A manhã deste domingo (17/9) foi colorido por ações voluntárias na capital federal. Mesmo em dia de folga, um salão de beleza, na Asa Sul, promoveu um dia de descontos em serviços de beleza, e toda a arrecadação será convertida para a confecção de perucas para mulheres com câncer. Já no Parque da Cidade, um grupo de amigos decidiu fazer uma campanha para arrecadar roupas e brinquedos para uma instituição de caridade.
O projeto Perucas do Bem teve início há seis anos, quando a dona do salão Roberta Andrade, 38 anos, perdeu a mãe para uma batalha contra o câncer. Desde então, a proprietária do lugar realiza ações sociais para que as clientes possam cortar e doar o cabelo. Nesta manhã, a ideia era de que todos os serviços tivessem descontos nos preços, e o dinheiro arrecadado servisse para a confecção das "telas", usadas nas perucas. ;Quando ela morreu, fui doar duas perucas que eu tinha feito pra ela. E quando cheguei no hospital, havia oito mulheres, mas só duas perucas. E elas choraram bastante, porque queriam muito. E eu pensei que tinha que fazer algo, até porque nós (cabeleireiros) jogamos cabelo fora o dia inteiro;, contou Roberta.
Apesar de ela ter dado início ao projeto, hoje, a proprietária do salão conta com a ajuda de muitos amigos para que o evento funcione. Neste dia, o trabalho é voluntário, e muitos outros cabeleireiros se unem para ajudar com os cortes. Quem não tem experiência, ajuda com o que pode: distribuindo senhas, atendendo clientes. Todo trabalho é bem-vindo. O consultor de beleza Alírio Lima dos Santos, 40 anos, trouxe a ajuda dentro de uma caixa: foram 178 mechas de cabelo que ele arrecadou no próprio salão. "Isso incentiva muita gente a doar. Muitos já têm vontade de doar, mas esse é um incentivo e tanto", comentou o profissional.
E o projeto não atinge apenas os profissionais da área ou as mulheres que irão receber o presente, mas também aqueles que vieram doar o que tem. Como é o caso da aposentada Isabel Menck, 56 anos. Ao ser questionada sobre a ação, Isabel mostrou o braço arrepiado e os olhos ficaram marejados de emoção. Ela contou que já acompanhou a amiga Roberta no momento em que as perucas são entregues. "É extremamente emocionante, a gente sabe que é uma coisa do bem. Para pessoas que precisam, e que não têm essa chance de outra forma", comentou. A estimativa é que ela já participe há, pelo menos, dois anos, sempre ajudando no que pode. Desta vez, ela fez a sobrancelha, corte de cabelo, manicure e pedicure e até varreu o chão. "A gente vai olhando e tentando colaborar com alguma coisa", disse.
Já a publicitária Zalife Soares, 35 anos, começou a frequentar o salão há alguns anos e também se apaixou pelo evento. Dessa vez, ela não conseguiu doar o cabelo, mas já contou que está esperando ele crescer para uma próxima ação. Para ajudar, ela fez hidratação nas mechas, corte, escova, depilação, sobrancelha e manicure. "A ação é maravilhosa. Eu divulgo mesmo, falo pra todo mundo. Porque é um bem-estar muito grande para essas pessoas que estão precisando. Até para a auto-estima", comentou.
Outra ação
A poucos quilômetros de distância, outra ação social chamava a atenção no Parque da Cidade. A equipe do Piquenique Encontro Comunitário (PEC) decidiram se reunir e arrecadar brinquedos para doar para crianças. O projeto já acontece há cinco anos e, em cada edição, eles escolhem um lugar diferente para contemplar. Desta vez, 220 crianças do Instituto Social Embalando Sonhos, que atua na expansão de Samambaia, serão benefiadas com o evento.
Para a idealizadora do PEC, Cléo Almeida, 45 anos, o evento desta manhã superou as expectativas. Pela primeira vez, os 63 voluntários do programa decidiram não apenas ir até as crianças, mas também trazê-las até o encontro. Assim, 43 delas foram fazer a festa no estacionamento 10 do Parque. Eles cantaram "parabéns" para os aniversariantes do mês, comeram bolo e algodão-doce. ;A gente arrecadou muito brinquedo, que a gente vai doar dia 12 de outubro. Recolhemos bola, livros, brinquedos. O resultado foi maravilhoso. As crianças ficaram muito felizes;, contou. Agora, os brinquedos são levados para o instituto, onde serão divididos por idade antes de serem entregues.
A ideia do PEC é unir pessoas que se conheceram por meio de outros trabalhos voluntários no Distrito Federal. A servidora pública Sandra Martins já acompanha o trabalho desde o início, quando a maioria se conheceu em um trabalho na Copa das Confederações, sediada no Brasil. "Toda a vez que você puder doar seu tempo, seu conhecimento, é sempre muito bom. Nós somos um grupo de doação", afirmou.