinha visto alguém correndo. Depois, foi a vez de um ponto de ônibus. Já roubaram também uma loja no andar de cima (segundo piso). E esses são só os que eu vejo, ainda têm o que as pessoas contam;, comentou.

A maior reclamação é a falta de policiamento. Segundo Emerson, os bandidos se aproveitam da situação. ;Enquanto não tiver ronda policial, não vai melhorar;, afirmou. A comerciante Deuzair Nogueira, 42 anos, também fala em crescimento da criminalidade na quadra. Apesar de ser dona de um salão de beleza que nunca sofreu com assalto, a filha passou por um susto na semana passada. ;Tentaram arrombar o carro dela, que estava estacionado bem aqui na frente (na comercial). Ela viu os homens tentando arrombar e gritou por ajuda;, relatou. Segundo a proprietária do estabelecimento, os casos se tornaram mais frequentes. ;Agora, está bem pior. A gente só pode conversar no celular dentro dos lugares, tem que ter cuidado para sair com bolsa;, ressaltou.

Já Lindalva da Gama Frasão se mudou para a quadra por causa de uma outra experiência de assalto, há menos de um ano. Ela estava trabalhando com outra colega em um salão de beleza, na 106 Norte, quando um homem chegou e disse que queria cortar o cabelo. Antes do atendimento, ele anunciou o assalto. Na época, o assaltante levou R$ 20, um telefone celular, produtos de beleza e uma televisão. ;Ele ficou dizendo que se a gente não desse, ia atirar na nossa cabeça;, contou Lindalva. Quando o homem saiu da loja com um saco cheio dos objetos roubados, elas conseguiram pedir ajuda aos comerciantes ao lado. Um policial legislativo, do Senado, que estava sendo atendido em uma barbearia, correu atrás do rapaz e o prendeu. ;Mas foi sorte, porque eu também não vejo policiamento por aqui;, afirmou.

Plano de segurança

Entre janeiro e abril deste ano e no mesmo período do ano passado, foram registradas 321 ocorrências de roubo a pedestre só na Asa Norte. De roubo a comércio, o número apresentou redução: foram 10 casos registrados até abril deste ano, e 26, até o mesmo mês, em 2016.

Em nota, a SSP-DF disse que a Asa Norte é uma das oito regiões administrativas monitoradas, prioritariamente, pelo programa Viva Brasília, assim como a Estrutural, Samambaia, Ceilândia, São Sebastião, Planaltina, Santa Maria e Taguatinga, que concentram cerca de 65% dos crimes no DF. Por isso, no fim do ano passado, foram elaborados planos integrados de segurança para essas regiões. E que, segundo a pasta, têm dado resultado, com a redução dos crimes.

Outra medida tomada é a atuação integrada das forças de segurança e de outros órgãos. Nesse caso, são realizadas reuniões nas quais a comunidade leva as principais demandas para serem discutidas, e, assim, as autoridades presentes se informam sobre os problemas.

Já a Polícia Militar afirmou que o planejamento do policiamento e a distribuição do efetivo policial são baseados em estudos de índice de criminalidade. Segundo a corporação, o patrulhamento, em todo o DF, é realizado de forma ininterrupta, com emprego de carros oficiais, motociclistas, patrulha a pé, grupamentos táticos e unidades especializadas. Ainda de acordo com a PM, há fatores diversos que contribuem para a sensação de insegurança, como a impunidade.

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