Cidades

Ex-alunos preparam festa para relembrar os bons tempos do colégio Laser

Um pré-encontro ocorreu no início de julho, em um bar da cidade, para poder medir quantidade de pessoas interessadas em relembrar o período de escola

Júlia Campos - Especial para o Correio
postado em 25/08/2017 06:00
No último 2 de julho, ex-alunos e funcionários promoveram um pré-encontro para recordar os bons momentos
Os tempos da escola são uma época que marca a vida das pessoas e faz memórias. Momentos de muito aprendizado, mas também tempo de fazer amizades, conhecer gente e ser conhecido, formar laços e viver histórias. Entre as décadas de 1970 e 1980, Brasília acolheu o sonho de um jovem carioca de 27 anos, Jaime Zveiter. Fundador, em 1970, do Laser Vestibulares (906 Sul), ele deu início a uma época cheia de histórias entrelaçadas. No ano seguinte, o Laser também virou colégio (902 Sul) e definiu a infância e adolescência de algumas gerações de estudantes brasilienses, desde o maternal ao Ensino Médio. Mas, por motivos financeiros, o estabelecimento de ensino fechou ao fim de 1986. Mas a relação fraterna entre alunos, professores e familiares permaneceu de certa forma. E é com esse desejo de celebrar a amizade, em 2 de setembro, cerca de 120 ex-alunos e ex-funcionários vão se reunir em uma festa para celebrar os momentos vividos há mais de 30 anos.
Com a facilidade das redes sociais, o vínculo que estava disperso com o tempo pode ser retomado. Hoje, o grupo no WhatsApp possui mais de 140 pessoas e é intitulado de Tribo Laser. ;Não é uma turma, são várias. A maioria é de pessoas que se formaram em 1984, mas tem gente de todas as idades. Esse que é o legal. É uma galera que só quer matar a saudade e reviver os bons momentos de anos atrás. E, por isso, somos uma tribo;, explica um dos principais organizadores do evento, Nelson Pontes, 54. Para manter a boa convivência em tempos de intolerância, há regras dentro do grupo. É proibido falar de política, futebol e religião. ;Mandamos imagens de Brasília, relembramos as propagandas da época ; É um grande besteirol, mas com qualidade;, detalha. Segundo ele, a média de mensagens diárias, chega a 850.

Um pré-encontro ocorreu no início de julho, em um bar da cidade, para poder medir quantidade de pessoas interessadas em relembrar o período de escola. Mais de 70 pessoas compareceram. Daí partiu a certeza de que o sentimento de coletivo não havia mudado. ;Nós tínhamos uma amizade muito natural. Os alunos eram extremamente harmoniosos. Não existia preconceito e prepotência. E isso não mudou, parecia que estávamos como há 30 anos;, conta.
Recordação dos professores do Colégio Laser em uma propaganda publicada  em 1973 e ida a Bertioga, em São Paulo. A escola oferecia uma viagem para  a equipe que ganhasse a tradicional gincana


Convivência

E não foram só alunos que ficaram entusiasmados com a ideia de reunir todos novamente. ;Foi a melhor escola em que eu trabalhei, umas das mais perfeitas. Tinha características que são difíceis de ver nas instituições de hoje. A relação dos professores, alunos e famílias era muito respeitosa;, recorda o ex-professor de química Rubens Gonçalves, 68.

Ele relembra que o Laser o trouxe de Minas Gerais para trabalhar na capital do país, e acredita que foi uma das melhores escolhas que fez. Os anos se passaram, mas o sentimento construído não teve modificação. ;Acho que vai ser muito bom poder rever todos. Era uma convivência muito gostosa e tenho muito carinho por tudo que vivi lá. Estou muito satisfeito em ter sido convidado para essa festa, será ótimo;. O evento é de tal importância, que pessoas que moram em outros estados e países se programaram para fazer parte do momento de convivência.

O grande encontro iria ocorrer na casa de uma das ex-estudantes. Mas, ao saber desse desejo em massa, o próprio dono da escola, Jaime Zveiter, hoje com 75 anos, ofereceu, prontamente, a sua casa. ;Será uma alegria grande receber alunos e professores. Foi uma escola querida na cidade. Os alunos guardam ótimas lembranças. Havia um entrosamento muito bom entre todas as turmas, não importava a idade. Os mais velhos tinham um carinho muito grande pelos pequenos. Era um ambiente extremamente familiar, com um entrosamento surreal;, detalha.

Jaime admite que, em algumas noites, sonha que reabre a instituição. Mesmo tendo a consciência de que isso não será possível, ele sabe que marcou a vida de muita gente. ;Tenho certeza de que o diferencial foi o trabalho de todos. Nós sempre nos preocupamos com a formação do ser humano. No dia do encerramento na escola, vimos que tínhamos feito um serviço de excelência. Não só em nível educacional. Todos choravam. Foi um trabalho reconfortante.;
;Mássimo era um menino naquela época. Ele trabalhava bastante e fazia o jornalzinho que tínhamos na escola, já mostrava o talento para a profissão. Era atuante, um garoto de opinião e muito querido pelos colegas. É uma pena que tenha morrido cedo, tenho boas recordações dele;, relembra Jaime Zveiter.
Foto antiga de alunos do colégio Laser


Homenagem a Mássimo Manzolillo

Durante o reecontro, será sorteado o livro de uma das figuras mais marcantes para o Laser, Mássimo Manzolillo. Anos depois de formado na escola, se tornou um dos melhores jornalistas de Brasília, com destaque no Correio Braziliense. Há quase 11 anos, o jornalista e cronista refinado não resistiu a um câncer no estômago e morreu, precocemente, aos 43 anos. Ele é lembrado por todos com apreço inigualável.

;Era um laseriano de sangue. Tenho até uma foto minha e dele quando éramos jovens. Um amigo eterno de todos, além de comunicativo, era boa pinta e fazia sucesso com a mulherada;, brinca Nelson. O livro com textos de Mássimo foi um presente de amigos na época em que estava internado. Eles reuniram as crônicas que escrevia e publicaram a obra que trouxe um belo trocadilho no título O Mínimo do Máximo.

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