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Brasília chega aos 90 dias sem chuva; seca segue até setembro, diz Inmet

Temperaturas altas e umidade do ar baixa continuam

Otávio Augusto
postado em 21/08/2017 10:00
Seca faz parte das características do cerrado. No entanto, baixa umidade provoca desconforto e afeta a saúde

Não há muitas sombras na capital federal. E como faz falta um refresco nesta época do ano. Com temperaturas acima de 30;C e a umidade relativa do ar com picos de 20%, o brasiliense tem sofrido com o clima semiárido. Não é só impressão que o tempo está cada dia mais quente e seco ; ontem, tivemos a segunda temperatura mais alta do ano. Para acentuar a secura, o DF está há três meses sem chuva. O alento ainda está longe, segundo meteorologistas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Não há previsão de pancadas para a cidade.

Durante três dias seguidos, na última semana, a umidade do ar ficou em valores abaixo de 20%. O índice ideal é de 60%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Defesa Civil decretou estado de alerta na última semana. Pelo menos até a segunda quinzena de setembro, o clima desértico deve se manter, como destaca o serviço meteorológico. A situação está realmente mais difícil. Com a crise hídrica, a celeuma fica ainda mais grave.

O domingo teve índices extremos. A temperatura ficou próxima do recorde do ano. Ontem, os termômetros marcaram 32,1;C, logo após o almoço. Em 9 de janeiro, dia mais quente de 2017, o Inmet registrou 32,2;C. A umidade do ar ficou em 16%. ;Tem uma massa de ar seco atuando fortemente no DF. Hoje, a umidade vai aumentar um pouco, mas depois volta a ficar extremamente seco;, destaca a meteorologista do Inmet, Maria das Dores.

Para aliviar a sensação, é preciso tomar muita água e evitar exposição ao calor (leia Para preservar a saúde). Além dos problemas respiratórios, o tempo seco pode causar dores de cabeça, irritações nos olhos, nariz, garganta e pele. ;O essencial é manter a hidratação, que pode ser feita também com os sucos de fruta naturais, água de coco, verduras e frutas suculentas;, alerta o infectologista Eduardo Espíndola, especialista em doenças respiratórias.

Ontem, o comerciante Anselmo Arruda Alencar, 54 anos, levou a família para almoçar em uma churrascaria na Asa Sul. O calor e as árvores não passaram batidos durante o passeio. ;Quando saímos do restaurante, levamos um susto! Como estávamos num ambiente climatizado, sentimos muito a diferença;, conta o morador do Guará.

Brasília é a casa dos Alencar há mais de três décadas, mas o clima ainda surpreende. ;A cidade é feita de extremos: ou está muito frio ou o calor é de esmorecer. Constante mesmo é só a seca;, brinca. A meteorologista Maria das Dores concorda. ;Climaticamente, não tem nada de novo. Às vezes, a sensibilidade de alguns moradores é maior que a de outros. Há também dias que se destacam, mas atualmente está tudo dentro do esperado para o período;, explica.

O tempo impõe seu ritmo próprio na capital federal. Se enfrentar o clima nos últimos dias está complicado, a cidade já teve momentos ainda mais quentes. O menor índice de umidade relativa do ar foi 10%, nos anos de 2002 e 2004. O maior período sem chuvas já registrado no Distrito Federal foi em 1963, com 164 dias de seca na cidade. No ano passado, foram 114 dias sem uma gota d;água cair do céu.

Sem chuva, a situação do abastecimento na cidade fica ainda mais delicada. Ontem, os reservatórios estavam com níveis preocupantes. A bacia de Santo Antônio do Descoberto ; responsável pelo fornecimento de água para 60% do DF ; registrava 33,6% da capacidade total. A reserva de Santa Maria estava com 39,96%. ;Ainda não sabemos se vai chover dentro da média esperada ou se a haverá estiagem;, alerta Maria das Dores. A chuva esperada para os próximos meses é de 200mm. No ano passado, por exemplo, esse índice foi ainda menor.

Para preservar a saúde
Saiba como driblar a seca e aumentar o bem-estar:

- Aumentar a ingestão diária de líquidos e beber, pelo menos, dois litros de água por dia.

- Evitar os banhos prolongados com água quente, bem como o uso excessivo de sabonete para não ressecar a pele.

- Evitar manter ligado, por muitas horas, aparelhos de ar-condicionado

- Colocar toalhas molhadas e bacias com água nos quartos e usar umidificadores de ar.

- Escolher roupas leves, como camisetas e shorts, se possível, de algodão.

- Evitar exercícios físicos no período entre as 10h as 17h.

- Usar cremes hidratantes e protetor solar em abundância.

- As crianças e os idosos, suscetíveis a problemas respiratórios, exigem atenção redobrada.

Fonte: Defesa Civil

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