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Cidades

Brasília se torna a terceira maior capital do país, com 3 mi de habitantes

A cidade se consolida entre as maiores do país, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Crescimento populacional impõe desafios para os próximos anos


Brasília apresentou um crescimento vigoroso. Entre as capitais, a cidade teve o segundo maior: 2,09%. Perdendo apenas para Palmas, que registrou 2,48%. Somos a terceira maior capital do Brasil, atrás de São Paulo (12.106.920) e do Rio de Janeiro (6.520.266). A marca é emblemática. Ultrapassamos Salvador e somamos mais habitantes que a capital baiana (leia Os destaques da capital).

Diferentemente de outras capitais, o DF está expandindo internamente, explica o técnico do IBGE responsável pela pesquisa, Marcio Minamiguchi. ;As outras cidades não têm áreas disponíveis. Brasília ganha mais população do que perde. Ou seja, a soma dos nascimentos, dos migrantes, das mortes e do êxodo é positiva para o crescimento populacional;, detalha.

O crescimento da cidade é acelerado, mas, ainda assim, está dentro do esperado pelos especialistas. Brasília deu sinais de que sua população estava aumentando já no começo da década de 1980, quando o IBGE registrou o primeiro milhão de habitantes. Mais de 20 anos depois, o segundo milhão estava completo, no ano 2000. Levaram outros 16 anos para a cidade contabilizar o terceiro milhão (veja Linha do tempo).

;Essa é uma marca histórica para a cidade, da mesma forma que ocorreu quando o Rio de Janeiro passou de seis milhões de habitantes e São Paulo, de 10 milhões de habitantes. Esse é um momento em que os gestores públicos têm que refletir sobre o planejamento e o funcionamento da cidade. Estabelecer as principais demandas e quais os serviços precisam de investimentos. Com recursos escassos, é preciso conhecer a sua população para melhorar o uso do dinheiro;, avalia Minamiguchi.

A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que, em 2030, a capital federal tenha 3.773.409 habitantes. Mas quais são os atrativos do DF? Por que ele é endereço de pouso para tanta gente? Os especialistas elencam a renda per capita alta, a qualidade de vida e o acesso a serviços públicos como os principais fatores. ;Aumento populacional é intimamente ligado a economia e a questões sociais;, destaca o professor da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Rosa, especialista em evolução e histórico de Brasília.

Raízes


Buscando ascensão econômica, assim como explica o professor Frederico, os pais da publicitária Fernanda Sterquino, 23, deixaram Minas Gerais e ancoraram em Brasília há 24 anos. Ela é a primeira integrante da família a nascer aqui e fincou raízes. Miguel, 7 meses, faz parte desta geração: nasceu em fevereiro. O leitor conhece a história de Fernanda. Ela foi personagem de uma reportagem sobre aumento populacional na edição de 1; de janeiro de 2017, anunciado como o ano do bebê 3 milhões. À época, ainda estava grávida. Ontem, foi a primeira vez que Miguel desceu para o pilotis. ;Lembrei de mim quando era criança;, conta a moradora da 203 Sul.

Fernanda sonha com uma cidade melhor para Miguel viver. ;Amo viver em Brasília, mas quero uma cidade mais segura para o Miguel. Dessa forma, ele poderá aproveitar os espaços públicos da cidade e os traços que seus moradores preservaram, como descer para o pilotis;, destaca. Ele pretende ter mais filhos. ;Lá pelos 28 anos, planejo o próximo bebê, talvez me liguem para contar se ele fará parte da geração quatro milhões;, brinca.

Futuro exige planejamento

Os especialistas em urbanismo acreditam que ainda há espaço para a cidade crescer, mas destacam a necessidade de planejamento. O especialista em evolução e histórico de Brasília Frederico Rosa explica que ainda existem muitos espaços vagos e que a verticalização dos empreendimentos favorece o inchaço populacional. ;Há muito espaço para urbanizar, diferentemente de Fortaleza e de Recife, que são completamente ocupadas;, avalia Rosa, que é professor da Universidade de Brasília (UnB).

Antônio Carlos Cabral Carpintero, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, alerta para a necessidade de se planejar o futuro da cidade. Para ele, as diferenças socioeconômicas entre o Entorno e o DF, por exemplo, precisam ser atenuadas. ;Criou-se uma polarização, e isso não era o pensado. O governo tem que se organizar para encarar essa nova realidade. Caso o crescimento continue ocorrendo sem nenhum tipo de controle, haverá uma imensidão de cidade, mas muito pobre e sem serviços básicos;, avalia.

A diretora de Estudos e Políticas Sociais da Companhia de Planejamento (Codeplan), Ana Maria Nogales, alerta para outro aspecto do morador do DF: a população está cada vez mais velha. ;Não estamos no momento da explosão demográfica;, ressalta. Ela explica que o governo precisa se balizar pela estatística do IBGE para traçar políticas públicas de saúde, mobilidade, emprego e segurança. ;Dados mais recentes mostram uma queda de migração, mas temos uma região metropolitana grande e não podemos esquecer disso. Vamos ter um aumento de demanda por serviços públicos.; (OA)

Destaques


Veja a comparação de Brasília com outras capitais na pesquisa do IBGE

Teve o segundo maior crescimento entre as capitais: 2,09%.
Perde apenas para Palmas, que registrou 2,48%.

Brasília é a 3; maior capital do Brasil, atrás de São Paulo (12.106.920) e Rio de Janeiro (6.520.266).

Atualmente, são 3.039.444 habitantes.
A cidade ultrapassou Salvador, que tem 2.953.986 moradores.

O DF tem mais moradores que sete estados:
Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.

A previsão é de que, em 2030, o DF tenha 3.773.409 habitantes.