O câncer de Fernando foi descoberto durante exames de rotina. O médico que o acompanhou desde a infância pediu testes para analisar queixas como gengivite e dores de cabeça. Em 8 de junho, com os resultados, o jovem recebeu o diagnóstico da doença. O estudante começou o tratamento quimioterápico no segundo semestre do ano passado. Ao longo de seis meses, fez os procedimentos mais intensivos, com vários medicamentos para combate da doença. Em janeiro, após reagir bem à intervenção, o jovem entrou na fase chamada de manutenção, quando o câncer está controlado e o tratamento se torna mais brando.
Apesar dos desafios, a mãe, Elizabete Maria de Souza Alves, 53, conta que desanimar nunca foi uma opção. ;Meu filho sempre encarou tudo com muita força, otimismo. Ele, em todo momento, foi um garoto feliz, que não se deixou abater por nada. Inicialmente, a notícia foi um susto enorme para a família, mas a coragem dele nos deu força para lutar;, comenta, com um sorriso no rosto.
Em fevereiro deste ano, ele começou a cursar engenharia automotiva na UnB, seu sonho de menino. ;Desde pequeno, tinha um gosto por ferramentas, desmontar carrinhos, objetos. Acho que, de uma certa forma, já era um gosto pela área da engenharia. Eu quero fazer a diferença, por isso, encaro tudo com muita garra;, relata Fernando.
No mês passado, após uma recidiva da doença, o futuro engenheiro precisou ser internado no Hospital de Base do Distrito Federal, com quadro de convulsões. Agora, o jovem espera por um transplante de medula óssea. A fim de aumentar as chances do estudante, a família iniciou uma campanha, primeiramente entre os amigos e os familiares, com mais de mil compartilhamentos no Facebook. ;Nossa expectativa é conseguir, o mais rápido possível, um doador compatível. Estamos com muita fé e esperança, porque sabemos que existem chances;, acredita Elizabete Maria.
Doação
Para fazer parte do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), é preciso ser cadastrado nos hemocentros públicos. No caso do DF, a Fundação Hemocentro de Brasília realiza as coletas para registrar o doador. É necessário um agendamento prévio por meio do telefone 160. Há duas formas de a doação ser feita. Por meio de um procedimento cirúrgico, que exige 24 horas de internação para a retirada da medula de ossos da bacia. Nesse caso, a célula se recompõe após 15 dias. Outro método é a coleta por aférese, em que o doador usa uma medicação por cinco dias para aumentar o número de células-tronco ; as mais importantes para o transplante de medula óssea ; que circulam no sangue. Depois desse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina, que colhe o sangue da veia, separa as células-tronco e devolve os elementos que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia. A decisão sobre o método mais adequado é exclusiva dos médicos e avaliada a cada caso.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
Como doar
Confira os passos para fazer uma doação de medula
1 - Procurar o hemocentro mais próximo e agendar uma consulta de esclarecimento sobre doação de medula óssea
2 - Assinar um termo de consentimento e preencher uma ficha com informações pessoais. Será retirada uma pequena quantidade de sangue (10ml) do candidato a doador. É necessário apresentar o documento de identidade
3 - O sangue será analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar as características genéticas que serão cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes
4 - Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no Redome
5 - Quando houver um paciente com possível compatibilidade, o doador será consultado para decidir quanto à doação.
A orientação é manter os dados atualizados
6 - Para seguir com o processo de doação, serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade, além de uma avaliação clínica de saúde
7 - Somente após todas essas etapas concluídas, o doador poderá ser considerado apto a realizar a doação
Requisitos
; Ter entre 18 e 55 anos de idade
; Estar em bom estado geral de saúde
; Não ter doença infecciosa ou incapacitante
; Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico
; Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisadas caso a caso