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Papais quarentões e de primeira viagem contam experiências ao Correio

No Dia dos Pais, o Correio conta como é a vida quando a paternidade só chega depois dos fios brancos

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O grisalho que começa a aparecer na cabeça de Álvaro Larrabure Costa Corrêa, 44 anos, contrasta com os cabelos ralos de Beatriz, a filhinha nascida há dois meses. Ainda aprendendo a pegá-la com segurança, o pai de primeira viagem dá colo à criança sob o olhar atento da mãe, Priscilla Paz Godoy, 43. Ela dá algumas dicas: ;Apoie a mão no pescoço. Apoie a cabeça;. No balançar dos braços dele, a criança se acalma e cai no sono. Dessa forma, Álvaro prova que nunca é tarde para se tornar pai.
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Com 15 anos de casado, o advogado conta que, desde o início, ele e Priscilla pensavam em ter filhos, mas a vida ;atropelou; os planos. ;Apareciam outros projetos, como viagens e várias mudanças de endereço. Assim, foi ficando para cada vez mais tarde;, conta. Segundo o morador da Asa Sul, só nos últimos dois anos, a vida deu abertura para a paternidade.
[SAIBAMAIS]
Assim como Álvaro, o gestor ambiental Fernando Luiz Oliveira Melo, 41, também se tornou pai depois dos 40. ;Vai ser engraçado. Quando o Bento tiver 10 anos, eu terei passado dos 50. Então, terei de malhar muito para acompanhar esse garoto;, brinca Fernando, também da Asa Sul.
Álvaro se diverte ao contar que, em uma ida à farmácia a fim de comprar coisas para Beatriz, perguntaram se seria ;para sua neta;. Contudo, ambos os pais concordam que o momento era propício à paternidade. ;Se eu fosse pai mais cedo, não teria a maturidade e a calma que eu tenho hoje;, adverte Álvaro.

;Eu não aguentaria o peso se não fosse o Fernando.; Quem afirma é a mãe de Bento e mulher do gestor ambiental, Anira Jorge da Cunha Melo, 42. Segundo ela, o casal faz revezamento para cuidar do recém-nascido. A mãe, que está de licença maternidade, se ocupa das tarefas durante a noite, e o pai cuida de tudo durante o dia.
Os dois casais se emocionaram ao se encontrar. Eles têm mais de 15 anos de amizade, mas, desde o nascimento dos filhos, não houve oportunidade para se ver ; as crianças nasceram com três dias de diferença. ;Eles poderão crescer juntos e se tornar grandes amigos;, brincam os pais.

Os quarentões fazem parte de realidade crescente em Brasília: a das famílias que escolhem ter filhos cada vez mais tarde. Quem explica é a professora Ana Maria Nogales Vasconcelos, da Universidade de Brasília (UnB). Ela cita estudo divulgado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) em 2016, que mostra o aumento de mães, e, consequentemente, de pais que tiveram o primeiro filho entre 30 e 49 anos. Segundo a pesquisa, em 2013, 37% dos primogênitos foram gerados por mulheres nessa faixa de idade, comparado com menos de 7%, em 2000. ;Hoje, elas esperam estudar e adquirir segurança financeira antes de ter filhos. Isso faz com que os pais sejam mais velhos também;, explica Ana Maria.

Saúde

Ter filhos mais tarde exige cuidados. É o que explica o professor Fábio Firmbach, urologista da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (Sbra). Segundo ele, a cada ano, a qualidade das células reprodutivas produzidas pelo homem diminui, aumentando a chance de doenças decorrentes de problemas genéticos. Contudo, é possível tomar algumas precauções para evitar qualquer problema.

Segundo o professor da Universidade de Caxias do Sul, a alimentação tem papel crucial na prevenção de doenças, sendo recomendada a moderação no consumo de carne vermelha. Ele explica que fatores como fumo, consumo exagerado de álcool e obesidade são prejudiciais. ;Temos essa tendência de os pais esperarem mais para ter filhos, mas os homens precisam se cuidar;, alerta.