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Mergulhadores retiram lixo submerso no Lago Paranoá

O evento, realizado pela Adasa para promover a limpeza e a proteção do lago, conta com o apoio de dezenas de mergulhadores que, voluntariamente, descem às profundezas do lago para recolher aquilo que os visitantes despejam

Agência Brasília
postado em 16/09/2017 15:44
O evento, realizado pela Adasa para promover a limpeza e a proteção do lago, conta com o apoio de dezenas de mergulhadores que, voluntariamente, descem às profundezas do lago para recolher aquilo que os visitantes despejam
Cerca de 2 toneladas de lixo devem ser retiradas do Lago Paranoá, em Brasília, como resultado da Semana Lago Limpo 2017, que termina neste sábado (16). O evento, realizado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) para promover a limpeza e a proteção do lago, conta com o apoio de dezenas de mergulhadores que, voluntariamente, descem às profundezas do lago para recolher aquilo que os visitantes despejam.

;O que a gente vê muito é muito lixo jogado mesmo pelas pessoas, uma total falta de consciência;, critica o mergulhador Guilherme Aguiar. Para limpar o ambiente, os mergulhadores descem com sacos plásticos, parecidos com sacos de feiras, e ficam várias horas submersos por dia. Na opinião de Guilherme, é importante mostrar ;que o que elas jogam dentro da água, a partir das lanchas e até dos restaurantes, fica ali guardado, no fundo do lago, por muito tempo, poluindo tudo;. Latinhas de cervejas, garrafas e copo de plástico são alguns dos objetos mais encontrados. ;São coisas que as pessoas usam na hora da diversão, mas essa diversão vira um problema para um ambiente;, alerta o mergulhador.

Esta é a sétima edição da semana. Na primeira, cerca de 8 toneladas de lixo foram recolhidas. Na última, em 2016, foram duas. A redução, na opinião do presidente da Adasa, Paulo Salles, é fruto do trabalho que vem sendo desenvolvido pelos órgãos públicos, bem como por mudanças no comportamento da população. ;As pessoas estão ficando cada vez mais conscientes de que não devem jogar dejetos no lago;, disse, acrescentando que diversas ações de conscientização ambiental, como palestras e peças infantis, compuseram a programação do evento.

Salles comemora o fato do lago, hoje, ser utilizado pelos mergulhadores e pela população, em geral, que busca se refrescar nas águas do Paranoá, especialmente nos meses secos da capital federal, como stembro. Ele lembra que, no fim da década de 1970, a situação era completamente diferente. ;O lago viveu um momento trágico;, diz. À época, o lago estava extremamente poluído, como resultado do recebimento de lixo e até de esgoto. A morte de muitos peixes e o odor que exalava chamaram a atenção da população e das autoridades, que então iniciaram o processo de despoluição do Paranoá.

Hoje, a maior parte das águas é balneável, mas algumas áreas são consideradas impróprias. No site da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal, a Caesb. Para que essa área continue limpa, a Caesb executa um programa contínuo e sistemático de observação e avaliação das características do lago. A Adasa também promove fiscalização em busca de possíveis infrações. Ao longo da semana, técnicos do órgão e militares da Polícia Militar e da Marinha também atuaram na fiscalização, em busca de captações irregulares de água e lançamentos de esgoto no lago. O balanço das ações ainda será feito e apresentado à sociedade.

Preocupação com a água


Acreditando na importância da conscientização ambiental, a estudante Meiriele Melo, de 33 anos, sempre leva os dois filhos para as atividades da Semana Lago Limpo. A participação começou com Rafaele, de 9 anos, e, depois do nascimento de Vitor, hoje com 5 anos, a turma aumentou. ;Costumo vir todos os anos, para eles participarem, terem consciência sobre não jogar lixo, economizar água;.

Brasília - Esta é a sétima edição da semana Lago Limpo. Na primeira, cerca de 8 toneladas de lixo foram recolhidas. Na última, em 2016, foram 2 toneladas.José Cruz/Agência Brasil
A preocupação, que Meiriele diz ser estimulada também na escola dos filhos, cresceu com o início do racionamento de água no Distrito Federal. Embora a moradora da cidade de Sobradinho não seja atingida diretamente pelo contingenciamento, ela considera que a situação mostrou a necessidade de se repensar o consumo de água, adotando novos hábitos.

Na própria infância, segundo ela, a preocupação sobre o tema não existia. ;Preocupação zero, na verdade. Há trinta anos, a gente não tinha esse problema de água aqui, agora é um risco grande;, disse, enquanto, à beira do lado, as crianças brincavam enfeitando estojos feitos de garrafinhas de plástico e aguardavam a apresentação de um grupo de teatro infantil.

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