Jornal Correio Braziliense

Cidades

Servidora do MinC é assassinada a facadas após assalto na Asa Norte

A servidora pública Maria Vanessa Veiga Esteves, de 55 anos, foi abordada por dois homens no momento em que chegava de carro ao prédio em que morava na Asa Norte. A Polícia Civil investiga latrocínio

[SAIBAMAIS] Uma faca, que pode ser a utilizada no crime, foi localizada a alguns metros do local, segundo a Polícia Civil. A perícia foi realizada e o corpo levado ao Instituto Médico Legal (IML). Nenhum dos assassinos foi identificado ou preso. Nesta manhã, ainda era possível ver manchas de sangue no chão e em um carro na frente do prédio. Imagens de câmeras de segurança do prédio reunidas pela polícia e obtidas pela TV Brasília mostram o momento em que ela estaciona o carro em frente ao bloco residencial. Logo depois, aparece um homem usando blusa branca com capuz e calça escura. Em outras imagens é possível ver os dois suspeitos fugindo. O material será analisado pela polícia e usado nas investigações.

Busca por vida mais tranquila

Maria Vanessa era analista no Ministério da Cultura (MinC), jornalista com larga experiência em TV e mestranda na Universidade de Brasília (UnB). Ela foi coordenadora de programação do Canal GNT e da programação internacional dos canais Globo Internacional e Globosat, além de editora da TV Cultura e da TV Manchete, entre outros cargos. Segundo amigos mais próximos, a servidora dividia apartamento com uma norte-americana na Asa Norte e era tida por colegas de faculdade e amigos como uma pessoa muito alegre. Os pais dela moram no Rio de Janeiro.

Os colegas e professores relataram que Maria Vanessa era de Juiz de Fora (MG) e morou no Rio de Janeiro por um tempo antes de vir para Brasília. Eles contaram ainda que ela teria vindo para a capital federal depois de ter passado no concurso público do Ministério da Cultura e por achar que aqui a vida seria mais tranquila e segura.

A vizinha e aposentada Regina Castro contou que as duas eram amigas desde que Maria se mudou há, aproximadamente, dois anos. Ela contou que a vítima sempre tinha visitas em casa e tinha um ótimo relacionamento com as pessoas. "Somos amigas desde que ela se mudou, nosso relacionamento era de confiança. Tanto que nós trocávamos as chaves da casa uma da outra, caso algo acontecesse", contou abalada.

Outro amigo, que não quis se identificar, contou que Maria Vanessa era uma pessoa "excepcional". Ele tenta contato com a família dela por meio do Facebook para avisar da tragédia. Amigos também disseram que ela era muito ligada à moda e que a dissertação de mestrado seria sobre esse tema. Ela deveria apresentar o trabalho em novembro deste ano. A professora Fernanda Martinelli, que é orientadora do projeot, não quis falar com a reportagem por estar muito abalada com toda a situação. O coordenador do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Unb (FAC) contou que ela era uma aluna muito dedicada. "Fazia todas as leituras demandadas nas disciplinas e era sempre a primeira aluna a chegar", disse.

Já a colega Bábara Pina, 26 anos, disse que Maria Vanessa era uma pessoa tranquila e incentivadora. "Eu nunca vi ela sequer ficar chateada, ela sempre parecia estar bem", contou. Além disso, ela destacou a criatividade dela em se vestir.

Respeitada pelo conhecimento

Em nota, o Ministério da Cultura se manifestou pelo falecimento da profissional, servidora temporária desde maio de 2013. "Ela era bastante respeita pelo conhecimento que detinha e pela própria pessoa amável e incrível", afirmou o secretário do Audivisual do MinC, João Batista Silva. O gerente do passivo da Secretaria de Audiovisual (SAv), onde ela estava lotada, Wanderlan Fernandes Guedes Filho, afirmou que todos os colegas estão consternados com a notícia. "Ela estava cheia de planos e feliz por tido a notícia de que um de seus trabalhos foi aprovado para ser apresentado em um simpósio, em Portugal. Foi uma crueldade o que fizeram, porque ela não esboçou nenhuma reação", disse.

O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal postou uma nota de pesar sobre o assassinato. No texto, eles descrevem Maria Vanessa como "admiradora da cultural, das artes e crítica do desmonte das políticas culturais". Além disso, o Sindicato também "exige das autoridades públicas do DF uma investigação transparente e a responsabilização dos envolvidos no crime".

Já o Programa de Pós-Graduação em Comunicação e a Direção da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília destacou que a vítima "sempre estampou um belo sorriso no rosto e nunca hesitou em tentar ajudar e animar os colegas com suas constantes palavras de incentivo e seu abraço carinhoso". Ainda segundo o texto, a direção da Faculdade de Comunicação, professores, funcionários e alunos do programa "lamentam a perda desta inestimável colega e amiga com a certeza de que a sua memória estará sempre presente nos corações dos que tiveram o privilégio de conviver com Vanessa".

Segurança

Ao menos 20 pessoas morreram vítimas de latrocínio em todo o Distrito Federal de janeiro a julho deste ano. O levantamento é da Secretaria de Segurança Pública. Desse total, dois ocorreram no sétimo mês do ano e um no mês anterior, em junho. Segundo a série histórica da pasta, em 2016, foram 22 roubos com morte na capital. Entre 2011 e 2016, a modalidade de crime vitimou, no Plano Piloto, 16 pessoas.