Irlam Rocha Lima
postado em 24/08/2017 06:00
A reafirmação da cultura caipira em Brasília é o foco principal do Encontro de Violeiros do Distrito Federal, que chega à 17; edição com uma série de eventos de hoje a domingo, na Casa do Cantador, em Ceilândia. Além da apresentação de violeiros e duplas de cantadores, estão programados lançamento de livro, palestra, exposição de instrumentos musicais e de antigos discos de vinil.
;Essa manifestação já existia no DF antes mesmo da construção da capital. O que pretendemos com o encontro é preservar e dar maior visibilidade a essa cultura, buscando chegar também às novas gerações;, afirma Volmi Batista, o presidente do Clube do Violeiro Caipira, idealizador e diretor do encontro. ;Pretendemos ainda criar um espaço de reflexão sobre a cultura popular brasileira;, acrescenta.
Para hoje, na abertura, às 20h, estão programadas as apresentações dos violeiros Jacarandá e Braúna, lançamento do livro Dossiê As Galvão ; 70 anos de estrada, da dupla Zé Mulato & Cassiano e das Imãs Galvão. Quem for ao local pode apreciar também a exposição Elementos da Música Caipira.
Zé Mulato que, ao lado do irmão Cassiano, conquistou recentemente, pela quarta vez, o Prêmio da Música Brasileira, pelo CD Bem humorados, em solenidade no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, é um entusiasta do encontro. ;Participamos dessa festa de características interioranas desde a primeira edição. As 15 primeiras ocorreram em Brazlândia, mas desde o ano passado temos ocupado a Casa do Cantador, em Ceilândia;.
Para ele, o encontro possibilita, entre outras coisas, a confraternização e a troca de experiência ;entre nós, gente mais traquejada, e os violeiros que estão chegando agora na labuta;. O cantador entende que a viola caipira é o instrumento mais representativo da história da música sertaneja. ;Faz parte da tradição e precisa ser preservada;, complementa.
Expoente
Mineiro de Campina Verde, radicado em Brasília desde 1975, e professor da Escola de Música há 32 anos, Roberto Correa é um expoente da viola caipira. Com 19 discos e três livros lançados ; todos voltados para o tema ; ele tem o trabalho reconhecido nacionalmente e levou o som do seu instrumento a 29 países de cinco continentes.
Na palestra que faz hoje, na Casa do Cantador, vai se deter na tese de doutorado, que defendeu na Unicamp, em 2014. ;O título da tese é Viola caipira: Das práticas populares a escritura da arte. ;Nesse estudo, que vai ser lançado em breve, o tema central é o avivamento da viola no Brasil, desde a década de 1960, e as novas perspectivas para a sua evolução;, anuncia. ;Na conversa com os violeiros, vou colocá-los a par das reflexões atuais sobre o instrumento nos tempos modernos;, antecipa.
Outras atrações da abertura do encontro, as irmãs Mary e Marilene Galvão vão participar ativamente da programação. Hoje, lançam o livro, com 210 áginas, que conta a história dos 70 anos de carreira da dupla, escrito por Maikel Monteiro e, em seguida, fazem um show no qual interpretam seus maiores sucessos. ;Não podem faltar Beijinho doce (Nhô Pai), No calor dos teus braços (Miceus Drumond e Cecílio Neno), Pedacinho (Carlos Randal), Colcha de retalhos (Raul Tona) e Coração laçador ; O boi (Carlos Buby). Quem vai nos acompanhar é o violeiro, violonista e maestro Mário Campanha, que é o meu marido);, destaca Mary Galvão.
Além do livro, as irmãs paulistas vão celebrar a data com o lançamento de um documentário e um DVD. ;Ao longo da carreira, lançamos 86 discos, com mais de 300 músicas gravadas e temos mais de 11 milhões de cópias vendidas;, comemora. ;Já cantamos para sete gerações e isso é uma prova de que a moda de viola está vivíssima, como comprova esse encontro na capital do país, reunindo violeiros de várias partes do Brasil;, observa Mary.
Entre outras atrações da programação dos próximos dias estão o compositor, violeiro e cantador mineiro Aparício Ribeiro, o ator e cantador Jackson Antunes, que fazem show amanhã; a cantora e violeira brasiliense Karen Pereira, a dupla goiana Galvan e Galvãozinho, que se apresentam no sábado. No encerramento, domingo, o destaque é a dupla mato-grossense Mayk & Lyan, que chama a atenção pelas belas vozes em dueto. Em 10 anos de carreira, os irmãos já lançaram quatro CDs e dois DVDs e venderam mais de 300 mil cópias. A maioria das músicas gravadas por eles são autorais, mas eles fazem sucesso interpretando Sangue novo (Zé Mulato & Cassiano) e Trem bala (Ana Villela).
17; Encontro de Violeiros do Distrito Federal
De hoje a domingo, na Casa do Cantador (Quadra 32 AE Ceilândia Sul). Entrada franca. Classificação indicativa livre.
Programação
Hoje
; Abertura da exposição Elementos da Música Caipira, às 19h; apresentação dos violeiros Jacarandá e Braúna, às 20h; lançamento do livro Dossiê As Galvão ; 70 anos de estrada, às 21h; show de Zé Mulato & Cassiano, às 21h30; e show das Irmãs Galvão, às 22h30.
Amanhã
; Palestra do violeiro, cantor e compositor Roberto Correa tendo como tema Viola caipira: Das práticas populares a escritura da arte, às 19h; apresentação dos violeiros Vanderley e Valtecy, Ânderes e Fernandes e da dupla Volmi Batista e Aparício Ribeiro e dos cantadores Reinaldo Cordeiro e Jackson Antunes, a partir das 20h.
Sábado
; Apresentação da cantora e violeira Karwn Pereira e dos violeiros Dyego e Gustavo, Maike Rener e Valter Neto, Idelbrando e Barcellus, Paulo Cruz e Zé Eduardo, Galvan e Galvãozinho e o grupo de catira Os Considerados, a partir das 20h.
Domingo
; Almoço com viola e o primeiro concurso de violeiros amadores, às 12h; apresentação dos violeiros Moisés Mozer e Luiz Borges, Sinval Gomes e Diamantino, Macedo e Mariano, Ênio Lima e Gustavo Neto e Thiago Henrique, às 15h; show de encerramento com a dupla Mayk e Lyan, às 18h.